A SBMFC posicionou-se oficialmente, através de seu site, contrária à utilização liberal da vacina contra o HPV e, indiretamente, contra campanha do Ministério da Saúde. Sem entrar no mérito técnico da discussão (leia mais aqui se quiser), parabenizo pelo seguinte:
- Anos atrás, minha percepção era de que a SBMFC funcionava como um simples braço político e estratégico do MS.
- Se a SBMFC sempre foi implacável na crítica ao relacionamento dos médicos com a indústria farmacêutica, por razões complexas, muito pouco refletia sobre seus próprios conflitos de interesse (entenda a partir deste fluxograma).
Pois este posicionamento agora demonstra amadurecimento. Não traduz estarem contra o MS (nem deveria) , mas um posicionamento técnico-científico e, certamente, um momento de maior independência institucional. Fazem num tom adequado, estejam com a verdade ou não. Traduzem centralidade no paciente. Quisessem agora até mesmo apoiar outras iniciativas do MS, e teriam maior credibilidade (que isto não seja usado como estratégia, por favor). O contrário da forma como a Fiocruz recentemente posicionou-se a favor de política do Governo, comportando-se mais como um braço político do atual MS do que como instituição científica (leia mais aqui).
Raramente vi sociedade médica questionar qualquer coisa que colocasse a indústria farmacêutica em saia justa. Algumas vezes é preciso. Se as organizações simplesmente refletissem sobre isto, acho que já avançaríamos.
Da mesma forma que ainda proponho à SBMFC reflexão sobre o que acontecia antes com eles. Curiosamente, era na época do Governo PSDB. Lembrem (é público e notório) que já houve maior financiamento do MS à SBMFC. Talvez existam ensinamentos ocultos nisto....
O fato é que é fácil para todos nós questionar conflitos de interesse dos outros. Difícil é gerenciar os nossos e manter relacionamentos sadios. É este o principal e mais complexo desafio. Outra maneira de lidar com estes conflitos é os evitando. Se for viável, também é fácil.
Certa vez, em pequena associação médica que iniciou sua história com importante separação da indústria farmacêutica, como proposta para o futuro, e considerando até mesmo uma aproximação com a indústria, propus que críticos do relacionamento com o Estado/Governo liderassem a construção de políticas para gerenciamento de conflitos de interesse com o Estado/Governo. E que críticos do relacionamento com a indústria liderassem políticas para gerenciamento de conflitos de interesse com a indústria. Não houve muito eco. Preferimos correr riscos ao trabalho de atuar preventivamente. Há necessidade de mudança cultural...
Certa vez, em pequena associação médica que iniciou sua história com importante separação da indústria farmacêutica, como proposta para o futuro, e considerando até mesmo uma aproximação com a indústria, propus que críticos do relacionamento com o Estado/Governo liderassem a construção de políticas para gerenciamento de conflitos de interesse com o Estado/Governo. E que críticos do relacionamento com a indústria liderassem políticas para gerenciamento de conflitos de interesse com a indústria. Não houve muito eco. Preferimos correr riscos ao trabalho de atuar preventivamente. Há necessidade de mudança cultural...
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