domingo, 30 de agosto de 2020

Em vídeo no fio, norte-americana ilustra a bagunça na qual se transformou seu sistema de saúde com a epidemia: FICOU IGUAL AO NOSSO NO BRASIL!

 

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

O que deve ser mais assustador: medo de COVID ou de coloproctologista voraz?

 Essa situação absurda me foi relatada essa semana:

O risco do pacote todo envolvendo uma colonoscopia (do preparo, passando pela sedação e o procedimento propriamente dito, até as complicações tardias) é estimado em aproximadamente 3 mortes para cada 100.000 intervenções. De fato um risco bastante baixo!

Pela estimativa mais recente do NNT Group, a fatalidade com COVID é de aproximadamente 0.5 para cada 100 pessoas infectadas. 

No entanto, o cenário do COVID não é atrelado à atitude ou ação médica deliberada, simplesmente desnecessária. 

Refletir sobre essa situação em faz automaticamente refletir sobre outra: onde foi parar o movimento de segurança do paciente que, como médico assistencial, foi um dos pioneiros no Brasil? 

Com ele onde está (e dia-a-dia mais), insistimos em questões cuja capacidade de real gerenciamento é questionável e quase não se fala em Overuse, uma vez que vai de encontro do modelo de financiamento preponderantemente vigente no setor saúde...

Tenho mais medo da probabilidade menor a partir de profissional voraz do que de COVID. Vem disfarçada de boa intenção, é mais traiçoeira...


quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Ciência limita, por princípio, liberdades individuais????? Fala sério gente!

Não consigo entender qual a relação que estão buscando estabelecer entre "rigor científico" e liberdades individuais. Haveria relação e importância se uma coisa interferisse NECESSARIAMENTE na outra. Mas podem e devem ser paralelas.... Isto simplesmente traduz a antiga confusão entre Medicina Baseada em Evidências (MBE) e receita de bolo, quando deveria ser vista como bússola norteadora. Ou apenas retórica para tumultuar o momento mesmo. 


Obviamente há cientistas e médicos ligados à MBE autoritários!

Entretanto, não consta nas bases teóricas nem da Ciência nem MBE nada que comprometa liberdades individuais, nada... Aliás, os referenciais teóricos para não confundirmos 'norte' com trilhos ferroviários sem nenhum daqueles equipamentos usados para permitir transitar de uma linha para outra estão disponíveis desde os primeiros textos sobre MBE, para quem quiser entender. 

Alguns tentam sugerir dois possíveis caminhos então: o do rigor científico, que buscam caracterizar como preciosista e perigoso, e o que disfarçam de "melhor disponível", sugerindo ser igualmente científico. O fazem através de retórica que, fosse verdadeira, seria o caminho por mim sempre escolhido e indicado. Mas não bastasse a história da medicina estar repleta de situações onde se percorre o segundo caminho e o predomínio probabilístico é de danos, muitas vezes com essa conclusão depois de muitos anos expondo as pessoas, foge-se da verdadeira e necessária discussão:

Do lado dos que defendem o tal rigor e preciosismo (na linguagem científica chamamos orgulhosamente de ceticismo) não deveria existir limitação ao outro caminho, se concordarmos todos com a preservação das liberdades individuais, algo como já dito pelo economista Ludwig von Mises em Planned Chaos:

“Science is competent to establish what is. It can never dictate what ought to be.”

Não existindo a limitação ao outro caminho (partamos da suposta defesa mútua de liberdades individuais), nem faz sentido disputar o que é verdade para uma pessoa ou grupo. A Ciência bem aplicada é justamente para desviar disso.

A única disputa deveria ser para garantir liberdade de escolhas, caso alguém, de qualquer lado, flertar o autoritarismo. Podendo ser uma luta "de todos os lados" então! E certamente não é exclusiva de ninguém! À Ciência cabe brigar, tão somente, pela parte da Informação do binômio Decisão Informada. Informação desprovida de achismos e vontades. Informação que simplesmente reconheça a incerteza! Informação honesta para a decisão que for! 

O máximo que a Ciência pode é discriminar absoluta incerteza de provável benefício, e basta. Aceitar a incerteza não limita liberdades individuais, minimiza charlatanismo. Também não restringe, minimiza. Compete a outras instâncias a tarefa de restringir ativamente. Mas, dentro da mesma ótica de quem classicamente defende mais acirradamente as liberdades individuais (a minha, diga-se de passagem), cabe comprar outro elemento do pacote ideológico: o de que o Estado ou os fundos coletivos não precisam financiar escolhas individuais desprovidas de comprovação científica bem feita. Senão é boicote a quem pensa diferente, não posicionamento contrário...