sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Hospitalistas: a necessidade de construir uma imagem com diferenciação


Divulgo texto recém publicado em Saúde Business, em parceria minha com Lucas Zambon, mas já parto para questões além das discutidas nele.


Preocupa-me, no Brasil, o crescimento do que seriam os generalistas "inespecíficos" do artigo do JAMA analisado no link acima. Não valorizarmos o suficiente a importância de diferenciar o verdadeiro hospitalista. Ou não temos o alcance que gostaríamos, apesar de esforços. Indiferente do ponto de vista prático...

Minha caminhada na promoção do hospitalista e da medicina generalista é ampla. Já escutei que a não diferenciação maximizava "oportunidades de mercado". Felizmente, não é este o foco primordial do grupo que convivo atualmente na ABMH, mas ainda vejo o discurso de quanto mais gente o movimento envolver, melhor. E não discordo, mas acho que são coisas distintas, e que enfatizar a defesa do modelo ideal não necessariamente compromete a aglutinação de pessoas - de hospitalistas raiz a simpatizantes diversos. Vejo pelo meu caso, que já fui sócio da SBMFC sem exercer Atenção Básica, e com muito orgulho.

Não é hospitalista quem atua 2 horas em hospital e faz outras várias coisas no resto do dia, mesmo que seja trabalhar em outros hospitais. Ou não é o hospitalista que precisamos! Nada impede que seja um formato empregado por programas de MH como regime de transição ou exceção, principalmente existindo no planejamento estratégico do grupo o compromisso da busca pelo distanciamento progressivo disso.

Em alguns lugares em que ocorre, o que incluiu excelentes e até já maduros programas de MH, preocupa-me a impressão de que tanto faz, e que pouca diferença percebem entre quem trabalha assim e quem atua de forma mais orgânica vinculado a um único hospital (não importa se é contratado pela instituição ou não). Por dois principais motivos:

1. Pode significar que médicos organicamente vinculados ao hospital não agregam tanto valor assim. Se for verdadeiro, teríamos que migrar do modelo de MH para a simples defesa do generalista. E ainda assim precisaríamos diferenciar melhor... O que é ser generalista no Brasil???

2. Porque pouco utilizamos ferramentas de avaliação do desempenho individual dos médicos, e podemos não estar enxergando diferenças e, de alguma forma, estar comprometendo resultados que o movimento de MH brasileiro tanto precisa mostrar.

Numa recente conversa, escutei que pouco interessa o quanto estabelece-se de vínculo com o hospital, mas os resultados - "e nossos resultados são bons". Mas, de novo: Medimos a prática de forma precária! Não estamos desperdiçando oportunidades?

O que é "ver as coisas melhorando" nos hospitais modernos? É alta chance de confusão com outras tantas iniciativas capazes de oferecer o mesmo, como núcleos de qualidade e segurança do paciente, núcleos internos de regulação de fluxo de pacientes, expansão e melhoria das comissões hospitalares, times de resposta rápida, programas de cuidados paliativos, etc, etc, etc.

Hospitais com generalistas "inespecíficos" já existem aos baldes Brasil afora, somente atrapalhados pela nossa grande mistura entre generalista e especialista focal (se é um ou se é outro por conveniência, a mesma pessoa migrando de uma posição para a outra no mesmo período, entre empregos simultâneos, e tenho a impressão que assim não somos, em média, nem tão bons generalistas, nem tão bons especialistas focais). Atribuir a nossa própria prática o rótulo de diferenciada, partindo de frágil diferenciação, é jogo arriscado. Sequer temos boas formas de comparar resultados hospitalares em nosso meio. A chance de representar pura e simplesmente ilusão de superioridade é bastante alta. Ou de terceiros atacarem dizendo ser ilusão de superioridade, e não estariam errados. Em tudo deveríamos partir da hipótese nula, e PROVAR superioridade. Para provar qualquer coisa, precisaremos de diferenciação.

O termo ilusão de superioridade foi usado pela primeira vez pelos pesquisadores Van Yperen and Buunk, em 1991, em inglês illusory superiority (também conhecido por above-average effect, the superiority bias, the leniency error, sense of relative superiority, the primus inter pares effect). No campo da psicologia social, é um viés cognitivo em que uma pessoa ou grupo superestima suas qualidades ou habilidades, em relação as mesmas qualidades e habilidades de outros.

Isso está no nosso dia-a-dia. Nós reclamamos de maus motoristas toda hora. Mas numa survey clássica, 93% das pessoas colocou-se como motorista acima da média. Além do fato de que seria estatisticamente impossível 93% de qualquer coisa estar acima da média, isto ilustra bem a ilusão de superioridade.

Vejam que interessante esta matéria e o vídeo ao final:


Estamos fazendo acontecer a MH em hospitais que não necessariamente são os mais famosos. Não estou querendo dizer que os mais famosos são necessariamente melhores, muito pelo contrário. Mas será difícil competir com eles utilizando-se de métricas inespecíficas, mesmo que o objetivo não seja de promover o hospitalista, mas generalistas em geral. Ou tem prazo de validade! Usando de total subjetividade então, é insustentável.

Acredito que precisamos de foco no diferencial, e mais refinamento na mensuração de resultados. Não tomando esta precaução, corremos o risco de sermos engolidos pelo mais amplo movimento da qualidade e segurança, quando nos EUA e Portugal o ordem das coisas parece ter sido justamente o oposto: os generalistas estão à montante do movimento de qualidade e segurança - e não é por acaso ou simples superioridade intrínseca.

terça-feira, 14 de novembro de 2017

Estão os administradores preparados para ter os médicos ao lado deles?

Em um artigo clássico de Mintzberg e Glouberman, publicaram sobre “os 4 mundos de um hospital geral”. 


São comunidade, médicos, enfermeiros e administrados representados em “mundos” independentes. Os médicos são chamados de coalizão externa dos hospitais (estão "out").

Os autores partem deste esquema para a provocação de que, não ocorrendo o entrelaçamento dos mundos, o sistema colapsa em algum momento. A referência é classicamente usada para “chamar os médicos para a coalisão interna”.

A minha pergunta é: estão os administradores preparados para ter os médicos ao lado deles?

terça-feira, 8 de agosto de 2017

O paradigma do menos é mais para os movimento da qualidade hospitalar e segurança do paciente.

Os sistemas complexos estão cheios de interdependências - difíceis de se detectar - e de respostas não lineares. "Não linear" significa que, quando se dobra a dose de, digamos, um medicamento, ou quando se dobra os funcionários de uma fábrica, não se obtém o dobro do efeito inicial.

domingo, 23 de julho de 2017

Quando a Acreditação Hospitalar mais atrapalha do que ajuda II

Quem poderia orientar consultores a se deterem em padrões e não em orientações rígidas e inegociáveis de como adequar-se a eles? 



Estão orientando hospitais que ainda estão dando os primeiros passos em estruturação física e de pessoas nas comissões hospitalares a fazer o ideal, comprometendo condições para fazerem o possível.

Numa discussão recente sobre revisão de óbitos em hospital de conhecido, a orientação foi de "obrigatoriamente revisar TODOS".

Eu trouxe recentemente ao Brasil Allen Kachalia, Chief Quality Officer at Brigham & Women’s Hospital. Se em Boston pensam e fazem assim, o que passa na cabeça dos consultores brasileiros? Será excesso de romantismo ou falta de conhecimento específico mesmo?


segunda-feira, 17 de julho de 2017

O paradigma do menos é mais para os hospitais brasileiros

Há uma espécie de contradição no texto que reflete a dimensão do desafio. Várias condutas "menos é mais" seriam responsáveis, na verdade, por aumento da carga de trabalho do pessoal da ponta, já sobrecarregado. Ou demandariam uma melhor relação de técnicos de enfermagem por pacientes, por exemplo. Menos não necessariamente é fácil... ou o que é menos para pacientes pode ser mais para a equipe!




quinta-feira, 22 de junho de 2017

Quando a Acreditação Hospitalar mais atrapalha do que ajuda: uma experiência quase irreal (ou deveria ser).

Certificaram um hospital com taxa de higienização de mãos em enfermaria pífia.

No mesmo hospital, havia um processo encruado. Consultora da acreditação conseguiu atrapalhar.

Montaram um Time de Resposta Rápida. A escolha inicial foi por um dos escores complexos disponíveis, destes que soma-se pontos, depois estabelece-se faixas de riscos e ações correspondentes. Houve dificuldades do pessoal da linha de frente, situação depois percebida em relatos diversos, inclusive a partir de publicações oficiais. Muitas organizações também perceberam que sem integração automatizada das informações que abastecem estas ferramentas (abordagem de redundâncias e retrabalhos), automação da contagem final, e ajuda nas fluxos previstos para a alça eferente, algo que, parece ser bastante simples, não funciona em larga escala da maneira esperada.

Por isso, hospital trocou para um escore do tipo dicotômico, definitivamente mais simples. Melhorou!

Eis que surgiu a consultora, que tentou primeiramente dizer que escores dicotômicos não eram escores de TRR. Depois que eram muito piores que os complexos.

A primeira informação foi por total desconhecimento. Nada menos do que a Mayo Clinic usa um escore dicotômico para seu TRR, muito semelhante ao criticado: 


Hospitais brasileiros com certificação internacional e recertificação também adotam. 

A segunda informação é parcialmente verdadeira, mas não pode ser vista deterministicamente, invalidando o que fica para trás. Qualquer um com mente minimamente científica guarda as opções em comparação, e passa para etapas subsequentes, indispensáveis ao método científico:

Qual o custo de uma e outra intervenção? (não apenas custo monetário, mas de dispêndio de outros recursos, até mesmo energia dos participantes)

Esta diferença de custo compensa frente à magnitude da diferença em benefício a favor da “melhor” alternativa? Remeteria a um paradigma semelhante ao da avaliação do NNT e do NNH, indispensável de ser considerado após relevância estatística no efeito de qualquer intervenção. Em outras palavras, não basta uma melhor acurácia estatística do escore da consultora.

Outra reflexão importante: estamos precisando de uma melhor acurácia da ferramenta no nosso hospital muito especificamente? Tratando-se de TRR, deve partir da sua base teórica (identificação de alto risco / redução de PCR’s evitáveis nas enfermarias), para contextualização dela com a realidade e os resultados locais. E somente uma organização hospitalar que monitora transferências não planejadas às suas UTIs e PCR’s nas enfermarias é capaz de cumprir esta etapa. Mas, para a consultura, não importava, apenas o fato de que sua sugestão era “melhor”.

Cada nova mudança de processos em hospital é sinônimo de

 nova provocação na cultura local, novos treinamentos,

 novas consequências não intencionais.


Há algum tempo ando dizendo. O movimento de saúde baseada em evidências, trazendo junto suas noções de estatística, risco residual, custo-efetividade, custo-consciência e decisão compartilhada precisa chegar urgentemente ao mundo da qualidade e da segurança do paciente. Mudar quase nunca é fácil, então deveríamos impor uma atmosfera favorável a escolhas sábias. Turbilhão de iniciativas é contraprodutivo, então por que não um Choosing Wisely da gestão assistencial? Não acontecendo, há risco de médicos e enfermeiros desprovidos de mentes binárias e visões determinísticas não conseguirem andar no mesmo barco... Hoje já quase existe um movimento de gabinete da segurança do paciente e profissionais da ponta pouco conectados, com exceções. Vamos construir um único movimento apenas?

domingo, 18 de junho de 2017

The Specialists’ Stranglehold on Medicine

"Imagine building a house by allowing each workman to do his own thing. The plumber would put a sink in every room. The electrician would install chandeliers on every ceiling. The carpenter would panel every room in luxurious wood. That’s how health care works."



terça-feira, 16 de maio de 2017

Evolução de iniciativa em Brasília depois de atividade em que participei

Recebi hoje uma atualização do pessoal do Hospital Brasília.

Estive lá no final do ano passado e retratei a experiência em http://saudebusiness.com/hospitalistas-irao-tomar-brasilia/.

Informaram que atualmente os prescritores viraram hospitalistas, estão presentes de segunda à segunda, durante o dia, das 07 às 19 horas. Eliminaram o TRR do dia, só funciona à noite agora.

quarta-feira, 10 de maio de 2017

Bom quando presidente é uma opção!

Complicado quando é no país da gente e perdes eleição, obrigando a ter presidente que não querias.

Em questões mais cotidianas, é mais fácil. Chama-se de presidente quem a gente escolhe. Basta, na mais trabalhosa das hipóteses, fundar nova associação. Ou basta ignorar entidade e presidente que não te representam. Nada muda, a vida segue igual.

Este é meu presidente hospitalista, e com muito orgulho:


 

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Generalists are needed more than ever!

Generalists are needed more than ever!
Rolf A. Streuli
Honorary President of the International Society of Internal Medicine, Langenthal, Switzerland




If today you want to keep up with basic and clinical research, you need to concentrate on a very small field and reach tremendous depths in this very field. And, actually, life is too short to also accumulate the knowledge necessary to do meaningful scientific work even on closely related topics. Hence, specialization is inevitable not only in research; it was a prerequisite for the development of our highly complex society with its myriad of different professions, which brought us prosperity and longevity never seen before in the history of mankind.

People are fascinated by the word “specialist“. It stands for the person who has got the right solution to most difficult problems, whose knowledge and abilities surpass those of the ordinary people, and who is an expert in his or her field. The generalist, on the other hand, is struck by the blemish of amateurism: he knows a lot, and has broad education, but to get an answer for an important question you would probably prefer the specialist. However, since the specialist has to limit the width of his knowledge in favor of its depth, he runs the risk of progressive concentric contraction of his visual field. Our society can only work, if in all of its sectors generalists coordinate the knowledge of specialists, arrange it, and set priorities. Thanks to his or her wide horizon, the generalist is able to keep in mind the whole thing, to appoint the specialist to the right place, and to distribute scarce resources in a wise and just way. Hence, the generalist is determined for leadership, as seen in politics and in business, and where almost nobody contests such a division of tasks.

In our profession, however, the relationship between generalists and specialists became more and more strained; this especially pertains to the medical school level, where the future directions of our health care system are defined. What makes the difference between a generalist and a specialist in medicine? Richard V. Lee from Buffalo, New York, published some thoughts concerning this question: he indeed found it much easier to define the specialist than the generalist. According to him, specialists have a focused and demarcated vista; they confine their thoughts and actions, avoiding clutter and vagueness; they are exclusive, expert. Generalists, on the other hand, are hard to grasp and do not constrict their horizons. Generalists inhabit a cluttered, untidy world. They are inclusive, welcoming; they know a lot about a lot, and they are always available. The methods used by generalists are the exact observation of the patient and the longterm pursuit of his or her disease. Specialists, on the other hand, intrude upon their patients with the help of their technical instruments; they act invasively. In many cases, the method of choice of the generalist is doing nothing – mere observation of a patient. For specialists, it is essential to always be active; they tend to discard the “undoable“ patient and move on to the next procedure. The dichotomy between generalists and specialists in internal medicine is the most important topic today; it will have far reaching consequences for the entire medicine.

Internal medicine was born on April 20, 1882, when the famous German Professor, Theodor Frerichs, opened the first German Congress of Internal Medicine in Wiesbaden. In his speech, he declared with pathos which was usual in those times: “We are leaving more and more the unity of the human body represented by internal medicine. It is the duty of internal medicine to hold together all subspecialties. Internal medicine is a broad stream, from which the different subspecialties branch off as smaller creeks. However, they would dry out in the sand, if they would be separated from the broad nourishing stream.” Internal medicine is the epitome of a generalistic subject. However, the enormous development of medical knowledge in the last few decades has made the increasing specialization unavoidable. The different organcentered specialties developed so to speak as the daughters of internal medicine. With their sophisticated techniques and methods, the experts of all these fields today achieve diagnoses and treatment results that were unthinkable some years ago. It is therefore understandable that these daughters desperately wanted to emancipate themselves from their internal medicine mother. They no longer want to be subspecialties of this subject, but to become independent specialties. In several European countries, they already reached this goal, which means that the decay of internal medicine is approved by legislating authorities.

The decay has begun where future internists are trained, i.e., in the departments of internal medicine at our universities. Here the sections of the organ subspecialties fought for their independence because they no longer wanted to live under the wings of an almighty department of internal medicine. The University of Bern, Switzerland, performed a quantum leap in this regard: several years ago, it totally abolished the department of internal medicine and horizontally integrated its components together with surgical subjects into organ‐centered departments. Thus, the heart department consists of the divisions of cardiology and cardiac surgery. At first glance, such total and consistent organizational fragmentation of the patient into his or her organs seems to be quite clever and logical. However, we have to carefully keep in mind the long‐term consequences of such an atomization of internal medicine for our health care system. Almost all ailments and diseases that motivate people to seek medical help belong to the field of internal medicine and can be treated by general internists and family practitioners in a competent and cost‐effective way. These physicians are generalists who are well aware of their limits, and therefore refer about 10% of their patients with specific problems to specialists.

Doctors learn their profession as generalists during their residency at the departments of internal medicine and the outpatient clinics of our hospitals. In all Western countries the average age of patients is old, often older than 70 years! Almost all these patients are polymorbid. This segment of our population, i.e., people over 70 years, is the fastest growing group of patients in all industrialized countries and requires the larg‐ est part of our health care expenditures. Therefore, the care for polymorbid patients is one of the most important and most difficult challenges for our health care system. This is the genuine domain of generalists, who aim at carefully considering their work‐up of the patient and their therapeutic activity; they always keep in mind the whole personality of the patient as well as the good quality of life, which should be the aim of all their endeavors.

In 1980s, everybody in Europe believed that the need for hospital beds would drastically decrease and that most patients would be treated in outpatient clinics and private practices. Everybody believed that the few patients that would nevertheless have to be admitted to the few remaining hospital beds could be cared for by superspecialists. However, in the last 10 years, the number of hospitalized patients has been relentlessly increasing in Europe, and they include primarily these old, polymorbid patients who need the care of generalists.

We need generalists to lead the training centers for future generalists, i.e., the departments of internal medicine at our hospitals. These heads of department should be leaders and set an example in the practice of holistic medicine to their young residents. Where do these heads of department come from? They have been trained in the departments of internal medicine at our universities. However, if exactly all these departments of internal medicine are abolished, the formation of future generalists is severely jeopardized. In several countries, the professional associations of general internists and family doctors demand a transfer of training from hospitals into their practices; that would mean something like an apprenticeship and resemble the formation of barefoot doctors. Of course, this is an illusory solution. It is my firm belief that medicine still is and always will be an academic profession.

What is the number of generalists we need? According to several studies conducted in the United States and Europe, 50% of all practicing physicians should be generalists. Any decrease in this figure would have grave economic consequences for the country. As we discussed above, specialists are interventionists and are trained to use their expensive techniques, such as endoscopies, cardiac catheters, and so on. In the health care system that prevails in many European countries and in the United States, patients are allowed to see every doctor they choose, which means that they are allowed to directly see a cardiologist if their ribs hurt. Therefore, the bad and expensive habit of “doctor shopping“ is real in those countries. This leads to a tremendous increase in our health care costs. And, as you all know, today we can simply no longer do everything that is feasible! We need to coordinate diagnostic work‐up and treatment plans for those polymorbid patients; in order to do that, we need experienced generalists. Of course, many colleagues will object that patients with heart and lung diseases or those with diabetes mellitus are much better cared for by specialists and that the care provided by generalists would diminish the quality of treat‐ ment. Several investigators explored this issue. In a review published in 1998, Martin T. Donohoe from Oregon concluded that there are differences, namely, that there are some deficiencies in the generalist’s care which are nonetheless minor compared with the deficiencies in longterm care and preventive measures not taken by all physicians, be they specialists or generalists!

In this dangerous situation, generalists are desperately needed to take right and moderate decisions. They are also the right people to counterbalance our modern, highly technical medicine. Of course, modern medicine has brought us unbelievable innovations. However, an alarming and increasing number of patients are seeking tender, loving care from all sorts of quacks because they no longer get it from us, whom they only see sitting behind cold machinery. In my department, we conducted a study on the percentage of cancer patients who were looking for advice from alternative healers. From earlier investigations, performed in the United States, we know that up to 80% of cancer patients use alternative methods. In my hospital, 39% of the patients have at least once used alternative methods in the course of their treatment. Probably, we do not take enough time to talk to our patients, to touch them, to listen to their heart using our good old stethoscope, to palpate the liver and spleen. Of course, echocardiography is much more precise than our stethoscope; the same is true for the ultrasonography of the abdomen. However, our patients have a profound need for the old intuitive “touchy‐feely” medicine, which was practiced by our old teachers – Aesculap and Hippocrates. For our generation, who grew up in the century of high technology, it is difficult to believe in this other side of medicine. However, the hopes and fears of our patients cling to the verbal and nonverbal communication abilities of us – doctors. In the case of a life-threatening disease, we cannot comfort our patients with medical statistics, outcome re‐ search, and randomized studies.

In summary, we definitely need both the specialist and the generalist. We owe all scientific innovations to specialists; they can solve most difficult problems in a minority of our patients. Generalists, on the other hand, have learned to care for the majority of our patients in a moderate and cost‐effective way. However, their formation is in danger if the decay of internal medicine cannot be brought to a halt.

quarta-feira, 29 de março de 2017

Ocorreu um evento adverso, e agora?

Acho que lá por 2008, talvez 2007, fui atrás do Lucas na pretensão de encontrar parceiro para difundir a segurança do paciente entre internistas hospitalares. Não o conhecia pessoalmente. Não temi o desconhecido, no sentido da postura muito comum de não abrir movimentos/associações com medo de perder o controle maior. Aproximei da entidade que fundei vários desconhecidos, na verdade.

De lá para cá, foram necessárias mudanças de nomes ou CNPJ's. Lucas sempre esteve disposto a trabalhar coletivamente, sem competição disfuncional. Impossível não festejar este momento (com vários internistas sendo expostos à segurança do paciente de alto nível) como extensão do trabalho inicial e sonho concretizado. 

Vários inicialmente desconhecidos entre si, mas dispostos a trabalhar sem competição disfuncional, estão mantendo vivo o que tentei criar lá atrás iniciando por um humilde grupo de estudos. Não trata-se apenas de uma maneira de reunir hospitalistas - engloba os meios através dos quais tentamos fazer,  uma filosofia de trabalho colaborativa de verdade.  

segunda-feira, 27 de março de 2017

Qualidade e segurança como parte da assistência, não adjuntos...

Lendo Antifrágil, de Nassim Nicholas Taleb, reforço minha tese de que qualidade e segurança não devem seguir externos a quem faz as coisas de fato.

De cima para baixo, vendem supostas soluções perfeitas. Mas Taleb aposta na imperfeição de quem faz, mais do que nos controladores ou acadêmicos.

Seria como apostar em/estimular profissionais da ponta para melhorias em qualidade, mais do que "especialistas" em qualidade.

Mas nós médicos e enfermeiros julgamo-nos muito atarefados. Por causa disso, segundo Taleb:

"Em nenhum momento da história tantas pessoas que não assumem riscos exerceram tanto controle".

"Assim como os pais neuroticamente superprotetores, aqueles que estão tentando ajudar são, muitas vezes, os que mais prejudicam."

O movimento da qualidade e segurança na saúde, dissociado de quem faz, é um adorável comércio, e, lamento dizer, uma grande farsa. Claro que não absoluta, como praticamente nada é.

Tentei historicamente promover um médico que contasse no seu currículo com qualidade e segurança [o hospitalista]. Poucos entenderam até hoje, insistindo em separar cabeça (qualidade e segurança) e corpo (assistência propriamente dita). Eu próprio hoje voltei a trabalhar as coisas em separado - e reconheço com tranquilidade minha limitação em conquistar resultados em melhoria de processos, justamente quando estou remunerado mais especificamente para isto.

Profissionais da qualidade e segurança não precisam ficar brabos. Acho que a culpa maior é justamente dos profissionais da ponta, que não demonstram o interesse necessário (seja porque o sistema não remunera, seja porque não possuem as competências e habilidades necessárias).

Profissionais específicos da qualidade e segurança deveriam ser como a Medicina Baseada em Evidência (vejam a importância que lhes dou ao os comparar com o que mais admiro na saúde): um norte, um apoio. Mas "apenas" isto...

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Co-manejos entre hospitalistas e outros médicos: como fazer?



A mensagem de Whatsapp é real. Assim não tem como funcionar! Percebam que o hospitalista não diz não. Diz que vai ajudar os colegas. Um bom grupo de MH tenta sempre ajudar!

Buscou, num segundo momento, correções de rumo com a Direção. Sem sucesso. Não há paciência que dure eternamente.

Assim não haverá casamentos em co-manejos, nem mesmo entre hospitalistas e hospitais.

Clica na imagem e leia artigo de SaúdeBusiness. 

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Choosing Wisely Brasil foi destaque na Revista Melhores Práticas

Choosing Wisely despertando atenção da mídia especializada. É muito bacana em contexto onde, há um ano atrás, isto era apenas uma ideia em minha cabeça. Legal também ver tratar-se hoje de um projeto colaborativo. Nesta matéria, apenas parceiros envolvidos.




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