Não consigo entender qual a relação que estão buscando estabelecer entre "rigor científico" e liberdades individuais. Haveria relação e importância se uma coisa interferisse NECESSARIAMENTE na outra. Mas podem e devem ser paralelas.... Isto simplesmente traduz a antiga confusão entre Medicina Baseada em Evidências (MBE) e receita de bolo, quando deveria ser vista como bússola norteadora. Ou apenas retórica para tumultuar o momento mesmo.
Obviamente há cientistas e médicos ligados à MBE autoritários!
Entretanto, não consta nas bases teóricas nem da Ciência nem MBE nada que comprometa liberdades individuais, nada... Aliás, os referenciais teóricos para não confundirmos 'norte' com trilhos ferroviários sem nenhum daqueles equipamentos usados para permitir transitar de uma linha para outra estão disponíveis desde os primeiros textos sobre MBE, para quem quiser entender.
Alguns tentam sugerir dois possíveis caminhos então: o do rigor científico, que buscam caracterizar como preciosista e perigoso, e o que disfarçam de "melhor disponível", sugerindo ser igualmente científico. O fazem através de retórica que, fosse verdadeira, seria o caminho por mim sempre escolhido e indicado. Mas não bastasse a história da medicina estar repleta de situações onde se percorre o segundo caminho e o predomínio probabilístico é de danos, muitas vezes com essa conclusão depois de muitos anos expondo as pessoas, foge-se da verdadeira e necessária discussão:
Do lado dos que defendem o tal rigor e preciosismo (na linguagem científica chamamos orgulhosamente de ceticismo) não deveria existir limitação ao outro caminho, se concordarmos todos com a preservação das liberdades individuais, algo como já dito pelo economista Ludwig von Mises em Planned Chaos:
Do lado dos que defendem o tal rigor e preciosismo (na linguagem científica chamamos orgulhosamente de ceticismo) não deveria existir limitação ao outro caminho, se concordarmos todos com a preservação das liberdades individuais, algo como já dito pelo economista Ludwig von Mises em Planned Chaos:
“Science is competent to establish what is. It can never dictate what ought to be.”
Não existindo a limitação ao outro caminho (partamos da suposta defesa mútua de liberdades individuais), nem faz sentido disputar o que é verdade para uma pessoa ou grupo. A Ciência bem aplicada é justamente para desviar disso.
A única disputa deveria ser para garantir liberdade de escolhas, caso alguém, de qualquer lado, flertar o autoritarismo. Podendo ser uma luta "de todos os lados" então! E certamente não é exclusiva de ninguém! À Ciência cabe brigar, tão somente, pela parte da Informação do binômio Decisão Informada. Informação desprovida de achismos e vontades. Informação que simplesmente reconheça a incerteza! Informação honesta para a decisão que for!
O máximo que a Ciência pode é discriminar absoluta incerteza de provável benefício, e basta. Aceitar a incerteza não limita liberdades individuais, minimiza charlatanismo. Também não restringe, minimiza. Compete a outras instâncias a tarefa de restringir ativamente. Mas, dentro da mesma ótica de quem classicamente defende mais acirradamente as liberdades individuais (a minha, diga-se de passagem), cabe comprar outro elemento do pacote ideológico: o de que o Estado ou os fundos coletivos não precisam financiar escolhas individuais desprovidas de comprovação científica bem feita. Senão é boicote a quem pensa diferente, não posicionamento contrário...
Nenhum comentário:
Postar um comentário