Bom, recebi um link onde fazem reclamação de atendimento hospitalar em São Paulo. Está hospedado em Reclame Aqui, “espaço do consumidor na Internet”. A pessoa pode reclamar de atendimento, compra, venda, produtos e serviços. As reclamações cadastradas geram rankings e comparações, e quem tiver interesse adicional consulte o site. Apenas quis materializar a fonte, pois reproduzirei o conteúdo sem o link (já que identifica pessoas), resumindo o texto e omitindo os nomes completos dos envolvidos.
“Dia 18/04/12 entrei no hospital X com muita dor e fui encaminhado para cirurgia [de colicistectomia]. Vale a pena lembrar que já estava a mais ou menos seis meses detectado pedra na vesícula e diagnosticado que tinha urgência em ser operado, pois por diversas vezes fiquei internado com muitas dores e chequei a ter pancreatite. Porém o convênio Y não liberou para fazer o procedimento. Foi agendada para o dia 19/04/12 com a equipe de cirurgia de plantão do dia, fiz a cirurgia com a equipe do Dr. Ricardo.
...
No dia 21/04 a dor aumentou e estava drenando cerca de 500 ml de um líquido amarelado. O médico responsável foi contatado e disse que era gazes e que precisava andar para melhorar. A dor continuou, o plantonista foi chamado... sugeriu chamar o grupo da dor.
O Dr. Ricardo pediu alguns exames... ao questioná-lo sobre a dor, ele disse a esposa que homens são mais manhosos. Sempre passava no quarto rapidamente e não tocava no paciente. Combinava em dar um medicamento, para dormir, por exemplo, às 22h e quando chegava o horário descobríamos que o medicamento não havia sido prescrito, que ele tinha esquecido. Precisa ligar para o hospitalista e pedir para ele prescrever, isso demorava muito.
A Dra Daniela, do grupo da dor, veio me avaliar, fez o exame clínico e constatou peritonite. Ela prescreveu Morfina. As dores melhoraram, mas o dreno continuava cheio e com um líquido amarelado...”.
Bom, e a história segue, com reintervenções cirúrgicas, passagem por UTI, conflitos e alta hospitalar após um mês de internação e com importantes questões pendentes e outras fontes de litígios.
Que seria interessante dissecar o caso, discutir os erros e near misses, e buscar recomendações que pudessem evitar semelhantes, não tenho dúvidas. Mas quero focar mesmo é no que estão fazendo com o “hospitalista”, que sequer nome ganha no relato abaixo (por favor, não vejam o lado positivo disto, pois concordo... talvez ele não venha a ser processado junto). Comentários são bem vindos.
Nosso movimento rachou e esta questão foi central. Houve aqueles que, envolvidos na tentativa de vender o “produto" sem que o mercado esteja plenamente aquecido, estavam incentivando um plantão clínico solucionado por boa gestão. E queriam vender a si próprios como a cereja do bolo (gestores [da inovação]), e não os hospitalistas propriamente ditos. É claro que a adequada gestão do modelo (e de qualquer um) é fundamental, mas ao longo dos anos apenas fortaleço uma ideia: os movimentos de qualidade e segurança apenas decolarão quando forem abraçados por quem está na linha de frente, e quando os projetos, as iniciativas, e as soluções partirem predominantemente daí.
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