segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Entrevista sobre segurança do paciente com Márcia Peltier e Alfredo Guarischi

Mensagem da Presidência da SBC sobre Selos de Aprovação

Prezados colegas cardiologistas,

Ao assumir a postura de suspender a concessão de selos de certificação pelas sociedades de especialidades no país, o Conselho Federal de Medicina (CFM) exerceu, ao nosso ver, o seu papel visando dessa forma poder avaliar todo o processo que vinha em curso e a partir daí estabelecer critérios éticos rigorosos que normatizasse esta ação, contemplando as sociedades de especialidades que já utilizavam estes critérios e permitisse às outras um enquadramento dentro das novas diretrizes a serem estabelecidas pelo CFM.

A Sociedade Brasileira de Cardiologia, recentemente citada pela imprensa como uma das sociedades que historicamente certifica produtos - ação desenvolvida pela Diretoria de Promoção de Saúde Cardiovascular - tendo por objetivo orientar a população quanto a utilização de alimentos com reduzido teor de sódio, isento de gordura e menor valor calórico por porção, como parte do seu programa de prevenção de Doença Cardiovascular, embora respeite a posição do CFM, não se sentiu em nenhum momento atingida pela decisão do seu órgão maior.

Isso se deve ao fato de que, ao se propor estabelecer esta certificação, a SBC o faz através dos mais rigorosos princípios da ética e responsabilidade profissional que tem sido os fatores que colocam a nossa sociedade no patamar de respeitabilidade nacional e internacional que ora desfruta.

Ao tomar conhecimento da decisão do Conselho Federal de Medicina sobre o assunto em epígrafe, mantivemos de imediato contato com o presidente do CFM, Dr. Roberto D’Avila, dando ciência do formato de concessão do selo e quais eram os objetivos dessa ação. Posto isso, o presidente nos assegurou que estaria revendo o processo e que certamente a Câmara Técnica do CFM estaria concedendo exceção na sua decisão para sociedades de especialidades como a SBC que exercem esta atividade sem objetivos comerciais, mas sim de promoção da saúde cardiovascular populacional, pautada nos princípios éticos e científicos mais relevantes.

A concessão da certificação do Selo na SBC é realizada após rigorosa avaliação técnica do produto a ser certificado e, para isso, a SBC conta com um comitê formado por médicos, nutricionistas e com o apoio de laboratórios referendados pela ANVISA, que procedem análise técnica dos produtos para os quais são solicitados certificação.

A Sociedade Brasileira de Cardiologia enviou à Câmara Técnica do CFM um tratado completo descrevendo todas as etapas do processo de certificação, as características dos produtos certificados, o formato do comitê de certificação, a relação dos laboratórios de apoio, quais os objetivos finais da concessão do Selo e o seu benefício à população.

É nossa expectativa que o Conselho Federal de Medicina não só aprove a concessão da certificação pela SBC e também possa considerar a nossa estrutura como modelo para as demais sociedades de especialidade.

O Selo de Aprovação SBC integra o Programa de Prevenção e Promoção da Saúde Cardiovascular da População Brasileira e será mantido!

Sociedade Brasileira de Cardiologia

Qual o limite ético entre médico e indústria farmacêutica?

Entrevista com Antonio Brito, diretor executivo da Interfarma

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Entrevista de Sami El Jundi para a Rádio Guaíba sobre o acordo da SBC com a Interfarma


Editorial da Folha de SP cobre o acordo entre CFM e Indústria Farmacêutica

É lamentável que o Conselho Federal de Medicina não tenha encontrado força para implementar medidas que reduziriam a promiscuidade entre os profissionais da saúde e a indústria farmacêutica.

Em 2010, CFM e AMB (Associação Médica Brasileira) costuravam com a Interfarma (Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa) um acordo para disciplinar as relações entre médicos e laboratórios. O presidente do CFM, Roberto D'Ávila, anunciava, então, que o patrocínio a viagens seria vetado.

Se não o fosse pela via do compromisso, seria por resolução do conselho, assegurava. Nesta semana, ao assinar um pacto que traz regulamentação bem mais branda, D'Ávila se lamentou: "Foi o máximo que conseguimos fazer".

A resistência da indústria ao veto a viagens tem dois motivos principais. Em primeiro lugar, boa parte dos congressos médicos e eventos científicos realizados no Brasil e no exterior depende do apoio financeiro dos laboratórios. Talvez seja um exagero afirmar que não aconteceriam sem o patrocínio, mas é inegável que se dariam em condições mais modestas.

Em segundo lugar, a maioria dos médicos assegura que não se deixa influenciar por brindes em suas decisões clínicas. Aceitar presentes em nada prejudicaria os pacientes.

Nenhum profissional sério, claro, arriscaria seu cliente e sua reputação por alguns dias num hotel de praia. O problema, como todo publicitário sabe, é que a propaganda atua também por vias das quais não tomamos consciência. Se assim não fosse, o marketing direto não funcionaria tão bem quanto parece funcionar.

Num estudo clássico de 2000 no "JAMA" (periódico da Associação Médica Americana), Ashley Wazana concluiu que a distribuição de brindes, amostras grátis e subvenções para viagens têm efeito sobre as atitudes dos médicos. Pagar uma viagem para um médico aumentaria entre 4,5 e 10 vezes a probabilidade de receitar as drogas da patrocinadora.

Nos EUA, os laboratórios dedicam ao marketing cerca de 25% de seus orçamentos, contra menos de 15% destinados à pesquisa.

Isso não significa que todo relacionamento entre indústria e médicos seja espúrio. Há situações em que os interesses da indústria e da sociedade convergem. É o caso do desenvolvimento de novas drogas e o monitoramento das existentes.

Como as ênfases e lealdades são diferentes, no entanto, é importante criar mecanismos que tornem as relações mais transparentes. É o que o CFM vem encontrando dificuldade para fazer. Publicado em 16/02/2012


Neste outro texto publicado em A Gazeta, além da interpretação, a meu ver equivocada, de que o que dá errado na relação entre médicos e indústria é sacanagem consciente na maior parte das vezes, o autor alerta para um risco importante da negligência das entidades médicas: regularão externamente por nós, o que pode trazer fortes pontos negativos. "É preciso repreender tais corrupções penalmente no Brasil, pois os médicos falharam com sua entidade de classe. Resta ao Congresso Nacional criminalizar as condutas doravante liberadas no CFM", escreveu o autor, fomentando um maldito ciclo vicio que somente aumenta a cortina de fumaça sobre o problema.

Escreveu ainda sobre o resultado do acordo: "Uma espécie de orgasmo proibido - sem dizer o que fazer se ocorrer o acidente do prazer".

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

E depois da SBC ser co-signatária do acordo com o CFM e a indústria, selos de aprovação médica em produtos podem voltar a valer

Não posso virar as costas para sociedades sérias, como as de pediatria e cardiologia, que têm um histórico de trabalho para prevenção de doenças. Não posso simplesmente dizer que está proibido e não há mais conversa" - Roberto D'Ávila, CFM.

A SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia) tem seu selo de aprovação em 35 produtos, como margarinas, óleos vegetais, sanduíches prontos, monitores cardíacos, grelhas elétricas, sucos, salada de frutas, entre outros. O cardiologista presidente da entidade afirma que enviou ao CFM documentos mostrando como são os procedimentos de concessão de selos. "A expectativa é que esse projeto de certificação seja modelo para o conselho [de medicina]."

Segundo o coordenador de fiscalização do CFM, Emmanuel Fortes Cavalcanti, uma reunião marcada para hoje vai discutir a questão dos selos, entre outros pontos. "Poderão ser abertas exceções. De repente, tomamos uma medida draconiana demais."

Fonte: Folha de São Paulo

 

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Assinado acordo em CFM e Interfarma - Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa

Veja no portal Saúde Web.

Na minha modesta opinião, ignoram o real significado de Conflitos de Interesse e o limite do livre arbítrio.... É o mesmo que escrever recomendação na política dizendo que não pode corrupção, com quase ou nenhuma regulação...

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Sociedade de cardiologia aprova até hambúrguer

A visão que prevaleceu foi a mesma de quem está com a gravata na comparação abaixo:



CFM RECUOU - VERSÃO ORIGINAL ERA MAIS REGULADORA (hoje na Folha de São Paulo)

Em 2010, o CFM anunciou que "a restrição a viagens é um caminho sem volta. Se não houver acordo com a indústria, ela virá em forma de resolução". Por que a mudança de postura, se somos assim tão racionais? 

Da forma como foi feito, quase que apenas reforçando princípios éticos e traduzindo a ideia de que estarão de olho em quem não respeitar, APENAS AUMENTAR-SE-Á A CORTINA DE FUMAÇA SOBRE O TEMA...

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

MH no Brasil: o sucesso do movimento depende agora do surgimento de lideranças atuantes entre verdadeiros hospitalistas

Definitivamente já existem hospitalistas no Brasil. Sem adaptações. Tal como idealizados por Wachter e pelo movimento que dei início de forma organizada há cerca de 8 anos. Pois chegou a hora destas pessoas assumirem o protagonismo que lhes cabe...

Organizamos a primeira diretoria da SOBRAMH sem a maioria ser hospitalista (longe disto...). Na atual diretoria, o panorama se repetiu. Atualmente, por circunstâncias, atuo na linha de frente como intensivista (e não como hospitalista), e como médico executivo em departamento de qualidade de importante hospital público, além de prestar assessoramento e consultoria para implantação de equipes de hospitalistas.

É fundamental que hospitalistas de verdade ganhem força. Dos inúmeros colegas norte-americanos que eu já trouxe ao Brasil para promover o modelo, todos usam e utilizam estetoscópios, algo bastante diferente do tipo de hospitalista que vem sendo pensado por gestores brasileiros. É consenso entre as pessoas com quem discuto no grupo da Pan American Society of Hospitalists que estimular lideranças entre médicos hospitalistas (ou se necessário capacitá-los para tal e lançá-los como protagonistas) é fundamental para o movimento, e importante também para quem quer explorá-lo prestando todo tipo possível de assessoramento e consultoria na área, específico ou em atividades afins como qualidade e segurança, ou para quem atuar na área de recursos humanos, contratando profissionais e intermediando relacões entre médicos, hospitais e planos de saúde. Será essencial para todo e qualquer stakeholder deste movimento no Brasil que existam hospitalistas fortes e devidamente representados.

Ao acompanhar de perto, como nenhum outro brasileiro, o movimento orquestrado pela Society of Hospital Medicine, foi isto que nos EUA encontrei: um movimento de médicos que usam e utilizam estetoscópios! Alguns deles mais dedicados a funções como coordenação de departamentos, de comissões, ou liderança de grupos (sendo então escolhidos diretamente pelos seus pares). Gestores puros? Os buscam como parceiros.

Recentemente, conversei com um amigo sobre isto. "Mas não existe vácuo, sabes que promover o movimento assim pode representar a substituição de alguns visionários ou pioneiros por novos integrantes", disse ele. E é justamente isto! Para ser feito de maneira organizada. Mas tenho convicção de que é para o bem de todos. Criamos uma associação com características distintas da maioria das outras associações médicas, onde há uma interface com gestão e business incomum. "Sendo assim, tu poderias perder espaço hoje", retrucou ele. É verdade, assim como poderia ganhar outros. E se mantendo os caminhos livres, bastaria as pessoas decidirem por qual trilhar, podendo mudar de rumo a qualquer momento.

Sempre defendi que algumas duplas militâncias devem ser evitadas, e não será agora que farei diferente. É pouco compatível ser do CRM e sindicalista, bem como sindicalista e diretor de plano de saúde, bem como empregador e representante de profissionais da linha de frente ao mesmo tempo. Ou eu, pelo menos, não saberia ser. Gostamos de acreditar que somos donos absolutos de nossas decisões e que as baseamos inteiramento por princípios internos, o que pouco acontece. Difícil alguém ser capaz de representar por completo os interesses de todos os agentes econômicos envolvidos, bem como a verdade jamais estará com um ou outro representante. É preciso que as partes existam com forte representação, o máximo independente possíveis, e que atuem em conjunto, em busca de relações ganha-ganha. Este é o cenário ideial a ser fortalecido...

Saiam daí, hospitalistas!

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