Conversei com algumas lideranças da SHM em Dallas e todas traduzem mais ou menos a mesma ideia. A despeito de uma definição de Medicina Hospitalar realmente pouco específica e da cobrança de muitos para que não seja, não pretendem modificar. Registrei as 9 principais razões discutidas (queria 10, mas não fechou):
1. Porque não acreditam que resolverá as questões que estão no pano de fundo das cobranças, que (provado está) não preocupam somente no Brasil, mas também nos EUA;
2. Porque, para quem quiser saber mais sobre MH, basta procurar um pouquinho além da definição em fontes públicas, facilmente acessíveis e confiáveis – e isto será absolutamente necessário para aqueles realmente interessados em mudar cultura e promover, além do discurso, qualidade e segurança através do modelo;
3. Não haveria uma “receita de bolo” para definir o modelo, muito menos seria possível explicar a cultura necessária para que realmente funcione bem em poucas linhas. Há muito mais além do óbvio (hospitalist = médico que trabalha em hospital).
4. Não há consenso de qual seja a melhor forma de contratar hospitalistas (se é que precisam ser contratados pelo hospital), de como remunerá-los, de como montar suas escalas, além do que podem trabalhar de variadas formas sem deixar de ser o que são;
5. Fosse tudo isto menos complexo, há ainda o fato de que as lideranças que impulsionaram o modelo eram usualmente médicos ou gestores sem a devida experiência (faziam enquanto aprendiam, aprendiam enquanto faziam). E isto é muito recente! Uma visão otimista deste cenário: “Para que restringir, se há indicativos de que podemos ir mais longe do que nós mesmos imaginamos?”, escutei de um deles;
6. Quem aplica enviesado não infreqüentemente o faz porque simplesmente não quer fazer diferente disto, consciente ou inconscientemente (na maioria das vezes, inconscientemente). Há tradicionalistas enrustidos até no movimento e não há nada de surpreendente nisto: a nova cultura desafia uma cultura milenar atrelada à formação em saúde tradicional;
7. Concordam que não será por nenhum decreto de uma sociedade médica que hospitais disfuncionais farão melhor ou diferente. Eles reconhecem com tranqüilidade que aplicam equivocadamente também o modelo em muitas instituições norte-americanas, mais comumente onde, da equação valor = qualidade / custo, focam apenas no denominador ou quando uma cultura oposta ao que se pretende é a cultura predominante;
8. É mais fácil reconhecer o que não é Medicina Hospitalar do que o contrário. E uma definição “às avessas” não seria muito elegante;
9. The really important thing to you is not a legal description, but to create a new mindset!
Exemplo prático: Dr. Robert foi um hospitalista típico por 5 anos e acaba de ser promovido a diretor do programa ou diretor de qualidade. É óbvio que terá que se afastar, pelo menos parcialmente, de suas atividades como clínico a beira do leito e passará a atuar mais do que nunca em questões administrativas e gerenciais. Deve a SHM revogar seu direito de ser hospitalista? “É claro que não!”.
Wachter abordou brevemente a questão que preocupa em sua apresentação. Disse que a má aplicação do modelo colocou o movimento em risco por tornar o hospitalista highly vulnerable to being caricaturized, mas transferiu parte da responsabilidade para o próprio médico ("As Berwick and Finkelstein recently observed, We think that the anxiety, demoralization, and sense of loss of control that afflict all too many healthcare professionals today directly come not from finding themselves to be participants in systems of care, but rather from finding themselves lacking the skills and knowledge to thrive as effective, proud, and well-oriented agents of change in those systems…. A physician equipped to help improve healthcare will be not demoralized, but optimistic; not helpless in the face of complexity, but empowered; not frightened by measurement, but made curious and more interested; not forced by culture to wear the mask of the lonely hero, but armed with confidence to make a better contribution to the whole.")* e festejou o resultado final já obtido por eles.
* Isto ilustra ainda a complexa tarefa de recrutar hospitalistas e construir um bom programa.
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