Ontem, em discussão sobre armas, escutei um "tomara que não ocorra de ser assaltado em 2023, acabando com uma bala na cabeça". Era tão evidente o desconforto e o ressentimento, que saiu como "tomara que seja assaltado em 2023 e acabe com uma bala na cabeça - para aprender".
É essencialmente como acabam muitos "debates" sobre rastreamento de doenças na saúde. "Tomara que tenha um câncer ou infarto correndo - para aprender". Já escutei parecido de dois colegas e amigos, com o adendo de que torciam por um evento não complicado, apenas como "lição".
Como se também não me preocupasse a criminalidade no Brasil. Como se também não morresse de medo de assaltos. Como se não temesse os riscos... De latrocínio e ou doenças ameaçadoras da vida...
Não importa para o maniqueísta que você ceda em vários pontas da conversa. Por vezes nem se trata de ceder: Eu realmente entendo a necessidade de armas em propriedades rurais isoladas. E eu até defenderia o direito individual ao porte, se junto houvesse uma debate profundo e avaliação de ações visando minimização das consequências negativas não intencionais. Mas não permitem críticas. A outra perspectiva os atinge e os cega...
Por isso cansa tanto (e muitos desistem) discutir rastreamento racional de doenças e hierarquia dessas intervenções na saúde pública. Você é agredido se eventualmente ponderar por abrir mão de alguma abordagem até mesmo eficaz, mas com magnitude de efeito pífia, para foco, ao menos inicial, em outras mais impactantes. Todo mês colorido é para a doença mais importante do mundo. O fato de serem importantes, é razão para justificar qualquer ação. É o debate dos preocupados versus os que não estão nem aí. Dos atentos versus os que ignoram o óbvio. Dos bem intencionados versus os mal intencionados. Dos bons versus os maus. 😏
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