quarta-feira, 26 de março de 2014

Por que bato tanto no combate à fragmentação do cuidado?


Porque até mesmo um hotel já percebe que continuidade, não apenas pelo time, é importante:



Assim você sabe quem está cuidado de ti ou das tuas coisas. Está pessoa, idealmente, tem um nome, é de carne e osso, e você sabe como encontrá-la, em caso de necessidade. É mais fácil de controlar o processo, a até mesmo responsabilizar, em situações onde é preciso.


Na saúde isto é certamente ainda mais importante. Leia mais de tiver interesse.


Em HM14, apresentaram dados sobre impacto negativo em tempo de internação, algo que para os que pagam a conta é bastante importante também, ou não?


terça-feira, 25 de março de 2014

Imbróglio do Ministério da Saúde com a substância ativa do Viagra

Reproduzo aqui material de Reinaldo Azevado, que cita meu colega e amigo Luciano Grohs:

"Recebo do médico Luciano Grohs , leitor deste blog, o que muito me honra, um e-mail com uma informação relevantíssima. Publiqei aqui uma reportagem da VEJA desta semana informando uma possível maracutaia num convênio firmado pelo Ministério da Saúde, na gestão de Alexandre Padilha, para a compra de uma substância chamada “citrato de sildenafila” — princípio ativo do Viagra. O governo fez o convênio de R$ 150 milhões com uma empresa chamada Labogen Química Fina e Biotecnologia. Segundo a Polícia Federal, a empresa não existe e é só um dos braços de um esquema de lavagem de dinheiro. A Labogen encomendaria o remédio a um outro laboratório por 40% do preço (R$ 60 milhões). E os outros R$ 90 milhões? Uma boa questão, não é mesmo? Para ler o post, clique aqui.

Pois é! Grohs, que é especialista em pneumologia, coordenador do Centro de Referência em Hipertensão Pulmonar do Hospital Pompeia e ex-conselheiro do CRM do Rio Grande do Sul, mostra que a questão é ainda mais séria. Reproduzo seu e-mail em azul.

Reinaldo,

A questão do citrato de sildenafila é um pouco mais séria do que o descrito em teu texto. Além de tratar a disfunção erétil, o sildenafil é usado para tratar uma doença grave: a hipertensão arterial pulmonar.

Esta doença acomete cerca de 20 pessoas por cem mil habitantes. Sem tratamento, a expectativa de vida e de 2,8 anos, e os tratamentos são efetivos e de alto custo. São usadas três categorias de remédios, uma delas é o sildenafil e semelhantes, isolados ou em associação. O sildenafil não é o remédio mais estudado nem o mais utilizado no mundo. Alguns estados, São Paulo, por exemplo, têm protocolos estaduais de tratamento. São medicações de alto custo.

Ha mais de dez anos, espera-se por um protocolo nacional, que dê acesso à medicação aos pacientes com essa doença. Foi publicado pelo Ministério da Saúde em janeiro um protocolo que forca o uso de Sildenafil.

Assim, antes do que foi mostrado, foi imposto aos pacientes com uma doença grave o remédio que fez parte da negociata. A situação não é de confusão com um remédio para impotência, mas de uma terapia valiosa para uma doença grave, forçando os que o prescrevem a seguir um protocolo tecnicamente questionável.


Por Reinaldo Azevedo

sexta-feira, 21 de março de 2014

Hospital Caxias D'Or tem um Programa de Medicina Interna Hospitalar de brilhar os olhos!

Uma visita para troca de experiências com clínicos e diretor médico do Hospital Quinta D'Or, no final do ano passado, abriu-me caminho para conhecer recentemente o Caxias D'Or.

 

Se no Quinta já havia algo bastante interessante e de muito potencial, neste outro hospital, que nasceu com os hospitalistas que lá estão, encontrei o modelo redondo como poucas vezes vi. Falta alguma evolução em questões "não clínicas", mas saí de lá com a impressão de que adoraria participar do projeto. Isto diz tudo!

E bastante feliz fiquei pela devolução dada pelo diretor médico:

"Muito obrigado pela sua visita. Foi muito estimulante e a equipe apreciou muito. Agora as mentes deles estão voltadas para isso, e o que eles faziam de maneira inconsciente, agora vão construir enxergando com maior nitidez aonde querem chegar. Espero que tenha sido proveitoso pra vc também, e que tenha feito uma boa viagem de volta ao paralelo 30º".

quarta-feira, 19 de março de 2014

Hoje tive mais uma prova de que construí algo diferente….

Não sei se algum dia farei novo evento do porte de PASHA2010 - www.pasha2010.com:





Não sei quero, não sei se preciso…

Mas não tenho dúvidas de que fiz algo marcante e especial. Já participei da organização de grande evento com a indústria farmacêutica, vieram palestrantes estrangeiros, mas os contados com eles foram superficiais e/ou nitidamente "comerciais". 

Hoje tive a prova de que construí algo diferente. Mantenho contato com muitos que me ajudaram a construir o PASHA. Recebi correspondência com presente. Havia comentado com Aleta que ia ao SHM2014 e que visitaria a região. Ganhei o livro ao lado e um cartão emocionante.




sábado, 8 de março de 2014

Parabéns à Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade

A SBMFC posicionou-se oficialmente, através de seu site, contrária à utilização liberal da vacina contra o HPV e, indiretamente, contra campanha do Ministério da Saúde. Sem entrar no mérito técnico da discussão (leia mais aqui se quiser), parabenizo pelo seguinte:

- Anos atrás, minha percepção era de que a SBMFC funcionava como um simples braço político e estratégico do MS.

- Se a SBMFC sempre foi implacável na crítica ao relacionamento dos médicos com a indústria farmacêutica, por razões complexas, muito pouco refletia sobre seus próprios conflitos de interesse (entenda a partir deste fluxograma).

Pois este posicionamento agora demonstra amadurecimento. Não traduz estarem contra o MS (nem deveria) , mas um posicionamento técnico-científico e, certamente, um momento de maior independência institucional. Fazem num tom adequado, estejam com a verdade ou não. Traduzem centralidade no paciente. Quisessem agora até mesmo apoiar outras iniciativas do MS, e teriam maior credibilidade (que isto não seja usado como estratégia, por favor). O contrário da forma como a Fiocruz recentemente posicionou-se a favor de política do Governo, comportando-se mais como um braço político do atual MS do que como instituição científica (leia mais aqui).

Raramente vi sociedade médica questionar qualquer coisa que colocasse a indústria farmacêutica em saia justa. Algumas vezes é preciso. Se as organizações simplesmente refletissem sobre isto, acho que já avançaríamos.

Da mesma forma que ainda proponho à SBMFC reflexão sobre o que acontecia antes com eles. Curiosamente, era na época do Governo PSDB. Lembrem (é público e notório) que já houve maior financiamento do MS à SBMFC. Talvez existam ensinamentos ocultos nisto....

O fato é que é fácil para todos nós questionar conflitos de interesse dos outros. Difícil é gerenciar os nossos e manter relacionamentos sadios. É este o principal e mais complexo desafio. Outra maneira de lidar com estes conflitos é os evitando. Se for viável, também é fácil.

Certa vez, em pequena associação médica que iniciou sua história com importante separação da indústria farmacêutica, como proposta para o futuro, e considerando até mesmo uma aproximação com a indústria, propus que críticos do relacionamento com o Estado/Governo liderassem a construção de políticas para gerenciamento de conflitos de interesse com o Estado/Governo. E que críticos do relacionamento com a indústria liderassem políticas para gerenciamento de conflitos de interesse com a indústria. Não houve muito eco. Preferimos correr riscos ao trabalho de atuar preventivamente. Há necessidade de mudança cultural...