O problema desse novo caminho é que, ao menos por um tempo, pode tornar nossos eventos menores — o que contraria interesses, entre tantos em jogo.
Sobre Medicina Hospitalar, hospitalistas, qualidade assistencial, segurança do paciente, erro médico, conflitos de interesses, educação médica e outros assuntos envolvendo saúde, política e cotidiano.
segunda-feira, 28 de julho de 2025
Os estudantes, apenas com congressos interessantes, não serão o futuro da Clínica Médica!
Gerações de lideranças da Clínica Médica (ou Medicina Interna) acreditaram — e muitas ainda acreditam — que investir em estudantes seria um caminho profícuo para transformar a especialidade. Há bastante tempo, penso diferente. Mas entendo esse entusiasmo: quando estive na SBCM/RS e, em 2005, realizamos um congresso enorme em Gramado — impulsionado por uma mobilização massiva de estudantes —, também acreditei na "revolução". A verdade é que isso nos energiza, o que também é uma métrica relevante. No entanto, para transformar de fato a Clínica Médica, talvez o foco devesse estar no aprimoramento profissional de quem já atua na linha de frente — além de esforços consistentes em novos modelos assistenciais, advocacy e políticas públicas.
O problema desse novo caminho é que, ao menos por um tempo, pode tornar nossos eventos menores — o que contraria interesses, entre tantos em jogo.
Esse raciocínio também se aplica à Medicina Hospitalar. A Society of Hospital Medicine (SHM) é um bom exemplo de como um movimento de hospitalistas pode crescer de forma orgânica — feito por hospitalistas, para hospitalistas. Estudantes participam dos eventos, sim, mas em menor escala. O mesmo vale para enfermeiros e gestores. Ainda assim, os encontros da SHM têm como núcleo médicos internistas hospitalares, com poucos palestrantes de especialidades focais inclusive.
O problema desse novo caminho é que, ao menos por um tempo, pode tornar nossos eventos menores — o que contraria interesses, entre tantos em jogo.
sexta-feira, 25 de julho de 2025
A exigência de qualquer RQE como pré-requisito para participação em processos seletivos de Residência Médica vai ser necessariamente ruim para a Clínica Médica?
CFM deflagrou recentemente discussões interessantes a partir disto:
Parece-me um retrocesso para a qualidade das especialidades focais — inclusive comentei isso ali nos próprios comentários.
Além disso, vale lembrar: essa medida do CFM não inaugura um problema para a Clínica Médica. Seus postos já vinham sendo ocupados, há tempos, também por profissionais sem treinamento em serviço na área.
Parece-me um retrocesso para a qualidade das especialidades focais — inclusive comentei isso ali nos próprios comentários.
Mas, ao contrário do que muitos afirmaram, não acho que essa medida vá “acabar com a Clínica Médica”.
É verdade que quem não tem real interesse na área poderá optar por um atalho, evitando o treinamento sem serviço. Mas será que isso, no fim das contas, é mesmo ruim para a Clínica Médica? Talvez o que precisemos, justamente, seja o oposto: atrair quem demonstra ao menos alguma curiosidade pela especialidade, quem se vê nela de alguma forma — e não apenas quem está ali por obrigação. Pode até reforçar a identidade da Clínica Médica e tornar sua força de trabalho mais alinhada com sua proposta, caso outras ações sejam deflagradas em paralelo.
Em diversos países, adota-se um modelo de tronco comum para as especialidades clínicas, com uma divisão posterior entre Medicina Interna e as demais áreas focais. Quem obtém o título de uma, não leva o das outras — a não ser que percorra ambos os caminhos de forma deliberada. Isso parte da ideia de que Clínica Médica ou Medicina Interna são, sim, uma carreira própria — com todos os desafios que isso traz, em termos de atratividade e preenchimento das vagas de residência. Mas faz sentido separar perfis: há quem tenha vocação generalista e habilidades de coordenação, e há quem seja moldado para atuar exclusivamente na rebimboca da parafuseta. Já discutimos isso aqui e, especialmente, aqui.
Além disso, vale lembrar: essa medida do CFM não inaugura um problema para a Clínica Médica. Seus postos já vinham sendo ocupados, há tempos, também por profissionais sem treinamento em serviço na área.
Leituras complementares:
sexta-feira, 2 de maio de 2025
terça-feira, 1 de abril de 2025
TBT de fase altamente produtiva para a MH brasileira
15 anos disso!!!
Nunca havia compartilhado antes — não por falta de importância, mas porque raramente faço esse tipo de registro. Prefiro outras formas de presença nas redes sociais.
Resolvi fazer agora, não tanto pelo 'aniversário de 15 anos', mas porque percebo, com o tempo, que poucos fizeram algo parecido. Não me refiro à apresentação lá em Rochester em si, mas ao que levou ela a acontecer.
O tema agora já foi apropriado por muitos — o que é ótimo. Mas aquele esforço inicial de promover o movimento hospitalista brasileiro exigiu um grau de envolvimento atípico, em época em que a questão não era negócio no Brasil. E simplesmente foi feito. Sem repetição. Talvez porque pioneirismo, por definição, não se repete. Talvez porque exigia um tipo de esforço pessoal e investimento em recursos que, por um bom tempo, só eu estive disposto a fazer. Por isso tantos frutos colhidos, além de oportunidades de negócio.
sexta-feira, 14 de março de 2025
quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025
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