terça-feira, 18 de abril de 2023

Tenho, no meu núcleo familiar atual, alguns exemplos de pioneirismos que se consolidaram como iniciativas duradouras. O pai, com sua história na Unicred. A Claudia, como uma das personagens centrais de área de atuação médica contemporânea: Via Aérea Pediátrica. Preditores de sucesso, que anedoticamente identifico:

- Sempre exaltaram os que ajudaram a pavimentar o terreno, pioneiros de etapas anteriores.

É o que historicamente tantas vezes vi o pai fazer ao resgatar os legados de Antônio Moacyr de Azevedo e Osvaldo Carlos dos Santos:
   

É o que recentemente vi também Cláudia fazer, contanto a história da Via Aérea Pediátrica no Brasil, como muito começou com Ivo Kuhl e conhecimentos que ele gerou a partir de pacientes adultos ainda. Relatando, no seguimento, a importância de Gabriel Kuhl para a pediatria propriamente dita:
 

 
- Outra característica é que, mesmo cercados por competição (natural em nosso meio), nunca enfrentaram níveis de competição completamente contraprodutivos, gerados por ganancias incontroláveis ou narcisismos extremos.

Quando Cláudia contou que, não muito depois do final da Segunda Guerra, o Prof Ivo Kuhl entrou em navio, rumo à Boston, e de lá trouxe as bases para a Laringologia moderna brasileira e sementes para a Via Aérea Pediátrica, não pude deixar de lembrar da história da Medicina Hospitalista brasileira, guardadas as devidas proporções. Da época em que, ainda médico residente, gastei o que não devia em sã consciência para visitar Robert Wachter e seu Programa de MH na Califórnia, depois comparecer a evento da Society of Hospital Medicine. Desta “raiz” ainda brotam praticamente todas as iniciativas atuais no Brasil sobre hospitalistas, de mais variados grupos, em especial quando envolvem conexões com norte-americanos. A história, quase toda, começou lá em São Francisco / Dallas.

sexta-feira, 7 de abril de 2023

Seleção e Recrutamento em Medicina Hospitalista é etapa fundamental, não possuindo formulismo universal.

Abaixo um exemplo que envolve perfis de hospitalistas e, por conseguinte, recrutamento e seleção:


Já observei hospitalistas do tipo “super-heróis” funcionarem muito bem em perfis de organização em que um trabalho minimamente focado nos princípios do modelo relacionados à eficiência parte, começa, de uma assistência caricaturalmente disfuncional. De uma realidade onde, por exemplo, trabalho em equipe é algo para depois, de tantos outros desafios que existem e devem ser priorizados. 


Na “assistência caricatural”, é muito fácil determinar impacto em indicadores de eficiência. Basta o norte a ser perseguido e bastante juventude com empolgação. Se junto disso empregamos ativamente o vocabulário da gestão com os gestores, parecemos médicos de outro planeta até. Ou de Krypton mesmo.

Nunca esqueço de experiência em hospital onde, na realidade até o ingresso de hospitalistas, havendo um estacionamento com múltiplos andares e o mais alto descoberto, onde a vista era sensacional, pacientes deslocavam-se até lá em dias de sol, colocavam cadeiras de praia e faziam animadas rodas de chimarrão junto a familiares. Ficavam hospitalizados por tanto tempo sem verdadeira indicação médica, que reduzir drasticamente o tempo de permanência e promover giro de leitos lá foi como “tirar doce de criança”. O grupo até pode tentar tirar proveito, fazer uma bela apresentação de PowerPoint, atribuir o resultado a algum "framework for reducing LOS", mas aqui basta juventude com empolgação e norte. 

Mas nem sempre é assim. A depender da realidade basal*, pode acontecer de ser muito mais difícil. E faz parte. Sequer é ruim - é sinal de que o ponto de partida é uma realidade já, no mínimo, razoável. Melhor.

Sob outra perspectiva, a depender dos pacientes, de eventuais perfis que demandam verdadeiro trabalho em equipe entre especialidades médicas ou atuação multiprofissional, hospitalistas do tipo “super-heróis” podem não se sair tão bem, e a seleção de um com mais soft skills pode ser até mesmo estratégica. Alguns chamam estes “hospitalistas super-heróis” de “médicos cowboys”, e discute-se bastante como trazem consigo características negativas para qualidade assistencial, segurança do paciente e boas práticas modernas. Exemplos aqui, aqui e aqui.


De tal forma que normalmente sugiro recrutamento e seleção cuidadosos do(s) futuro(s) hospitalista(s), com participação de profissional de RH. Cabe discussão pacienciosa de vantagens e desvantagens de estilos profissionais. Há até livros dedicados ao tema, com o mais conhecido aqui.

Vocês médicos lembram do conceito de redução de risco absoluto (RAR) da clínica? De que a RAR não depende apenas da terapia médica, mas também do risco basal do paciente? Que está medida, assim como o NNT, varia de paciente para paciente? Relembrem mais aqui. Gestores não-médicos podem adquirir preciosa lição de outra área buscando compreender a questão também.

O conceito é interessante para discutir gestão de modelo hospitalista e do comportamento a ser adotado por equipes em diferentes locais / diferentes culturas. Serve de analogia ainda para entender complexidade de Ciência da Implementação e porque pode não ser nada fácil replicar cases de sucesso, servindo soluções até simplórias para determinados cenários, enquanto em outros o furo será muito mais embaixo.

Outras Leituras Complementares:

Recruiting? Make sure you hire right

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