- Formatamos o evento para que tivesse aproximadamente o total de despesas do I CBMH;
- Vislumbrávamos um total de receitas bastante superior no início dos trabalhos;
- Não atingimos o público esperado;
- A prospecção de parceiros comerciais e resultados disto deixaram a desejar;
- Executamos alguns cortes ao se aproximar da data do evento. Foi a maneira de garantir que não determinasse prejuízo em hipótese alguma - e não ocorreu.
Tendo sido de aproximadamente 600 pessoas o público final do I Congresso Brasileiro de Medicina Hospitalar, havia para o PASHA2010 três cenários distintos para análises, levando-se em conta o número de participantes: um cenário otimista (1200 participantes), um pessimista (300 participantes) e um realista (600 participantes – o público do I CBMH). Nossa contagem final no PASHA2010 foi de 400 participantes.
- Observei muitos médicos e estudantes pedindo descontos ou cortesias. Amigos meus que não concordam com a minha postura em relação à indústria farmacêutica foram capazes de entendê-la e não pediram. Foi muito significativo o número de conhecidos e estranhos fazendo isto. E confesso que me chateou em alguns momentos. A inscrição não era cara, principalmente se feita com antecedência. Conheça os valores. Perceba, a partir dos valores, que estiveram até subsidiados, como quando o médico pagava R$ 200,00 para um evento de 4 dias com tantos palestrantes internacionais. Estamos mentalmente preparados (cada um de nós e o sistema) para abandonar o costume de sermos financiados total ou parcialmente pelas farmacêuticas para ir a congressos? Parece que não...
Terá a indústria farmacêutica financiado algum congressista para que fosse e participasse do PASHA2010? Esta questão é muito interessante, levando-se em conta tentativa recente do Conselho Federal de Medicina (CFM) de restringir viagens patrocinadas. Segundo matéria publicada na Folha de São Paulo, “laboratórios só poderão bancar a ida dos que forem falar em congressos. Médicos brasileiros só poderão viajar para congressos com as despesas pagas pela indústria farmacêutica se forem prestar serviço de cunho científico, como dar uma palestra ou um curso. Com isso, ficará proibido o patrocínio de viagens para o profissional que só for assistir a um evento”. Ainda bem que, logo em seguida, o CFM recuou. Entendam que não sou a favor de que farmacêuticas paguem viagens para médicos assistirem congressos, mas penso que a proposta do CFM teria sido equivocada por diversas razões. Dá a entender, por exemplo, que o problema está preponderantemente em nós, médicos comuns, e não no sistema em si. Qual o pior cenário: médico com conflito de interesse falando a participantes que pagam do próprio bolso ou um speaker que não recebe dinheiro de laboratórios falando para médicos que ganham as inscrições para um evento bem regulado? Não considero as políticas direcionadas apenas para os profissionais da linha de frente adequadas: o foco deve ser o sistema, e não nas pessoas. Os profissionais da linha de frente costumam ser mais vítimas do que culpados (havendo exceções, é claro). Devemos regular o financiamento da educação médica continuada e a forma como isto impacta na grande massa. Há que se buscar soluções principalmente para o que vem ocorrendo na produção e na difusão inicial do conhecimento. Em outras palavras, é preciso focar na raiz do problema (que a meu ver não são os médicos "comuns", embora façam parte dele), e isto inclui rever sim a relação de nossas sociedades médicas com a indústria de medicamentos e de dispositivos de uso direto em pacientes.
Voltando ao PASHA2010...
Patrocinaram ou participaram como parceiros comerciais do evento: Mayo Clinic (co-realizadora, inclusive), ANVISA, Hospital Mãe de Deus, Unisimers, Hospital São Camilo, Grupo A, Hospital Santa Isabel, Dot.lib, Accreditation Canada, UpToDate, Consórcio Brasileiro de Acreditação e Conselho Federal de Medicina.
Voltando ao PASHA2010...
Patrocinaram ou participaram como parceiros comerciais do evento: Mayo Clinic (co-realizadora, inclusive), ANVISA, Hospital Mãe de Deus, Unisimers, Hospital São Camilo, Grupo A, Hospital Santa Isabel, Dot.lib, Accreditation Canada, UpToDate, Consórcio Brasileiro de Acreditação e Conselho Federal de Medicina.
- A agência de eventos oficial se superou na dificuldade para agregar parceiros comerciais ao evento. Os que participaram o fizeram, na sua maioria, após contatos diretos meus ou de gestores independentes que participaram me auxiliando a partir da identificação de dificuldades e problemas.
É factível começarmos a trazer mais parceiros comerciais não tradicionais para os eventos. Demonstrei isto em dois congressos, e talvez as agências especializadas em eventos médicos tenham que aprender melhor como fazer, abandonando a zona de conforto na qual se encontram por trabalhar tradicionalmente com as farmacêuticas e sem precisar ir atrás delas inclusive.
Grandes congressos de sociedades médicas tradicionais têm condições de serem feitos sem essas indústrias tradicionais e com resultados plenamente satisfatórios. Reforço que o meu objetivo principal no PASHA2010 não era o resultado financeiro, embora entenda perfeitamente a necessidade dele ser pelo menos bom para a sustentabilidade de sociedades médicas tradicionais e, a partir de agora, para a própria Sociedade Brasileira de Medicina Hospitalar.
A mídia expontânea gerada pelo PASHA2010, considerando principalmente a matéria da Folha de São Paulo sobre hospitalistas, valeu muito mais do que saldo positivo em conta na fase em que estamos.
A experiência a partir da ausência do palestrante canadense Esteban Gandara em Florianópolis, por problemas de saúde na família, nos oportunizou conhecer melhor alternativas bastante custo-efetivas que existem no campo da educação à distância. Gandara, diretamente do Canadá, e ao vivo, deu sua palestra sem custos adicionais para o evento através de uma ferramenta de web educação do Ottawa Hospital Research Institute. Devemos inovar mais nos eventos médicos para torná-los mais baratos.
Grandes congressos de sociedades médicas tradicionais têm condições de serem feitos sem essas indústrias tradicionais e com resultados plenamente satisfatórios. Reforço que o meu objetivo principal no PASHA2010 não era o resultado financeiro, embora entenda perfeitamente a necessidade dele ser pelo menos bom para a sustentabilidade de sociedades médicas tradicionais e, a partir de agora, para a própria Sociedade Brasileira de Medicina Hospitalar.
A mídia expontânea gerada pelo PASHA2010, considerando principalmente a matéria da Folha de São Paulo sobre hospitalistas, valeu muito mais do que saldo positivo em conta na fase em que estamos.
A experiência a partir da ausência do palestrante canadense Esteban Gandara em Florianópolis, por problemas de saúde na família, nos oportunizou conhecer melhor alternativas bastante custo-efetivas que existem no campo da educação à distância. Gandara, diretamente do Canadá, e ao vivo, deu sua palestra sem custos adicionais para o evento através de uma ferramenta de web educação do Ottawa Hospital Research Institute. Devemos inovar mais nos eventos médicos para torná-los mais baratos.
Em relação ao PASHA2010, cumpri quase todos meus objetivos. Esperava um público maior, mas de qualquer forma o evento foi fantástico. Sociedades médicas consolidadas podem mais... Mas vários players do sistema terão que sair da zona de conforto.
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