Publicaram recentemente um estudo descritivo que analisou processos judiciais cadastrados no sistema de controle judicial do Estado de São Paulo, gastos realizados com o atendimento às ações judiciais e gastos totais de medicamentos: Rev Saúde Pública 2010;44(3):421-9
Em 2006, foram gastos 65 milhões de reais pelo estado de São Paulo com o cumprimento das decisões judiciais para atender a cerca de 3.600 pessoas. O gasto total em medicamentos foi de 1,2 bilhão de reais. No período estudado, foram analisadas 2.927 ações, que foram ajuizadas por 565 agentes, dos quais 549 eram advogados particulares (97,2% do total de agentes). Os medicamentos solicitados nas demandas judiciais analisadas foram prescritos por 878 médicos diferentes. Ao analisar o número de ações ajuizadas por advogado, observa-se que 35% das ações foram apresentadas por 1% dos advogados.
Os dados das ações com os medicamentos classificados pelo seu fabricante mostram que poucos advogados são responsáveis pela maioria das demandas judiciais desses medicamentos. A observação de que mais de 70% das ações ajuizadas para certos medicamentos são de responsabilidade de um advogado pode sugerir uma relação estreita entre o advogado e o fabricante do medicamento.
O trabalho serve para reforçar a idéia de que a questão da interferência da indústria farmacêutica é muito mais ampla e não pode ser resumida em "médicos e big pharma". Soluções, da mesma forma, têm que ser sistêmicas.
Outras informações sobre o tema eu vinha postando em http://www.campanhaalerta.com.br/.
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