Parece-me um retrocesso para a qualidade das especialidades focais — inclusive comentei isso ali nos próprios comentários.
Mas, ao contrário do que muitos afirmaram, não acho que essa medida vá “acabar com a Clínica Médica”.
É verdade que quem não tem real interesse na área poderá optar por um atalho, evitando o treinamento sem serviço. Mas será que isso, no fim das contas, é mesmo ruim para a Clínica Médica? Talvez o que precisemos, justamente, seja o oposto: atrair quem demonstra ao menos alguma curiosidade pela especialidade, quem se vê nela de alguma forma — e não apenas quem está ali por obrigação. Pode até reforçar a identidade da Clínica Médica e tornar sua força de trabalho mais alinhada com sua proposta, caso outras ações sejam deflagradas em paralelo.
Em diversos países, adota-se um modelo de tronco comum para as especialidades clínicas, com uma divisão posterior entre Medicina Interna e as demais áreas focais. Quem obtém o título de uma, não leva o das outras — a não ser que percorra ambos os caminhos de forma deliberada. Isso parte da ideia de que Clínica Médica ou Medicina Interna são, sim, uma carreira própria — com todos os desafios que isso traz, em termos de atratividade e preenchimento das vagas de residência. Mas faz sentido separar perfis: há quem tenha vocação generalista e habilidades de coordenação, e há quem seja moldado para atuar exclusivamente na rebimboca da parafuseta. Já discutimos isso aqui e, especialmente, aqui.
Além disso, vale lembrar: essa medida do CFM não inaugura um problema para a Clínica Médica. Seus postos já vinham sendo ocupados, há tempos, também por profissionais sem treinamento em serviço na área.
Leituras complementares:
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