domingo, 14 de dezembro de 2014

Interessado em trabalhar como hospitalista no Divina?

Entre em contato conosco através de medicinahospitalar@gmail.com.

No e-mail, além do currículo, envie breve mensagem explicando o interesse.

Crescem em número empresas que oferecem trabalho médico

Leia esta interessante matéria: http://www.healthleadersmedia.com/page-1/PHY-310878/Physician-Staffing-Firms-Seeing-DoubleDigit-Growth

Lá no início do movimento dos Hospitalistas no Brasil, poucos davam importância. Definitivamente nenhum conglomerado médico. Com o crescimento, pessoas e grupos aproximaram-se. Mas era evidente o interesse secundário no hospitalista propriamente dito por parte de muitos. Frequentemente queriam intermediar trabalho médico - "liderando". Alguns já com experiência parecida de "empresas de prestação de serviços para UTI's". Nunca me interessei por isto. John Nelson, consultor em MH e pioneiro nos EUA - http://www.nelsonflores.com - declara oficialmente em seu site também não empregar colegas, por princípio. O artigo acima trata de uma tendência de mercado que vem crescendo aqui também, tal como a demanda por hospitalistas, com colegas médicos encabeçando muitas destas empresas. Historicamente, na Medicina Intensiva, serviram mais para os "gestores" do que para os profissionais da ponta. Meu movimento sempre foi pensado de "baixo para cima", e sem atravessadores. Estas empresas não são necessariamente algo ruim, absolutamente. Sabia que aconteceriam se o movimento pegasse. Mas sempre as vi como consequência, não como o movimento em si - muito pelo contrário então. Sigo buscando melhores condições para fazer o que [ainda] quero: ver pacientes hospitalizados, e ajudar que outros clínicos façam o mesmo.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Programa de MH do Hospital da Cruz Vermellha - Curitiba - Paraná

Tem HOSPITALISTA no Hospital da Cruz Vermelha. Nada utópico. Dentro do que sempre defendi. E que fez uma aspirante à subespecialista estar considerando ficar "só na Clínica Médica"!


Reparem no avental do Paulo Paim, com "hospitalista" caprichosamente bordado... E alguns diziam que não se materializaria... Até nos detalhes então…

Leia mais sobre a visita aqui: http://saudebusiness365.com.br/blogs/post/44090/programa-de-mh-do-hospital-da-cruz-vermelha-parana 

domingo, 9 de novembro de 2014

II Seminário Piauiense de Gestão em Saúde







Falei de custos na saúde, da contribuição das organizações e dos médicos, e de sugestões de como fazer melhor. Sem fugir de tom provocador, mostrei peças publicitárias de organizações de Teresina e como traduzem uma cultura a ser modificada. Uma delas era de patrocinador. Espero ter acertado no tom. Espero ter ajudado para pensarmos mais fora da caixa.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Não mais discuto conflitos de interesse na Medicina

Encerrei momentaneamente minha participação neste tema e neste outro Blog, onde explico melhor [fala de] motivações. Presenteio-me com mais tempo livre.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Hospitalista é assunto em Aracajú...


e, logo depois, em Curitiba.

É a MH bombando pelo Brasil!

Alfredo agora colocou no papel… Saiu o livro


Fiquei lisongeado pela citação em Agradecimentos.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Hospitalista/advogado da Harvard abordará interfaces entre qualidade, segurança e judicialização

Fiquei muito feliz em atuar como facilitador desta iniciativa. Será promovida pela SOTIRGS, mas hospitalistas estão convidados:


domingo, 17 de agosto de 2014

Hospitalistas estiveram reunidos no Rio de Janeiro

O evento ocorreu junto ao Safety, organizado anualmente na cidade maravilhosa, desde 2008, por Alfredo Guarischi. Antes de destacar alguns pontos de interesse geral, não posso deixar de agradecer publicamente o próprio Guarischi pela parceria, bem como a presença de lideranças históricas do movimento de Medicina Hospitalar, como Rafaela Komorowski Dal Molin, do Hospital Mãe de Deus, de Porto Alegre; Breno Figueiredo Gomes, agora do Hospital Mater Dei, de Belo Horizonte; Alze Pereira dos Santos, do Paulistano; e até mesmo Clovis T. Bevilacqua Filho, já não diretamente envolvido com MH, mas co-responsável comigo e Valdir Ruzicki pelo primeiro site sobre hospitalistas do Brasil, de 2004.

O Congresso Brasileiro de Médicos Hospitalistas e o Safety2014 tiveram juntos cerca de 800 participantes (aguardo dados definitivos de Alfredo Guarischi), tendo a parceria sido provavelmente o principal fator responsável pelo expressivo números de médicos em evento primordialmente de segurança do paciente, batendo de longe números obtidos em outros Safetys.

Coube a Gibran Avelino Frandoloso, de Curitiba, na imagem abaixo, apresentar o hospitalista e o trabalho desenvolvido por nosso grupo. Lançou nossa próxima iniciativa, o I Encontro Paranaense de Médicos Hospitalistas, a ocorrer logo mais em outubro.


Dito isto, quero destacar dois palestrantes, um nacional e outro internacional, e algumas questões técnicas ou operacionais:

O engenheiro de produção carioca Felipe Espindola Treistman trouxe a seguinte provocação aos participantes: “Podemos aprender algo com os hospitais indianos?”. Tendo realizado uma missão técnica na Índia, apresentou informações e dados muito interessantes:

- O grupo Aravind realiza sozinho, em um ano, mais do que a metade de todas as cirurgias oftalmológicas realizadas no sistema inglês. À um custo muito, mas muito menor, do que no NHS.

- Nada disto seria importante se houvesse mais eventos adversos. No entanto, os resultados lá são melhores também neste quesito.

Quais foram algumas características observadas por Felipe dos hospitais indianos de referência visitados?

- Possuem processos altamente padronizados;

- Todos os profissionais (inclusive médicos) atuam em dedicação exclusiva;

- O trabalho do médico é focado nas tarefas mais complexas e que agregam valor, em paralelo ao aumento da participação de enfermeiros, técnicos e outros profissionais;

- Há flexibilidade de alocação dos médicos (em nome da eficiência, em um paralelo com um serviço de emergência brasileiro, não houvesse pacientes no setor de graves, o médico ali posicionado passaria a atender “consultinhas”, colaborando para o encurtamento da fila e otimização dos tempos);

- Distribuição inicial dos profissionais baseada em previsão confiável da demanda e, portanto, variável;

- Executam intensa análise de indicadores de produtividade e qualidade;

- Reuniões periódicas de análise de indicadores são feitas com presença de gestores, médicos e demais profissionais;

- Auditorias internas diárias para avaliar a qualidade de preenchimento dos prontuários.

O outro é o hospitalista John Bulger, fundador do Programa de Medicina Hospitalar do Geisinger Medical Center, Chief Quality Officer for the Geisinger Health System e membro da Agency for Healthcare Research and Quality e do National Quality Forum, EUA.

Apresentou o ProvenCare®, iniciativa de sua organização, altamente relevante, e provavelmente replicável em nosso meio.

Trata-se de um programa para entrega a todos os pacientes e a todo momento, em situações específicas, de cuidados baseados nas melhores evidências. O primeira testada por eles foi cirurgia cardíaca, onde reduziram expressivamente tempo de internação, readmissões, mortalidade e custos. Veja parte da apresentação abaixo:


ProvenCare® inclui módulos com os seguintes componentes:

- Definição clara do que constitui cuidado apropriado na situação especifíca;

- Desenvolvimento de consenso local sobre quais práticas devem SEMPRE ser entregues;

- Aprimoramento do fluxo de trabalho, incluindo melhorias de prontuário eletrônico para facilitar os profissionais na identificação e na tomada de decisão;

- Ativação de pacientes e familiares;

- Monitoramento e feedback das performances de grupos e indivíduos;

- Empacotamento como modelo de remuneração (opcional).

Tal como Felipe com a experiência indiana, Bulger destacou fortemente o papel da padronização para os resultados obtidos.

Já em sua outra palestra, o hospitalista, autor principal das recomendações da Society of Hospital Medicina para a Choosing Wisely®, destacou fontes de desperdício de recursos na Medicina Hospitalar e uma lista de coisas que NÃO devem ser feitas, em benefício do sistema e, principalmente, dos pacientes: veja no post anterior.

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Entrevistado do vídeo da postagem anterior confirma retorno à Porto Alegre

Será em outubro e como palestrante do mês em nossas atividades do Programa de Medicina Hospitalar no Hospital Divina Providência. Mais informações em breve.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Confundem hospitalistas

Ainda há muito trabalho de promoção do conceito a ser feito.

Em hospital onde atuo como intensivista, recentemente fui convidado para palestrar na principal atividade científica. Assunto: Time de Resposta Rápida. Indiquei colegas com maior experiência. Houve certa insistência, eu havia sido bem recomendado, afinal de contas era ou não era expert em hospitalistas????

Trata-se de histórica confusão entre hospitalistas e TRR, já discutida em:



Depois outros disseram-me que poderia ter usado da experiência na implantação de TRR no HDP, que deveria ter aceitado igual. O fato é que o evento ficou melhor assim:


segunda-feira, 21 de julho de 2014

Algumas mensagens de hospitalistas norte-americanos para mim, ao longo destes anos…

Divulgação de textos ou depoimentos daqueles que iniciaram e promoveram a MH nos EUA é fundamental para melhor aproveitamento do modelo em nosso meio (parte 1)

de Robert Wachter, 2010

"It is gratifying to watch the growth of the hospitalist movement in Brazil. As you know, the field has grown remarkably quickly in the US, and it is now the fastest growing specialty in American medical history. Its growth has been driven by both research and experience documenting that strong hospitalist programs lead to improved quality, efficiency, and medical education. Moreover, with the increasing emphasis on improving systems of care, hospitalists came along at precisely the right time: their focus on both the care of individual patients and on making hospital systems work better is now considered the leading edge of an attitude we're trying to promote in all our physicians.

Early on, many hospitalists in the United States complained that they were not considered full-fledged physicians; some talked about being treated like "super-residents." Although I still hear this complaint from time to time, it is now fairly unusual. Most physicians, hospitals, and patients have recognized the central role of hospitalists in direct care and coordination, and hospitalists have assumed their role at the center of many systems. In fact, increasing numbers of hospitalists are assuming leadership positions. At the University of California, San Francisco (UCSF), for example, hospitalists in my group are now the Associate Chief Medical Officer, the Medical Director for Information Technology, and the Associate Chair for Safety and Quality (in addition to a number of other important roles). This is one small window into the fact that our hospitalists are now considered full-fledged, highly respected members of the medical staff.

This transition is natural; while there are things that hospitalists can and should do to move it along, it is the natural evolution of a specialty, as it transitions from new idea into a mature field with well trained specialists, separate certification, and widespread recognition of its value. Hospitalists bring such value to all of the parties: primary care doctors, specialists, hospital leaders, and most importantly, patients. It is just a matter of time before this value is fully recognized in Brazil.

-- Bob Wachter"
de Joseph A. Miller (Senior Vice President, Society of Hospital Medicine), 2008
"Hospital Medicine has grown as a marketplace phenomena, not because of any mandate. A few things drove this development here:

1st, community physicians were not willing to take call to cover the emergencies at their hospitals. Hospitals were forced to hire hospitalists to assume responsibility for "unassigned patients" in the emergency department. Community physicians did not complain about this because this was taking a burden off of them.

In parallel with this, managed care oversight impacted the amount of inpatient "business" for community physicians. With fewer and fewer patients in the hospital (and those that were in the hospital being complex, sick patients), the economics of doing inpatient care became less desirable for community physicians. In a slow but steady fashion, community physicians began to refer their patients to hospitalists.

In addition, 2 other "forces" impacted the growth of hospital medicine. 1) At teaching hospitals, resident work hours were limited by new national policy. Thus, hospitalists had to be hired to assume to front line responsibility for patient care at teaching hospitals. 2) Multi-specialty group practices made the decision to implement hospitals because they saw it as a superior model and one that made sense economically and from a lifestyle perspective.

Thus, although there was outright hostility to hospitalists in the early days, once a program is implemented at a given hospital, often the most vocal critics change their minds within relatively short periods of time.
Good luck!

JOE"

de Gregory Maynard, UCSD, 2008 (C’mon in, the water is just fine)

"I present to you a few thoughts on hospital medicine and the role that “hospitalists” play in the United States. Of course, your local environments are not identical to the USA environment, but I believe the basic dynamics and the potential for hospital medicine are the same. It is my perception that Brazil is now at a stage that was prevalent in the US about ten years ago, with respects to hospitalists and the role that they play. At that time, the concept of physicians dedicated to hospital medicine was fairly new, and many in the medical community viewed this development with alarm and suspicion. There were many myths and fears that were soon swept aside by the realities of the benefits of hospital medicine. I present some of the more common fears to you, along with a more current view of the reality in the US.

Myth:
Hospitalists will steal my patients.

Reality:
Hospitalists are dedicated inpatient clinicians. They do not have outpatient practices. They can assume primary care for patients while they are in the hospital, but depend on community physicians to provide post hospitalization care. Generally, use of hospital medicine services in voluntary.

Myth:
I will lose prestige and money if I use hospitalists to provide care for my hospitalized patients.

Reality:
The early reluctance to use hospitalists in the US has largely disappeared, as evidenced by the astronomical growth of the hospital medicine movement here. Much of the growth of hospital medicine in the US is fueled by the advantages they provide to community physicians, surgeons, and sub-specialists. These groups soon realized that they could work much more efficiently in their office or consultative settings when they did not have to go from the office to the hospital setting every day, take care of patients in the middle of the night, or go to several hospitals in a day. The reimbursement for their relatively small inpatient practice was not worth the travel time and time lost from their core work. Patients appreciated having a physician that was very familiar with the inner workings of the hospital available to them for more the day. Providing that their primary care provider and hospitalist communicate and explain their respective roles, patient satisfaction with the arrangement is very good.

Myth:
Hospitalists should restrict their work to urgent / emergent needs of inpatients when I am not physically present.

Reality:
Hospitalists are uniquely positioned to take comprehensive care of the inpatient with complex problems. Their availability is only one of the reasons why they produce better outcomes than non-hospitalists in study after study. They are vested in making the hospital environment and the systems of care better and safer for patients and staff. They ‘own’ rather than ‘rent’ the use of the hospital and the complex systems within it, and are rapidly assuming leadership roles in all manner of quality and safety initiatives. They are constantly focused on protocols and the standardization of care in their work environment, and the modern medical center needs this kind of focus to improve their overall patient outcomes.

I suggest you find a good hospitalist group and make sure you have a communication plan worked out, and just try the arrangement on a few of your patients… you’ll soon see the advantages for yourself. C’mon in, the water is just fine.

Regards.
Greg Maynard MD, MSc
Clinical Professor of Medicine and Chief, Division of Hospital Medicine
University of California, San Diego"

domingo, 20 de julho de 2014

Perversidades decorrentes de um modelo de remuneração maluco


Hospitalistas brasileiros inovando. Para ver muitos pacientes (quantos assim precisariam permanecer internados?), criaram um carimbo que facilita o registro diário...

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Hospitalistas em absoluto destaque para países de língua portuguesa

Walter Mendes, da Fiocruz, deu-me a oportunidade de contribuir em módulo intitulado Comunicação entre profissionais de saúde e a segurança do paciente.

Quando convidou-me, perguntei sobre a possibilidade de inserir o tema hospitalista. Ele então lembrou o quanto defendo a qualidade e a segurança nas passagens de informações, ao mesmo tempo em que defendo que estas passagens ocorram o mínimo necessário (handoff e handover só são bons mesmo para quem vende ferramentas de otimização - na vida real são maus necessários, por vezes nem tanto). E recordou que sempre bato na importância de 01 médico como responsável maior pelo paciente hospitalizado - o coordenador médico do cuidado hospitalar. Eis que disse: será neste módulo que promoveremos também o conceito do hospitalista - através da sugestão de equipes coesas e com o médico literalmente junto, da comunicação preferencialmente presencial do médico nas diversas interfaces possíveis do ambiente hospitalar.


Pois é com intensa satisfação que poderei, através de capítulo do livro didático do curso internacional, apresentar o hospitalista para profissionais da saúde do Brasil, de Portugal, dos PALOPs (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa) e do Timor-Leste. Provavelmente atingiremos pessoas que nunca ouviram falar sobre o modelo. Pessoalmente, nunca imaginei levar isto para tão longe.


quarta-feira, 9 de julho de 2014

O manifesto de Romário e as bases da corrupção

Em um texto grande que pode ser lido na íntegra aqui, Romário diz:

"… A corrupção da CBF tem raízes em todos os clubes brasileiros, vale lembrar que são as federações e clubes que elegem há anos o mesmo grupo de cartolas, com os mesmos métodos de gestão arcaicos e corruptos implementados por João Havelange e Ricardo Teixeira e mantidos por Marin e Del Nero. Vale lembrar, que estes dois últimos mudaram o estatuto da entidade e anteciparam a eleição da CBF para antes da Copa. Já prevendo uma possível derrota e a dificuldade que eles teriam de se manter no poder com um quadro desfavorável.

E os clubes? Sim, eles também são responsáveis por essa crise. Gestões fraudulentas, falta de investimento na base, na formação de atletas. Grandes clubes brasileiros estão falindo afogados em dívidas bilionárias com bancos e não pagamentos de impostos como INSS, FGTS e Receita Federal.

E toda essa má gestão que tem destruído o nosso futebol, infelizmente, tem sido respaldada há anos pelo Congresso Nacional…
"

Enquanto muitos estão apontando o dedo para a CBF, no seu mundinho permitem, direta ou indiretamente, práticas semelhantes. 

Corrupção não tem solução. Mas como seria melhor se houvesse menor tolerância a ela por terceiros mesmo quando os resultados das práticas pelas pessoas que a executam também os beneficiam. Havia escrito sobre isto aqui. Romário ilustra com maestria.

Neste sistema onde há concessões, permissividade e relativização por quem não faz diretamente, mas se aproveita do resultado final, não consigo ver o corrupto como muitos costumam. É apenas o mais corajoso de um grande grupo.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Reações adversas a medicamentos: um problema negligenciado?


por Maria Angélica Pires Ferreira, médica, membro executivo da Comissão de Medicamentos (COMEDI) e Simone Mahmud, farmacêutica, chefe do Serviço de Farmácia. Coordenadora do programa de Uso Seguro de Medicamentos. em BOLETIM QUALIS/HCPA nº2 Junho de 2014

Reações adversas a medicamentos (RAM) são definidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como “qualquer efeito nocivo e não intencional que ocorre após a administração de um medicamento em doses normalmente utilizadas pelo homem para profilaxia, diagnóstico ou tratamento de uma enfermidade”.

Os dados na literatura sobre a epidemiologia das RAM são subestimados devido à falta de registros em prontuários clínicos e à dificuldade de diagnóstico, sendo que a maioria dos estudos que determinam a prevalência de RAM são prospectivos. Uma meta-análise que englobou 39 estudos prospectivos demonstrou que a incidência global de reações adversas graves foi de 6,7% (IC 95%, 5,2% - 8,2%) e de reações fatais foi de 0,32% (IC 95%, 0,23% -0,41%) dos pacientes hospitalizados. 

Adverse drug reactions as cause of admission to hospital: prospective analysis of 18820 patients. BMJ 2004; 329 doi: http://dx.doi.org/10.1136/bmj.329.7456.15
Incidence of Adverse Drug Reactions in Hospitalized Patients: A Meta-analysis of Prospective Studies. Jason Lazarou, MSc; Bruce H. Pomeranz, MD, PhD; Paul N. Corey, PhD. JAMA 1998;279(15):1200-1205.

As reações indesejáveis induzidas por medicamentos podem ser previsíveis ou não. No primeiro caso, enquadram-se aquelas que podem ser antecipadas a partir dos conhecimentos da farmacologia do medicamento ou decorrente de interações medicamentosas, enquanto as imprevisíveis englobam as reações imunologicamente mediadas e as reações idiossincrásicas. Neste contexto, devem-se considerar as características individuais que podem alterar os efeitos da medicação. Por exemplo, em uma mesma dose o medicamento pode ser terapêutico para alguns indivíduos ou desencadear toxicidade para outros e as RAM podem ser consequência de interações entre medicamentos.

Apesar de serem comuns, as RAM frequentemente passam despercebidas. Isso ocorre em parte devido à dificuldade de diferenciá-las de outros problemas clínicos, mas também pode representar a falta de conscientização sobre o problema, cuja busca e identificação não está instituída de forma sistematizada na rotina assistencial. Dessa forma, principalmente em pacientes graves, que fazem uso de múltiplos medicamentos, a ocorrência de sinais e sintomas inexplicados, ou deterioração clínica inesperada, deve-se estar atento para a possibilidade de as manifestações serem decorrentes de RAM.

O Hospital de Clínicas tem um processo estabelecido de farmacovigilância que realiza busca ativa de RAM por meio de registro em prontuários. Durante os mais de dez anos de acompanhamento, tem se verificado que o processo de registro em prontuários é deficitário, dificultando a identificação e notificação de RAM. Para ilustrar, em 2014 houve 17 registros de RAM, sendo quatro delas consideradas graves e uma fatal. Os principais medicamentos relacionados foram: cefepime, heparina, sacarato de hidróxido de ferro e clozapina.

A falta de registro em prontuário representa um problema tanto em nível individual, no que se refere à assistência, ao dificultar a comunicação e a avaliação do caso entre os membros da equipe, como também um problema em nível sistêmico, uma vez que as RAM não são identificadas corretamente na instituição a fim de se tomarem medidas cabíveis com vista à prevenção e controle. Metodologias alternativas de busca de RAM estão sendo consideradas do ponto de vista institucional para que possam ser identificadas precocemente. No entanto, o registro das RAM no prontuário é fundamental para o desenvolvimento de ações preventivas.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Inscrições "reparadoras" para o Congresso Brasileiro de Médicos Hospitalistas / Rio de Janeiro

Foram encaminhadas esta semana mensagens a todos aqueles que se associaram em entidade criada por mim no passado, durante minhas gestões, investindo dinheiro e depositando confiança no projeto. O futuro da organização a eles deveria ter pertencido, mas individualmente sabem do que foram privados. Alguns e-mails voltaram. Como tenho cópia de todas as planilhas da época, bem como de comprovantes de pagamentos, sintam-se a vontade para entrar em contato através de medicinahospitalar@gmail.com e solicitar sua inscrição promocional.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Gestão de Corpo Clínico: entre conceitos ultrapassados, novas realidades e hospitalistas

Participei em recente evento de Gestão do Corpo Clínico, em São Paulo, entre maioria de palestrantes e participantes representantes do nível estratégico ou do alto nível tático de organizações hospitalares brasileiras. O painel foi sobre corpo clínico aberto versus corpo clínico fechado, e fiquei com a impressão, a partir de conversas preliminares, de que, pela minha identificação com hospitalistas, muitos esperavam defesa contundente ou exclusiva de corpo clínico fechado. E que boa parte destes esperava que eu fosse propor isto na forma de Revolução, substituindo o “velho” pelo “novo”, onde todo hospital privado virasse integralmente de equipes contratadas (em parte pelo mito do hospitalista como obrigatoriamente empregado do hospital) e com generalistas não subjugados ao poder de terceiros (mito da autonomia médica como variável indivisível).

Para começar deliberadamente confundindo, apresentei dados de 2011 Today’s Hospitalist Compensation & Career Survey: Mais da metade dos hospitalistas nos EUA não são empregados dos hospitais! Muitos ainda não compreendem além de superficialmente o modelo, e que as possibilidades de contratos, vínculos e formas de remuneração dos profissionais podem variar bastante. Interessa mesmo onde se quer chegar, e como se vai tentar.

A partir disto, posicionei-me dizendo que as definições clássicas de corpo clínico aberto e fechado, da década de 70, já não dão conta da complexidade e do dinamismo da prática hospitalar moderna. Além disto, são pouco centradas no paciente e, muito frequentemente, servem apenas para fomentar exercícios de poder improdutivos*.

* tanto exercícios de poder do tipo “aqui neste pedaço mando eu e mais ninguém”, como o contrário. Estive em hospital recentemente cujo grupo da Emergência justificou lacunas em etapas do cuidado e/ou de registros em prontuário com o argumento de que o paciente era do médico x ou y, representante de corpo clínico aberto. Quando questionei, rebateram com a importância da coordenação do cuidado por uma única pessoa e da continuidade não apenas do cuidado, mas das e nas equipes, dizendo que eu próprio defendia isto (leia aqui e aqui). Ocorre que, na vida real, 100% de continuidade pela mesma pessoa é meta intangível, não podendo servir de justificativa para não fazer o que não deve ficar para depois, mesmo que rediscutamos tarefas e funções logo ali adiante. Em recente evento internacional, escutei apresentação de Eric Edwin Howell, Division Director, Collaborative Inpatient Medicine Service (CIMS) at Johns Hopkins Bayview Medical Center, onde disse que, no seu hospital, há um grupo que trabalha estratégias para troca mais segura de informações entre profissionais e entre equipes. Ele, segundo suas próprias palavras, trabalha para que este grupo seja o menos necessário possível. Percebam como são questões complementares, embora exista hierarquia de importância.

Em palestra anterior a minha, fora do painel em que participei, houve quem apresentou a seguinte ideia: “O corpo clínico pode ser composto por médicos contratados ou é aberto”, dando a entender no seguimento imediato que avaliação de desempenho poderia/deveria ser feita apenas em um deles – o mesmo grupo do qual seria indicado exigir imediata e não negociável adesão a normas e rotinas. Fiquei com a certeza, neste momento e em algumas outras oportunidades distribuídas por todo o evento, que muitos gestores convictos de que não podem prescindir do seu corpo clínico aberto os tratam como "mal necessário". O termo mais usado para criticar o profissional foi “distante”. Não é de se surpreender que reclamem de falta de parceria, por mais que tentem agradá-los: até mesmo na vida, quando, em um casamento, alguém está ali por pura obrigação, e não por convicção, pode existir contrato e até intenção, mas não haverá sintonia e reciprocidade espontânea.

Ora, o profissional distante não é necessariamente indesejável. E, muito menos, é ou deve ser ingerenciável (a dificuldade aumenta, isso sim). Assim como (e voltando ao ponto central) acredito que, nos dias de hoje, cria-se uma dicotomia muito pouco prática ao se sugerir escolha binária (entre duas alternativas e uma, ou outra, tem de ser escolhida). A complexidade e o dinamismo da prática moderna exigem entrelaçamentos e inovações.

O sistema norte-americano (e cada vez mais o nosso) já está claramente dividido com 3 tipos de médicos categorizados de acordo com sua relação com o hospital, e não mais em corpo clínico aberto ou fechado: The Home Team (intensivistas, emergencistas e, mais recentemente, hospitalistas - entre outras inúmeras possibilidades que merecem muito cuidadosa avaliação de custo-efetividade), Important Visitors e Office-Based Physicians. O que deve determinar a escolha entre os dois primeiros? A realidade local e atual (quem és, qual teu perfil, quem são teus pacientes, onde queres chegar, o que é mais custo-efetivo para a tua organização) deve pautar a maior utilização de um ou de outro, bem como a maneira de se relacionarem. Não se trata mais de escolher um ou outro. E neste novo cenário, um médico distante não necessariamente é ruim. Interessa seu desempenho e seus resultados. Determinada organização poderia optar por usar de tele-dermatologia, por exemplo, e isto não deveria implicar que o professional atue dissociado de políticas institucionais ou procedimentos operacionais padrões, descompromissado com ações que gerem qualidade e valor, mesmo estando, e literalmente, à distância. Bem como acredito que determinados perfis de hospitais não beneficiam-se de médicos “tão próximos” nas enfermarias, digo hospitalistas. É preciso medir, autoconhecer, e então escolher, gerenciar. Há instituições que reclamam de seu corpo clínico aberto, sem saber os resultados das diversidades envolvidas. Como colocou César Abicalaffe em sua apresentação no mesmo evento: “se você não pode medir, você não pode gerenciar” (Drucker); “se você não pode gerenciar, você não pode melhorar” (Harrington); “melhor é a avaliação de desempenho e seus resultados em saúde quando analisa o resultado de ações integradas (mundo real), mas discriminando e diferenciando participantes com consistência, transparência e comunicação assertiva com todos os envolvidos” (Abicalaffe).

Cabe as organizações então, a partir de seus princípios essenciais (missão, visão e valores) e metas estratégicas, estabelecer necessidades, funções e objetivos. E padrões mínimos para todos*, sejam médicos distantes, visitantes ou próprios da casa. Promover trabalho em equipe. Qualquer coisa diferente disto é desequilibrar a balança para pura conveniência de alguns, sem foco no paciente. Tão importante quanto o cliente externo deve ser o cliente interno, que não pode ficar como o mexilhão, pressionado entre o mar e o rochedo - analogia capaz de ilustrar bem a natureza antagônica ou contraproducente da competição entre diversos stakeholders em nosso sistema de saúde.

* Administrators must measure quality indicators, mortality, length of stay, readmissions, infection rates, cost per case and other metrics and set minimum standards for physicians who practice in their hospital whether they are hospitalists or not. The minimum standards should be the same for all. Perverse financial incentives will unfortunately promote care processes that are not necessarily in the best interest of the patients. David Klocke, Chair, Division HM, Mayo Clinic em troca de e-mails comigo em 10/2010.

No final de minha fala, apresentei um modelo global de assistência em enfermarias onde encaixo hospitalistas com o modelo tradicional, não em substituição, também não como “serviço de apoio” exclusivamente.

Recentemente, Gerente de Qualidade e Segurança de tradicional hospital paulista disse-me: “vontade até teríamos de ter o tipo de hospitalista que defendes, mas não podemos em razão de nosso corpo clínico”. Espero ter sido capaz de demonstrar que não proponho nenhuma Revolução.

Se é verdade que médicos têm muito a melhorar, desapegando-se de seus próprios mitos e crenças, está na hora de gestores pararem de tratar médicos visitantes como “intocáveis” e intensivistas, emergencistas e hospitalistas como “móveis e utensílios”.

Os desafios da próxima década são Trabalho em Equipe, Avaliação de Desempenho e Gestão de Pessoas.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

sábado, 14 de junho de 2014

SRR / HDP

Para o hospital que ofereceu condições de atuação como verdadeiros hospitalistas, o grupo entregou resultado de "quality improvement project", onde o restante do corpo clínico é beneficiado pela disponibilidade do pessoal no hospital... esta é a folha de rosto da divulgação interna da iniciativa.


terça-feira, 3 de junho de 2014

Gestão do Corpo Clínico: conceitos demais, resultados nem sempre tão claros

Com a adoção crescente da Medicina Hospitalar, sobejamente estabelecida como estratégia de resultados inquestionáveis em ganho para os pacientes e para a organização quanto à qualidade assistencial, muitos gestores acreditam que basta a contratação de uma boa equipe de hospitalistas e todos os seus problemas relacionados ao Corpo Clínico estarão resolvidos. A Medicina Hospitalar é um dos instrumentos mais valiosos que um gestor pode dispor em seu hospital. Mas não é a expressão da proposição em si [LEIA MAIS texto de Sandro Scárdua].

domingo, 1 de junho de 2014

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Safety2014 e Congresso Brasileiro de Médicos Hospitalistas - Rio de Janeiro - Programação Preliminar

6 de agosto de 2014 – Quarta-feira

Manhã

Cerimônia de Abertura do Congresso Brasileiro de Médicos Hospitalistas
Palestrante: Dr. Alfredo Guarischi, RJ
Podemos aprender algo com os hospitais indianos?
Palestrante: Engenheiro Felipe Espindola Treistman, RJ
Estamos de volta: Movimento Hospitalista de Futuro
Palestrante: Dr. Gibran Avelino Frandoloso, PR
Clinical and operational issues on Perioperative Care
Palestrante: Dr. Neil Winawer, USA
Terapia inalatória no hospital: fatos e controversas
Palestrante: Dr. Roger Pirath Rodrigues, SC
Delirium: the best treatment is prevention
Palestrante: Dra. Aleta Borrud, EUA

Moderadores: Gibran Avelino Frandoloso e Breno Figueiredo Gomes
Tarde

Painel: Uso Racional de Medicamentos e Tecnologias
Violações dos Princípios da MBE no Ambiente Hospitalar
Palestrante:Dr. Luis Cláudio Correia, BA
The Choosing Wisely® Campaign and the Hospital Medicine Recommendations
Palestrante:Dr. John Bulger, USA
Controle de Sintomas em Cuidados Paliativos
Palestrante: Dr. Daniel Neves Forte, SP
Factors affecting outcome of critical illness in the older patient
Palestrante: Dra. Aleta Borrud, USA
Encerramento
Palestrante Dra. Yanne Amorin, BA

Moderadores: Tiago Daltoé e Yanne Amorin
7 de agosto de 2014 – Quinta-feira

Manhã

Abertura do Safety 2014
Palestrante: Dr. Alfredo Guarischi, RJ
Medicine that comes with a “warranty”, is it possibble?
Palestrante: Dr. John Bulger, USA
Morbidity and Mortality Conferences, YOU should do more!
Palestrante: Dr. Neil Winawer, USA
Filmes livres selecionados
Coordenação: Dr. Walter Mendes, FioCruz
Para ver mais, entre em SAFETY2014

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Mário Scheffer: “ANS foi capturada pelos planos de saúde”

por Conceição Lemes, Viomundo

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) tem como missão a defesa do interesse dos usuários de planos privados de saúde e a regulação das relações entre operadoras e consumidores.

Em julho de 2013, o advogado Elano Rodrigues Figueiredo foi indicado para ser seu diretor. Só que ele omitiu no currículo enviado à presidenta Dilma Rousseff e na sabatina no Senado uma informação crucial: era ex-funcionário de planos de saúde.

O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), apoiado pelo Centro Brasileiro de Estudos em Saúde (Cebes) e Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), levou o caso à Comissão de Ética Pública da Presidência da República.

O relator foi o advogado Mauro de Azevedo Menezes. Em seu voto, seguido pelos demais membros da Comissão, recomendou à Dilma a destituição de Elano devido “à existência de graves e reiteradas violações éticas”.

Há uma nova polêmica nessa mesma área.

Em março, a Presidência da República indicou para o cargo de diretor da ANS o médico José Carlos de Souza Abrahão.

De 2003 a abril de 2014, ele presidiu a Confederação Nacional de Saúde Hospitais, Estabelecimentos e Serviços (CNS), entidade sindical que representa estabelecimentos de serviços de saúde no País, entre os quais as operadoras de planos de saúde.

Ele já se manifestou publicamente contra o ressarcimento do SUS pelas operadoras de planos de saúde, inclusive em artigo publicado na Folha de S. Paulo. Mas, curiosamente, se “esqueceu” de incluí-lo na lista de publicações informadas ao Senado em seu currículo.

Idec, Cebes, Abrasco e Abres (Associação Brasileira de Economia da Saúde) já denunciaram a indicação, repudiada também pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS) na semana passada.

Mesmo assim, o nome de Abrahão está mantido. Na segunda-feira 12, ele tomou posse no Rio de Janeiro como diretor da ANS.

Entidades de defesa do consumidor e de saúde pública vão recorrer à Comissão de Ética Pública da Presidência da República. Abrahão é contra o ressarcimento do SUS pelos serviços prestados aos usuários de planos privados de saúde.

“Desde a criação da ANS, no início de 2000, até hoje, o SUS recebeu apenas R$ 447 milhões de ressarcimento dos planos privados”, denuncia o professor Mario Scheffer. “Calcula-se, por baixo, que por ano os planos deveriam pagar ao SUS, no mínimo, R$ 1 bilhão por serviços prestados aos seus clientes”.

“Abrahão simboliza decisões políticas recentes definidoras dos rumos do sistema de saúde brasileiro. O que está em jogo é o poder de um mercado bilionário. Só em 2013 os planos privados de saúde faturaram R$ 100 bilhões”, afirma Scheffer. “ A ANS foi capturada pelos planos privados de saúde e o SUS é que sai perdendo”.

Mário Scheffer é professor do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP e estudioso do sistema de saúde brasileiro. Foi uma das lideranças, pela sociedade civil, do processo de mobilização que chegou à regulamentação dos planos de saúde, em 1998. É autor, juntamente com Ligia Bahia (UFRJ), do livro Planos e Seguros de Saúde no Brasil: o que todos devem saber sobre a assistência médica suplementar (Editora Unesp).

Segue a entrevista, na íntegra.

Viomundo – Em uma palavra, o que acha da indicação de Abrahão para diretor da ANS?

Mário Scheffer – Lamentável.

Viomundo – Por quê?

Mário Scheffer — Não é pela suposta falta de qualidades do novo diretor, mas por simbolizar decisões políticas recentes definidoras dos rumos do sistema de saúde brasileiro. Há muito tempo nós denunciamos a porta giratória da ANS - ocupação de cargos por pessoas a serviço do mercado. Mesmo assim, o governo a mantém.

Viomundo – Mas no ano passado caiu na Comissão de Ética da Presidência da República a nomeação do Elano Figueiredo para diretor da ANS.

Mário Scheffer – Foi a primeira vez na história que isso aconteceu. Mas só depois de ampla mobilização. Elano omitiu em seu currículo encaminhado à sabatina no Senado que tinha sido diretor jurídico de um plano de saúde.

É muito semelhante à polêmica atual com esse novo diretor, o médico José Carlos de Souza Abrahão. Só mudou o conflito, os interesses são os mesmos.

O que está em jogo é o poder de um mercado bilionário. Os planos de saúde crescem muito a cada ano. Já são mais de 50 milhões de brasileiros conveniados. Faturaram mais de R$100 bilhões em 2013.

Viomundo – Em que o caso do Abrahão difere do de Elano?

Mário Scheffer — O fato de esse novo indicado ter sido empresário e dono de plano de saúde. E, desde 2003, ser presidente de uma entidade do setor privado, a CNS, que representa também os planos de saúde, o que, a meu ver, já configura grave conflito de interesse.

Mas há um ingrediente a mais. É sua posição pública contrária ao ressarcimento ao SUS, assim como uma ação de inconstitucionalidade movida pela CNS, que ele presidiu, contra o ressarcimento.

Viomundo – Explique melhor.

Mário Scheffer – Em artigo publicado na Folha de S. Paulo, em 2010, Abrahão posicionou-se publicamente contra o ressarcimento. E isso - atenção! - sete anos depois de o STF ter afirmado que o ressarcimento é constitucional.

Ou seja, ele é mesmo contra, nem se importou com a posição do STF. Curiosamente, ele omitiu esse artigo no currículo enviado à presidente Dilma e ao Senado.

A entidade de Abrahão, a CNS, conseguiu uma vitória a favor dos planos de saúde.

Na mesma ADIN contra o ressarcimento, a CNS pediu – e levou! – a suspensão do reajuste anual das mensalidades para planos antigos, assinados antes da lei 9656 de 1998.

Os planos foram autorizados a aumentar a mensalidade de acordo com o custo assistencial. Em consequência, mais de 1,5 milhão de usuários de planos antigos - boa parte idosos - foram prejudicados com reajustes muito acima do fixado anualmente pela ANS. Muitos idosos foram obrigados a abandonar planos que pagaram anos a fio. Foi uma exclusão pecuniária.

Viomundo – Gostaria que aprofundasse a questão do ressarcimento do SUS.

Mário Scheffer – Frequentemente clientes de planos privados da saúde utilizam o SUS para se tratar e, por lei, os planos têm obrigação de ressarcir o SUS pelo atendimento.

Cabe à Agência Nacional de Saúde Suplementar, a ANS, viabilizar o ressarcimento do SUS. E o novo diretor, assim como a entidade que ele presidiu por 10 anos, assumiram publicamente e no Judiciário a defesa dos planos contra o ressarcimento ao SUS.

Viomundo – O que diz a lei?

Mário Scheffer — A lei é clara. A ANS tem a obrigação de identificar os pacientes com planos de saúde atendidos nos hospitais públicos, verificando a compatibilidade da cobertura com os contratos dos planos. As operadoras devem ser notificadas sobre quanto devem pagar ao SUS.

Desde 2009, o Tribunal de Contas da União (TCU) aponta que a ANS deu prejuízo aos cofres públicos, pois deixou de identificar o que merecia ser ressarcido, deixou de realizar as cobranças, deixou processos prescreverem.

Além disso, sem explicação, a ANS nunca cobrou os procedimentos ambulatoriais. Ela só processa - e mal! - as internações.

Jornalistas assessores da ANS gostam de divulgar que o ressarcimento bateu recorde. É balela. Até hoje, desde a criação da ANS, o SUS só recebeu R$ 447 milhões de ressarcimento.

Anualmente, o SUS realiza cerca de 12 milhões de internações. Calcula-se, por baixo, que por ano os planos deveriam pagar ao SUS, no mínimo, R$ 1 bilhão por serviços prestados aos seus clientes.

Basta abrir as atas da diretoria colegiada da ANS. Em toda reunião são analisadas dezenas de recursos de planos contra o ressarcimento. Será que o novo diretor vai abster-se em todas essas votações?

Viomundo — Diria então que a ANS foi capturada pelos planos privados?

Mário Scheffer — Sim, desde que foi criada em 2000, no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. E o SUS é que sai perdendo.

Vou explicar por quê.

A regulação de um mercado tão imperfeito quanto o de planos de saúde pode atingir vários níveis de racionalidade.

A desejável é a do interesse público. O Estado impõe correção nos abusos do mercado, o que de certo modo estava presente na proposta inicial de regulamentação dos planos de saúde.

Outra forma de ver a regulação é assumi-la como um produto da mediação entre o órgão público regulador e grupos de interesses, no caso os planos de saúde, os prestadores, médicos e usuários. Estes, os consumidores, são parte mais fraca da relação. A ANS chegou a seguir essa linha, tendo arbitrado equilíbrios temporários em alguns momentos.

E a terceira racionalidade, que predomina hoje na ANS, resulta da rendição aos interesses privados, que é conhecida na literatura como a “teoria da captura”. Ou seja, os reguladores são dominados pelo setor que regulam, buscando maximizar benefícios políticos, seja financiamento de campanhas, votos, cargos ou acumulação de poder.

Nessa toada, no caso dos planos de saúde, podemos chegar ao pior dos mundos apontado por teorias críticas da regulação econômica. A regulação em favor de interesses particulares torna-se tão perversa socialmente, que teríamos resultados melhores mesmo na ausência da intervenção pública.

Viomundo — Na prática, o que essa captura da ANS traz de ruim?

Mário Scheffer — Ela impulsiona um mercado livre artificial, que vende mais planos do que a capacidade à custa da regulação frouxa, leniente, da ANS.

Houve uma avalanche de planos de preço baixo e coberturas pífias. Permitiu a venda de produtos sem rede compatível de médicos, hospitais e laboratórios, o que gera lotação e demora nos atendimentos. Permitiu o fim da oferta de planos individuais e a venda de planos que fogem da regulacao mais rigorosa, sob o rotulo de coletivos.

Essas listas periódicas de planos que não cumprem prazos de atendimento são a cena do cachorro correndo atrás do próprio rabo. A ANS, que autorizou a venda desses planos, agora finge punir.

Viomundo — Pouco antes do caso Abrahão o Congresso aprovou uma Medida Provisória (MP) que diminui as multas dos planos de saúde.

Mário Scheffer – Esse absurdo foi enfiado na Medida Provisória 627, que nada tinha a ver com planos de saúde. Estabeleceu um teto, uma espécie de anistia prévia na aplicação de multas aos planos de saúde.

Ainda bem que a Dilma vetou, mas falta esclarecer quem foi o autor desse descalabro.

O comportamento dos parlamentares simboliza bem de que lado eles estão. Veja o caso do senador e ex-ministro Humberto Costa, líder do governo. Atuou pela não destinação dos 10% da receita da União para o SUS e, agora, foi um relator veemente na defesa da indicação para a ANS de um nome contra o ressarcimento ao SUS. Durante a sabatina, o senador chegou a defender que os planos não precisariam atender alta complexidade, como os transplantes, que deviam ser assumidos integralmente pelo SUS. Um papelão, um desserviço.

Viomundo — Os planos de saúde têm muita influência na Câmara dos Deputados, no Senado, no governo?

Mário Scheffer – Nadam de braçada. No fim de 2013, de contrabando em outra MP, a 619, o Congresso livrou os planos de saúde de uma cobrança bilionária do PIS/Cofins, ao reduzir em 80% a base de cálculo sobre a qual incidia esses impostos. Com isso vão aumentando os subsídios diretos e indiretos a planos.

Tem ainda outro problema. Como o mercado de planos cresce, aumentam os gastos tributários, renúncia fiscal e desconto dos gastos com planos de saúde no cálculo de imposto de renda de pessoa física e jurídica. Nessa renúncia fiscal, há um incentivo econômico, que favorece o mercado de planos de saúde que beneficia só uma parcela da população.

Outra benesse que a sociedade desconhece: a utilização do BNDES, na concessão de créditos aos planos, para ampliação de rede própria. E muitos hospitais privados estão fazendo puxadinho, aumentando as instalações para atender os planos, com empréstimos generosos do BNDES.

Há um ano foi levada ao governo pelas empresas de planos de saúde a proposta de venda de planos populares, de até 100 reais a mensalidade, em troca de isenções e subsídios. Abafaram o caso depois que o movimento contrário de entidades da saúde denunciou a mamata.

E tem, como dissemos, o não ressarcimento ao SUS.

Os gastos do SUS com tudo que não é coberto pelos planos; tem a compra de plano privado para o funcionalismo público, so o governo federal gasta com isso mais de 1,5 bilhão por ano.

Enfim, a população nunca foi convidada a opinar sobre isso.

Viomundo – Você é contra os planos de saúde?

Mário Scheffer — Não se trata de ser contra ou a favor. A população parece que está acordando para a realidade. Já está vendo que não faz sentido o clichê de que na saúde o SUS nunca presta e é dirigido aos pobres; e os planos são sempre eficientes e destinados a quem pode pagar. Porque há inversões eloquentes.

Veja estes dois exemplos. O da distribuição de medicamentos de aids no SUS e o tratamento de câncer no Icesp ( Instituto do Câncer de São Paulo). São 100% público, todos na mesma fila, recebem a mesma assistência, independente de ter ou não plano, ter ou não dinheiro. É o que podemos chamar de universalidade inclusiva.

E veja o caso dos planos de saúde populares, segmento crescente, com serviços de péssima qualidade, filas absurdas nos prontos socorros, barreiras de atendimento, exclusões de cobertura. É o que podemos chamar de fragmentação excludente.

Ao final resta ao SUS o papel de resseguro, de suplementar do privado, ao arcar com as exclusões desses planos principalmente os atendimentos mais caros e complexos.

E, aqui, volto à nomeação do Abrahão. É um homem do mercado de planos privados de saúde.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

O lado oculto das contas de hospital


Destaco abaixo trechos do trabalho de Cristiane Sagetto:

"… Nos últimos sete meses, segui os passos de famílias arrasadas por um duplo infortúnio: uma doença grave e a morte financeira provocada pelas contas de hospital. Todas tinham plano de saúde, mas não puderam contar com eles na hora em que precisaram...

… Foram dezenas de entrevistas com famílias, médicos e especialistas em gestão hospitalar e economia da saúde. O esforço e o investimento de ÉPOCA são uma tentativa de lançar luzes sobre as distorções que prejudicam as famílias e elevam os custos de saúde no país. O resultado completo dessa investigação está reunido em 20 páginas da edição impressa desta semana.

Os convênios vendem uma segurança que nem sempre entregam...

Em muitos casos, como os das famílias entrevistadas, essa ilusão não resiste ao teste da primeira doença grave. Quando o convênio se recusa a cobrir algum procedimento e o doente passa a ser considerado pelo hospital como um paciente particular, a família fica à mercê de um sistema de preços confuso, criado num ambiente de transparência zero...

… Quando se discute o aumento dos custos de saúde num país, dois responsáveis costumam ser apontados: a tecnologia (recursos sofisticados custam caro) e o envelhecimento (viver mais requer mais cuidados e custa mais). Tudo isso é verdade, mas há uma terceira causa de aumento de custos sobre o qual pouco se fala: a indefinição do valor dos serviços de saúde. A ele me dediquei nessa reportagem. Qual é o valor adequado de um par de luvas ou de uma seringa descartável? Por que um frasco de soro fisiológico custa num hospital o dobro do preço cobrado na farmácia da esquina?

Há várias razões – quase todas passíveis de indignação. De acordo com as regras atuais do mercado privado de saúde, a função dos hospitais é distorcida. Eles visam à doença – não à saúde. Quanto maior o uso de insumos banais como esparadrapo e seringa, mais o hospital ganha. Ele não é remunerado pelos planos de saúde pela qualidade técnica, pela segurança e por aquele que deveria ser o grande valor de uma instituição de saúde: diagnosticar, tratar e curar. Elas são remuneradas pelos produtos que usam. Os materiais são hoje a principal fonte de receita dos hospitais privados. Respondem por 47,9% do total das receitas. Planos de saúde e hospitais vivem às turras por causa desse sistema de remuneração…"

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Fazer eventos médicos sem a indústria farmacêutica é a única alternativa?

Esta pergunta me é feita por muitos colegas. Já escrevi previamente acerca de lições que eventos "independentes", por mim organizados, trouxeram-me. Leia um exemplo aqui. Não receber dinheiro da indústria não impede a presença na grade de potenciais "representantes", bem como pude aprender sobre a importância de outros conflitos que também merecem atenção.

De dentro do movimento "anti-indústria" (rótulo que não bem caracteriza minha posição pessoal, mas que acaba sintetizando o pensamento predominante), há também quem me pergunte. Entretanto, não costumam dar tempo para que eu responda. Dão eles mesmo a resposta, gritando que nunca será perfeito em parceria com eles.

Ocorre que não acredito é em mundo perfeito!

Frente a mais dúvidas do que certezas, além do que já escrevi para o CREMESP tempos atrás, em parceria com Sami El Jundi, tenho uma forte convicção:

Se eventos médicos sem a indústria farmacêutica (e de tecnologias) podem não ser a única opção, e sinceramente acho que não são, a maneira de viabilizar diferente, de forma a ser o sistema minimamente confiável, é através de muita transparência. Com as organizações médicas promotoras surpreendendo, e muito. A maneira como muitas funcionam hoje, representando até mesmo mini-ditaduras, sem eleições, sem assembléias (ao menos além de existirem em atas e documentos), sem real alternância de poder, torna, lamentavelmente, o radicalismo a única possibilidade. Aumentando chances de efeitos indesejáveis da boa intenção. Desconheço radicalismo ótimo ou justo.

terça-feira, 6 de maio de 2014

Palestrante confirmado no Safety2014 / Congresso Brasileiro de Médicos Hospitalistas

Já esteve em dois eventos que organizei no Brasil e um na Argentina, que ajudei a organizar. Sempre nota 10! Deveria estar ainda mais famoso por seu mais recente livro. No entanto, isto acabou ofuscado porque, ao menos nos EUA, atualmente só se fala dele pela atuação, relâmpago, mas marcante, em http://youtu.be/wJTEG_q_cI8, videoclip da jovem cantora Brooklynn.


terça-feira, 29 de abril de 2014

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Importante, alteração de nome do evento para Congresso Brasileiro de Médicos Hospitalistas

Fomos notificados que o nome anterior foi registrado por terceiros. Respeitamos registros de marca. Não significa que iremos, nós próprios, buscar registro de alternativas. Chamaremos então de Congresso Brasileiro de Médicos Hospitalistas. Acreditamos que aquilo que realmente distingue projetos, produtos e serviços não é a embalagem, ou o nome. Quem acompanha o Safety sabe disto por variações da mesma discussão. Temos convicção que representamos, como grupo e projetos, marcas que falam por si só, independente de rótulos.

Clovis T Bevilacqua Filho
Gibran Avelino Frandaloso
Guilherme Brauner Barcellos
Luciano Bauer Grohs
Roger Pirath Rodrigues
Sami el Jundi
Tiago Daltoé
Thiago Costa Lisboa
Yanne Amorin
Alfredo Guarischi

Aproveitamos a oportunidade para destacar mais um signatário: é Breno Figueiredo Gomes, médico internista de Belo Horizonte, que tem sido a voz mais ativa da promoção do modelo hospitalista em Minas Gerais, tendo assumido posição de destaque no movimento nacional.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

II Congresso Brasileiro de Medicina Hospitalar

Absolutamente decididos a evitar discussões e polêmicas, e entendendo que qualquer posicionamento além de dizer que acreditamos possuir amplo respaldo para dar o passo abaixo será interpretado como abertura, vimos a público declarar que, com o espaço privilegiado que o encontro de hospitalistas terá no Safety2014, decidimos chamá-lo de II Congresso Brasileiro de Medicina Hospitalar e lá buscaremos compatibilizar nossos interesses e estruturar ainda melhor nosso movimento.

Clovis T Bevilacqua Filho – Médico internista, intensivista e anestesiologista, vinha acompanhando o movimento à distância nos últimos anos, mas por ele torce desde sempre, tendo sido protagonista na sua origem: como residente e webdesenvolvedor amador, foi co-responsável principal pelo primeiro site sobre hospitalistas do Brasil.

Gibran Avelino Frandaloso – Médico internista de Curitiba, envolveu-se com o movimento hospitalista no Brasil a partir de seu boom nos meados da década passada e, desde então, tem sido a voz mais ativa da promoção do modelo no Paraná.

Guilherme Brauner Barcellos – Médico internista e intensivista, entre várias iniciativas, digitou quase todo material sobre hospitalistas já divulgado na web em língua portuguesa.

Luciano Bauer Grohs – Médico internista e pneumologista de Caxias do Sul (RS), envolvido com o movimento hospitalista no Brasil desde os seus primórdios, é co-responsável por um dos programas pioneiros em nosso meio, o primeiro a publicar resultados em revista indexada.

Roger Pirath Rodrigues – Indiscutivelmente o grande nome da Medicina Hospitalar em Santa Catarina, tanto por seu trabalho em prol da promoção do modelo, quanto por resultados a partir de iniciativa local pioneira.

Tiago Daltoé – Médico internista e hematologista, envolvido com o movimento hospitalista no Brasil desde os seus primórdios, é parceiro de Luciano em Caxias do Sul.

Thiago Costa Lisboa – Médico intensivista, participou como palestrante de vários eventos de Medicina Hospitalar, inclusive em experiências de promoção da ideia em outros países da América do Sul. Conhecedor da história do movimento no Brasil, tem sido importante apoiador do modelo e do protagonismo de hospitalistas nas enfermarias, para que atuem em parceria com os intensivistas nos hospitais brasileiros.

Sami el Jundi - Médico perito e especialista em Direito Médico, de Taquara (RS), é mais do que simpatizante do movimento: conhece seus bastidores desde o início, já tendo trabalhado ativamente em diversas iniciativas relacionadas, fazendo parte de sua história.

Yanne Amorin - Médica internista de Salvador, envolveu-se com o movimento hospitalista no Brasil a partir de seu boom nos meados da década passada, tendo assumido posição de destaque no movimento nacional.

Convidamos a todos que já participaram, principalmente apoiadores através da Rede Brasileira de Medicina Hospitalar e Movimento Hospitalista de Futuro, para fazer mais um capítulo desta história. Juntos ao Safety2014! Ao encontro (e de encontro, se for para gerar inovação) do projeto de Alfredo Guarischi!

Estamos ainda aprimorando um novo site (www.hospitalistadefuturo.com.br) que representará passado e futuro, resgatando nossa história, mas sem dispensar novidades e novas possibilidades.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Overdiagnosis e Medicina Defensiva

Em recente palestra de Luis Cláudio Correia em evento de Segurança do Paciente, onde defendeu a teoria do “less is more(veja detalhes aqui), participante o questionou ao final sugerindo que não haveria outra forma para se lidar com a judicialização do que “cercando-se de todos os exames possíveis”.

Luis publicou logo em seguida artigo na mesma linha e recebeu comentários interessantes de renomado advogado especialista em Direito Médico, que festejou sua abordagem na medida em que percebe a teoria do “more is more para proteção” frágil, incompleta. Sempre haverá algo mais que poderia ter sido feito. Mas na prática da defesa médica, é mais importante a qualidade e a forma, do que a quantidade do que foi feito.

Segundo ele, que atua exclusivamente defendendo médicos, a abordagem de Luis ajuda a explicar como pessoas que fazem todos os exames morrem e como pessoas que nunca fizeram nenhuma espécie de exame preventivo curiosamente podem não morrer. A partir disto, que o nexo de causalidade entre exames (sua realização ou não) e óbitos não é tão simples assim.  Se considerarmos que overdiagnosis também pode determinar risco jurídico, a solução seria tentar fazer o certo e justificável. 

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Educação Médica Alternativa?

Cada vez mais tenho refletido sobre a validade da educação médica continuada oficial. Fui no HM14. Ainda achei que trouxe mais coisas positivas do que negativas de lá, mas o investimento é alto, e muito frequentemente questiono-me se não devo investir mais em turismo puro, e fontes alternativas de educação médica. Muitos dizem que simpósios satélites não podem ser vistos como extensão do evento principal. Assisti partes de dois, por curiosidade, mas é preciso dizer que estavam muito bem posicionados, assim como ficava evidente a chancela da SHM, que no passado já se viu em terreno movediço por conflitos de interesse.

Num deles, vendiam como alternativa de "primeira linha" algo que o Uptodate sugere para casos refratários...


Em outro, algo que o Uptodate sugere para casos de intolerância a lactulose (tratamento mais barato) ou ausência de resposta.


No mínimo, fico fascinado pela inteligência das peças publicitárias e confuso…

Existem fontes de educação médica alternativas, como o Blog de Luis Correia, para quem busca atualização em Cardiologia, por exemplo. Talvez sejam o caminho...

domingo, 6 de abril de 2014

São escribas, não hospitalistas

Mas vejam que a confusão pode interessar... pedaços de grande peça plublicitária...