segunda-feira, 1 de abril de 2013

Nesta história todos têm nome, menos o hospitalista...

O texto que apresentarei abaixo resume minhas preocupações relativas aos hospitalistas no Brasil, mesmo que não trate exatamente disto. O movimento de MH era para unir gestores e hospitalistas. Era para alinhar alguns médicos e hospitais. Mas como estão difíceis estas coisas... Como são grandes os desafios...

Bom, recebi um link onde fazem reclamação de atendimento hospitalar em São Paulo. Está hospedado em Reclame Aqui, “espaço do consumidor na Internet”. A pessoa pode reclamar de atendimento, compra, venda, produtos e serviços. As reclamações cadastradas geram rankings e comparações, e quem tiver interesse adicional consulte o site. Apenas quis materializar a fonte, pois reproduzirei o conteúdo sem o link (já que identifica pessoas), resumindo o texto e omitindo os nomes completos dos envolvidos.

Dia 18/04/12 entrei no hospital X com muita dor e fui encaminhado para cirurgia [de colicistectomia]. Vale a pena lembrar que já estava a mais ou menos seis meses detectado pedra na vesícula e diagnosticado que tinha urgência em ser operado, pois por diversas vezes fiquei internado com muitas dores e chequei a ter pancreatite. Porém o convênio Y não liberou para fazer o procedimento. Foi agendada para o dia 19/04/12 com a equipe de cirurgia de plantão do dia, fiz a cirurgia com a equipe do Dr. Ricardo.
...
No dia 21/04 a dor aumentou e estava drenando cerca de 500 ml de um líquido amarelado. O médico responsável foi contatado e disse que era gazes e que precisava andar para melhorar. A dor continuou, o plantonista foi chamado... sugeriu chamar o grupo da dor.
O Dr. Ricardo pediu alguns exames... ao questioná-lo sobre a dor, ele disse a esposa que homens são mais manhosos. Sempre passava no quarto rapidamente e não tocava no paciente. Combinava em dar um medicamento, para dormir, por exemplo, às 22h e quando chegava o horário descobríamos que o medicamento não havia sido prescrito, que ele tinha esquecido. Precisa ligar para o hospitalista e pedir para ele prescrever, isso demorava muito.
A Dra Daniela, do grupo da dor, veio me avaliar, fez o exame clínico e constatou peritonite. Ela prescreveu Morfina. As dores melhoraram, mas o dreno continuava cheio e com um líquido amarelado...
”.

Bom, e a história segue, com reintervenções cirúrgicas, passagem por UTI, conflitos e alta hospitalar após um mês de internação e com importantes questões pendentes e outras fontes de litígios.

Que seria interessante dissecar o caso, discutir os erros e near misses, e buscar recomendações que pudessem evitar semelhantes, não tenho dúvidas. Mas quero focar mesmo é no que estão fazendo com o “hospitalista”, que sequer nome ganha no relato abaixo (por favor, não vejam o lado positivo disto, pois concordo... talvez ele não venha a ser processado junto). Comentários são bem vindos.

Nosso movimento rachou e esta questão foi central. Houve aqueles que, envolvidos na tentativa de vender o “produto" sem que o mercado esteja plenamente aquecido, estavam incentivando um plantão clínico solucionado por boa gestão. E queriam vender a si próprios como a cereja do bolo (gestores [da inovação]), e não os hospitalistas propriamente ditos. É claro que a adequada gestão do modelo (e de qualquer um) é fundamental, mas ao longo dos anos apenas fortaleço uma ideia: os movimentos de qualidade e segurança apenas decolarão quando forem abraçados por quem está na linha de frente, e quando os projetos, as iniciativas, e as soluções partirem predominantemente daí.

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