Recentemente observei uma apresentação sobre acupuntura cujo autor defendeu que abracemos o seu efeito placebo (esqueçamos agora o quanto de efeito terapêutico e de placebo existe nela, para não abrir outra discussão - o próprio acupunturista reconheceu parte do efeito como placebo). Na visão dele, "chegou a hora!". Fiquei com dúvidas se somente para a acupuntura ou para qualquer coisa em saúde, questão importante pelo potencial impacto, como veremos adiante.
É evidente que a pauta Placebo reflete uma área do conhecimento em ebulição e evolução, e a tendência é que modifiquemos no futuro breve toda visão tradicional sobre o efeito. O que, por sua vez, deverá transformar abordagens terapêuticas em inúmeros cenários e atingir milhões de pacientes mundo afora.
Entretanto, muita coisa já se sabe em relação ao efeito placebo, e uma delas é que funciona. É parte bem demonstrada do efeito de stents, por exemplo:
Quem definirá o que é efeito placebo ou efeito simultâneo digno de aproveitamento com financiamento público ou pelos convênios e o que não é? Entre stents e acupuntura há evidentes diferenças, mas muita coisa cairá em zona definitivamente cinza, na qual o único critério que não pode prevalecer é a defesa daquilo que eu ou meu grupo faz ou quer. Que pode ser acupuntura. Ou uma visão de mundo ideologicamente minimalista e naturalmente contrária a tecnologias duras. Pois, apesar dos tradicionais discursos dos minimalistas extremos anti-indústria farmacêutica e tudo que as cerca, o mercado no qual estão envolvidos não é insignificante: The supplement industry is an approximately $32.5 billion business, according to the Nutrition Business Journal.
Até hoje não fomos capazes de definir critérios claros e universalmente toleráveis para ranquear efetividade de intervenções médicas. Ampliar o número de intervenções sem dar este passo pode ser a fagulha da explosão definitiva de um sistema sistema de saúde em crise, tal como o nosso.
Sem e com a "SLOW SCIENCE" e uma visão racional de placebos e intervenções de apenas efeitos simultâneos comprovados abrem-se dois caminhos de imediato. O primeiro, se adotado universalmente, determinístico da implosão de nosso sistema de saúde. O segundo, de destino final ainda incerto. Mas já é alguma coisa.
Muito ainda não sabemos, ou como aplicar. Será então realmente o momento, o time, de agir como se o conhecimento sobre efeito placebo estivesse pronto? Ou cabe, mais do que nunca, uma postura "SLOW"? Sem empolgação excessiva, sem sede de revolução.... Aguardando um norte científico mais claro, com o ceticismo que o bom profissional da saúde deve ou deveria saber aplicar, maior quanto mais incertezas. "SLOW COMPLEMENTARY MEDICINE"!
Porque se a conclusão foi realmente acelerar na utilização de efeitos placebos e/ou efeitos simultâneos*, uma etapa necessita ser trabalhada antes: a do planejamento de como será sustentável o novo modelo biomédico. É um imperativo de responsabilidade com o futuro! Embora a Choosing Wisely opte por não focar em custo-redução, será questão inarredável nesse debate aqui.
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Quem definirá o que é efeito placebo ou efeito simultâneo digno de aproveitamento com financiamento público ou pelos convênios e o que não é? Entre stents e acupuntura há evidentes diferenças, mas muita coisa cairá em zona definitivamente cinza, na qual o único critério que não pode prevalecer é a defesa daquilo que eu ou meu grupo faz ou quer. Que pode ser acupuntura. Ou uma visão de mundo ideologicamente minimalista e naturalmente contrária a tecnologias duras. Pois, apesar dos tradicionais discursos dos minimalistas extremos anti-indústria farmacêutica e tudo que as cerca, o mercado no qual estão envolvidos não é insignificante: The supplement industry is an approximately $32.5 billion business, according to the Nutrition Business Journal.
Até hoje não fomos capazes de definir critérios claros e universalmente toleráveis para ranquear efetividade de intervenções médicas. Ampliar o número de intervenções sem dar este passo pode ser a fagulha da explosão definitiva de um sistema sistema de saúde em crise, tal como o nosso.
Sem e com a "SLOW SCIENCE" e uma visão racional de placebos e intervenções de apenas efeitos simultâneos comprovados abrem-se dois caminhos de imediato. O primeiro, se adotado universalmente, determinístico da implosão de nosso sistema de saúde. O segundo, de destino final ainda incerto. Mas já é alguma coisa.
Um parceiro da Choosing Wisely argumentou que, em situação de câncer terminal, massagem talvez seja melhor que quimioterapia, e bem mais barata. "Justificaria-se!", disse ele. Mas, fosse eu, não gostaria de massagem. Gostaria da presença de amigos queridos. O sistema financiaria então para recrutar e trazer esses amigos de onde estiverem? Como organizar um sistema de saúde utilizando-se desta lógica, por mais atrativa que seja? Muita viagem minha? Pois fatos já estão acontecendo: Unimed Cariri deve custear tratamento de pilates para paciente. Má vontade minha com Pilates agora? Absolutamente não. Quem me conhece sabe que estou acometido há alguns meses por patologia ortopédica cervical, com dor irradiada para membro superior direito, fazendo Pilates, e o reconhecendo como altamente positivo. Mas pago eu por ele!
O debate quimioterapia versus massagem nasce equivocado, impróprio, aberrante. Há que se discutir cada um desses elementos separadamente, só competiriam entre si em eventual hierarquização do que entra frente do lista dos procedimentos, exames e tratamentos a serem cobertos com recursos coletivos. A quimioterapia faz sentido? Se sim, que a massagem seja complementar. Se não, que seja complementar a outras estratégias médicas do cuidado paliativo exclusivo. A Medicina Ocidental Tradicional e as práticas integrativas devem somar, quando aplicáveis.
O debate quimioterapia versus massagem nasce equivocado, impróprio, aberrante. Há que se discutir cada um desses elementos separadamente, só competiriam entre si em eventual hierarquização do que entra frente do lista dos procedimentos, exames e tratamentos a serem cobertos com recursos coletivos. A quimioterapia faz sentido? Se sim, que a massagem seja complementar. Se não, que seja complementar a outras estratégias médicas do cuidado paliativo exclusivo. A Medicina Ocidental Tradicional e as práticas integrativas devem somar, quando aplicáveis.
Se o governo pagará florais, acho justo que pague meu futebol de quartas e meus mergulhos (com toda parafernália do mergulho autônomo - vocês não são capazes de mensurar o bem estar que me trás). E meu Apple Music também - me ajuda muito em controle de ansiedade.— Guilherme Barcellos (@brhospitalist) March 23, 2018