sexta-feira, 26 de novembro de 2010

CREMESP: A relação entre os médicos e as empresas farmacêuticas, de equipamentos, órteses e próteses

Foi muito interessante o seminário A relação entre os médicos e as empresas farmacêuticas, de equipamentos, órteses e próteses, em São Paulo, organizado pelo CREMESP. Como este assunto é polêmico...

Há quem valorize muito o pequeno presente, sendo a caneta o seu símbolo maior. Eu pessoalmente valorizo pouco.

Há quem pense que a solução está no treinamento dos médicos para a avaliação crítica da literatura. Mas como dar conta de um corpo de conhecimentos que se expande a cada segundo? Acho importante a capacitação, mas percebo também a necessidade imprescindível de fontes confiáveis de informação “mastigada”. Senão é humanamente impossível...

Alguns pensam que a solução é pura e simplesmente a declaração de conflitos de interesse. Aqui minha posição é diametralmente oposta. Sou daqueles que acredita que pode piorar as coisas, o que não significa dizer que não gostaria de saber antes de iniciar uma palestra que o speaker é representante do laboratório.

Houve quem tenha desqualificado fortemente a pesquisa do CREMESP sobre o tema. Logo em seguida, alguém ao lado dele desqualificou Marcia Angell, da Harvard, autora do livro A Verdade Sobre os Laboratórios Farmacêuticos. Eram três sentados juntos. Com o terceiro, também identificado com laboratórios, pude conversar no intervalo. É daquelas pessoas com quem é bom conversar: agradável, inteligente, engraçado e sarcástico na dose certa. Faz uma forte defesa do médico como alguém quem tem amplas condições de pensar e decidir sem ceder às influências externas. Pena que já não mais acredito nisto. Acreditei por muito tempo.

Conheci rapidamente ainda o David, um médico que trabalha há anos para laboratório. E demonstramos possuir vários pontos de convergência naquilo que pensamos. Questionei a ele se, como médico e empregado da indústria, sentia-se a vontade para ser speaker em eventos médicos. Ele disse que são coisas incompatíveis. Aceitarmos isto seria, em minha opinião, algo com alcance muito maior do que consegue atingir a “seita do uso racional”, tentativa de difundir conhecimento a todos os profissionais da saúde sobre o tema. É claro que não poderia depender de pessoas (como o David ou qualquer outra). A esta altura, todos já percebem que defendo soluções sistêmicas.

Pena que não tive a opção de permanecer em São Paulo para assistir toda a atividade.

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