terça-feira, 26 de julho de 2011

Reflexões sobre conflitos de interesse e outras drogas

Durante o bom documentário Quebrando o tabu, sobre o problema das drogas no Brasil e no mundo, lembrei algumas vezes da discussão sobre conflitos de interesse na Medicina. Porque gosto muito dela. Porque ambas as questões são complexas. Porque nunca irão deixar de existir. Porque não há solução fácil e, muito menos, única para nenhuma das duas. Há prós e contras em quase todas as ideias e, para uma mesma proposta, a balança pode pender para um lado ou para o outro independente dela, por influência de fatores externos variados, sendo alguns incontroláveis.

Comparar a política que empregamos nos eventos I CBMH e PASHA2010 com aquela criticada no filme foi então inevitável: a comparação muitas vezes não é possível, há momentos onde caminhamos para posições diametralmente opostas, mas também há eventuais semelhanças. A reflexão surgiu a partir de alguns depoimentos ou sugestões, uma delas parcialmente presente nesta pequena amostra do trabalho do cineasta Fernando Andrade e de Luciano Huck, através de Moises Naim:


Não tenho dificuldades de reconhecer que não sabemos se nossa experiência com esses eventos deve ser replicada de qualquer forma parecida. Somos acusados por alguns de ser radicais, entre outros termos pejorativos. “Acham que devem ser usados de exemplo ainda. Dessa forma é desnecessário, podendo ser até prejudicial”, também já escutei.

Sabemos como não fazer (isto sim!), mas ainda estamos buscando aprender a melhor maneira de fazer. Ao invés de querer ensinar, ainda estamos testando hipóteses e apreendendo. Ao invés das críticas desacompanhadas de qualquer sugestão para uma via alternativa, precisamos de colaboração. Nossa fase é ainda de construção e o principal objetivo é uma educação médica de mais qualidade.

Ter impedido totalmente a participação da indústria de medicamentos foi muito bom por diversos aspectos, BUT...

Pode ter significado a simples troca de conflitos de interesse ou uma maior concentração deles? É claro que pode! Até ilustrei isto recentemente aqui.

A única maneira de realmente avançarmos nesta questão é:


2. Construir políticas de controle que serão sempre imperfeitas. Mas procurar o constante aperfeiçoamento delas.

Em Campanha Alerta, alguns de nós acreditam no poder das canetinhas (presentes de baixíssimo valor monetário de um modo geral), outros, como eu, muito pouco. O importante é refletir, estudar, refletir, por vezes até mudar de opinião. Mas negar a existência das drogas definitivamente não é uma opção. Sugestões?

Um comentário:

  1. Cannabis Use and Earlier Onset of Psychosis: http://archpsyc.ama-assn.org/cgi/content/abstract/68/6/555

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