O Congresso Brasileiro de Médicos Hospitalistas e o Safety2014 tiveram juntos cerca de 800 participantes (aguardo dados definitivos de Alfredo Guarischi), tendo a parceria sido provavelmente o principal fator responsável pelo expressivo números de médicos em evento primordialmente de segurança do paciente, batendo de longe números obtidos em outros Safetys.
Coube a Gibran Avelino Frandoloso, de Curitiba, na imagem abaixo, apresentar o hospitalista e o trabalho desenvolvido por nosso grupo. Lançou nossa próxima iniciativa, o I Encontro Paranaense de Médicos Hospitalistas, a ocorrer logo mais em outubro.
Dito isto, quero destacar dois palestrantes, um nacional e outro internacional, e algumas questões técnicas ou operacionais:
O engenheiro de produção carioca Felipe Espindola Treistman trouxe a seguinte provocação aos participantes: “Podemos aprender algo com os hospitais indianos?”. Tendo realizado uma missão técnica na Índia, apresentou informações e dados muito interessantes:
- O grupo Aravind realiza sozinho, em um ano, mais do que a metade de todas as cirurgias oftalmológicas realizadas no sistema inglês. À um custo muito, mas muito menor, do que no NHS.
- Nada disto seria importante se houvesse mais eventos adversos. No entanto, os resultados lá são melhores também neste quesito.
Quais foram algumas características observadas por Felipe dos hospitais indianos de referência visitados?
- Possuem processos altamente padronizados;
- Todos os profissionais (inclusive médicos) atuam em dedicação exclusiva;
- O trabalho do médico é focado nas tarefas mais complexas e que agregam valor, em paralelo ao aumento da participação de enfermeiros, técnicos e outros profissionais;
- Há flexibilidade de alocação dos médicos (em nome da eficiência, em um paralelo com um serviço de emergência brasileiro, não houvesse pacientes no setor de graves, o médico ali posicionado passaria a atender “consultinhas”, colaborando para o encurtamento da fila e otimização dos tempos);
- Distribuição inicial dos profissionais baseada em previsão confiável da demanda e, portanto, variável;
- Executam intensa análise de indicadores de produtividade e qualidade;
- Reuniões periódicas de análise de indicadores são feitas com presença de gestores, médicos e demais profissionais;
- Auditorias internas diárias para avaliar a qualidade de preenchimento dos prontuários.
O outro é o hospitalista John Bulger, fundador do Programa de Medicina Hospitalar do Geisinger Medical Center, Chief Quality Officer for the Geisinger Health System e membro da Agency for Healthcare Research and Quality e do National Quality Forum, EUA.
Apresentou o ProvenCare®, iniciativa de sua organização, altamente relevante, e provavelmente replicável em nosso meio.
Trata-se de um programa para entrega a todos os pacientes e a todo momento, em situações específicas, de cuidados baseados nas melhores evidências. O primeira testada por eles foi cirurgia cardíaca, onde reduziram expressivamente tempo de internação, readmissões, mortalidade e custos. Veja parte da apresentação abaixo:
Trata-se de um programa para entrega a todos os pacientes e a todo momento, em situações específicas, de cuidados baseados nas melhores evidências. O primeira testada por eles foi cirurgia cardíaca, onde reduziram expressivamente tempo de internação, readmissões, mortalidade e custos. Veja parte da apresentação abaixo:
- Definição clara do que constitui cuidado apropriado na situação especifíca;
- Desenvolvimento de consenso local sobre quais práticas devem SEMPRE ser entregues;
- Aprimoramento do fluxo de trabalho, incluindo melhorias de prontuário eletrônico para facilitar os profissionais na identificação e na tomada de decisão;
- Ativação de pacientes e familiares;
- Monitoramento e feedback das performances de grupos e indivíduos;
- Empacotamento como modelo de remuneração (opcional).
Tal como Felipe com a experiência indiana, Bulger destacou fortemente o papel da padronização para os resultados obtidos.
Já em sua outra palestra, o hospitalista, autor principal das recomendações da Society of Hospital Medicina para a Choosing Wisely®, destacou fontes de desperdício de recursos na Medicina Hospitalar e uma lista de coisas que NÃO devem ser feitas, em benefício do sistema e, principalmente, dos pacientes: veja no post anterior.