segunda-feira, 27 de março de 2017

Qualidade e segurança como parte da assistência, não adjuntos...

Lendo Antifrágil, de Nassim Nicholas Taleb, reforço minha tese de que qualidade e segurança não devem seguir externos a quem faz as coisas de fato.

De cima para baixo, vendem supostas soluções perfeitas. Mas Taleb aposta na imperfeição de quem faz, mais do que nos controladores ou acadêmicos.

Seria como apostar em/estimular profissionais da ponta para melhorias em qualidade, mais do que "especialistas" em qualidade.

Mas nós médicos e enfermeiros julgamo-nos muito atarefados. Por causa disso, segundo Taleb:

"Em nenhum momento da história tantas pessoas que não assumem riscos exerceram tanto controle".

"Assim como os pais neuroticamente superprotetores, aqueles que estão tentando ajudar são, muitas vezes, os que mais prejudicam."

O movimento da qualidade e segurança na saúde, dissociado de quem faz, é um adorável comércio, e, lamento dizer, uma grande farsa. Claro que não absoluta, como praticamente nada é.

Tentei historicamente promover um médico que contasse no seu currículo com qualidade e segurança [o hospitalista]. Poucos entenderam até hoje, insistindo em separar cabeça (qualidade e segurança) e corpo (assistência propriamente dita). Eu próprio hoje voltei a trabalhar as coisas em separado - e reconheço com tranquilidade minha limitação em conquistar resultados em melhoria de processos, justamente quando estou remunerado mais especificamente para isto.

Profissionais da qualidade e segurança não precisam ficar brabos. Acho que a culpa maior é justamente dos profissionais da ponta, que não demonstram o interesse necessário (seja porque o sistema não remunera, seja porque não possuem as competências e habilidades necessárias).

Profissionais específicos da qualidade e segurança deveriam ser como a Medicina Baseada em Evidência (vejam a importância que lhes dou ao os comparar com o que mais admiro na saúde): um norte, um apoio. Mas "apenas" isto...

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