"A pessoa se sente pressionada a ser generosa. Não quer demonstrar que desconfia do médico, mesmo se a situação não lhe favoreça", diz Sunita Sah, pesquisadora da Universidade Duke.
Em uma recente conferência sobre conflitos de interesse na escola de direito de Harvard, o psicólogo Mahzarin Banajim afirmou que o problema central é a certeza que temos de estar no comando de nossas decisões. "A psicologia e as ciências cognitivas têm mostrado que grande parte da nossa tomada de decisão ocorre inconscientemente."
Francesca Gino, da escola de economia de Harvard, descobriu em seus estudos que as pessoas que usam medicamentos prescritos por médicos particulares são ainda menos propensas a reconhecer os conflitos de interesse. "Embora a maioria de nós reconheça que os conflitos são, em tese, um problema, não queremos reconhecê-los em pessoas que conhecemos e que julgamos como boas e inteligentes", disse.
Estudos na área oncológica confirmam essa hipótese. Um trabalho publicado no "New England Journal of Medicine" mostrou que pacientes com câncer não se importam se seus médicos recebem dinheiro dos fabricantes de medicamentos, desde que o tratamento funcione.
Para Eric Campbell, da escola médica de Harvard, falta conhecimento aos pacientes sobre os efeitos dessas relações conflituosas.
Fonte: Folha de São Paulo 14/06/2011
Nenhum comentário:
Postar um comentário