Sobre Medicina Hospitalar, hospitalistas, qualidade assistencial, segurança do paciente, erro médico, conflitos de interesses, educação médica e outros assuntos envolvendo saúde, política e cotidiano.
domingo, 30 de agosto de 2015
quinta-feira, 27 de agosto de 2015
segunda-feira, 24 de agosto de 2015
Como hospitalistas podem minimizar intervenções desnecessárias?
Médicos de diversas especialidades têm investido em iniciativas para minimizar excessos diagnósticos e terapêuticas. A Choosing Wisely tem centralizado muitas destas ações.
Veja o que fizeram hospitalistas – trago abaixo tradução, feita em parceria com o grupo do Proqualis, de recomendações da Society of Hospital Medicine.
Cinco situações onde hospitalistas e pacientes devem refletir:
1) Evite passagem ou permanência de sonda vesical de demora para simples incontinência urinária ou por conveniência, também para monitorar o débito de pacientes que não estejam em condições críticas (indicações aceitáveis: doença crítica, obstrução urinária, em pacientes terminais e, no período perioperatório, por < de 2 dias para procedimentos urológicos). Considere usar peso ao invés de diurese.
As infecções do trato urinário associadas à sonda vesical de demora são as mais frequentes infecções relacionadas à assistência à saúde. O uso de cateteres urinários para incontinência ou por conveniência, sem indicação ou duração apropriada, aumenta as chances de infecção e costuma estar associado a maior morbidade, mortalidade e custos dos cuidados de saúde. Diretrizes sugerem que os hospitais deveriam elaborar, manter e promulgar políticas e procedimentos contemplando indicações para inserção de cateteres, técnicas de inserção e manutenção, estratégias de interrupção e indicações para substituição.
2) Evite receitar medicamentos para a profilaxia das úlceras de estresse em pacientes clínicos hospitalizados, a menos que haja elevado risco de complicações gastro-intestinais.
De acordo com diretrizes, não se recomenda a profilaxia medicamentosa das úlceras de estresse em pacientes adultos fora de uma UTI. Os antagonistas de receptores de histamina-2 e o inibidores da bomba de prótons, comumente usados para tratar as úlceras de estresse, estão associados a eventos medicamentosos adversos e a elevação de custos, além do que costumam aumentar susceptibilidade à pneumonia e à infecção por Clostridium difficile. A adesão às diretrizes terapêuticas ajudará os profissionais da saúde a reduzir o tratamento de pacientes sem fatores de risco clinicamente importantes para hemorragia gastro-intestinal.
3) Evite transfusões de hemácias por limiares arbitrários de hemoglobina ou hematócritos e na ausência de sintomas de doença coronariana ativa, insuficiência cardíaca ou AVC.
A American Association of Blood Banks (AABB) recomenda adesão a uma estratégia restritiva à transfusão (de 7 a 8 g/dL) para pacientes internados estáveis. A AABB sugere que as decisões relativas a transfusão sejam influenciadas tanto por sintomas quanto pelas concentrações de hemoglobina. Segundo o National Institutes of Health Consensus Conference, não se deve usar apenas um critério para indicação de terapia com concentrado de hemácias. Deve-se, sim, considerar vários componentes relacionados ao estado clínico do paciente e ao transporte de oxigênio.
4) Não indique telemetria fora da UTI sem usar um protocolo para reger a continuidade.
Telemetria tem utilidade limitada ou benefício mensurável discutível em pacientes com dor torácica cardíaca de baixo risco com eletrocardiograma normal. As diretrizes publicadas dão claras indicações para o uso contingenciado pela frequência, gravidade, duração e condições nas quais ocorrem os sintomas. O uso inapropriado pode aumentar os custos dos cuidados e gerar falsos positivos, criando um potencial para erros.
5) Evite repetir vários hemogramas completos ou exames bioquímicos diante de uma estabilidade clínica e laboratorial.
Costuma-se retirar muito sangue dos pacientes hospitalizados durante períodos bastante curtos para a realização de exames diagnósticos. A flebotomia está muito associada a mudanças nos níveis de hemoglobina e hematócritos dos pacientes e pode contribuir para anemia. Essa anemia, por sua vez, pode ter consequências significativas, especialmente para pacientes com doenças cardiopulmonares. Além disso, reduzir a frequência da flebotomia cotidiana desnecessária pode levar a consideráveis economias para os hospitais.
A lista apresentada é resultado do trabalho de subcomitê criado pela Society of Hospital Medicine (SHM) – composto de representantes do comitê de Qualidade Hospitalar e Segurança do Paciente, entre outros especialistas acadêmicos e do ambiente hospitalar. Os membros do Comitê da SHM submeteram 150 recomendações que foram discutidas para averiguar frequência de ocorrência, bem como a singularidade dos exames e tratamentos, e para verificar se era significativo o peso dos custos, delimitando a lista em 65 itens. Foi enviada, então, uma enquete para todos os membros da SHM de forma a chegarem a 11 recomendações. As cinco finalistas foram determinadas através do método Delphi. O Conselho da SHM aprovou as recomendações finais.
Veja o que fizeram hospitalistas – trago abaixo tradução, feita em parceria com o grupo do Proqualis, de recomendações da Society of Hospital Medicine.
Cinco situações onde hospitalistas e pacientes devem refletir:
1) Evite passagem ou permanência de sonda vesical de demora para simples incontinência urinária ou por conveniência, também para monitorar o débito de pacientes que não estejam em condições críticas (indicações aceitáveis: doença crítica, obstrução urinária, em pacientes terminais e, no período perioperatório, por < de 2 dias para procedimentos urológicos). Considere usar peso ao invés de diurese.
As infecções do trato urinário associadas à sonda vesical de demora são as mais frequentes infecções relacionadas à assistência à saúde. O uso de cateteres urinários para incontinência ou por conveniência, sem indicação ou duração apropriada, aumenta as chances de infecção e costuma estar associado a maior morbidade, mortalidade e custos dos cuidados de saúde. Diretrizes sugerem que os hospitais deveriam elaborar, manter e promulgar políticas e procedimentos contemplando indicações para inserção de cateteres, técnicas de inserção e manutenção, estratégias de interrupção e indicações para substituição.
2) Evite receitar medicamentos para a profilaxia das úlceras de estresse em pacientes clínicos hospitalizados, a menos que haja elevado risco de complicações gastro-intestinais.
De acordo com diretrizes, não se recomenda a profilaxia medicamentosa das úlceras de estresse em pacientes adultos fora de uma UTI. Os antagonistas de receptores de histamina-2 e o inibidores da bomba de prótons, comumente usados para tratar as úlceras de estresse, estão associados a eventos medicamentosos adversos e a elevação de custos, além do que costumam aumentar susceptibilidade à pneumonia e à infecção por Clostridium difficile. A adesão às diretrizes terapêuticas ajudará os profissionais da saúde a reduzir o tratamento de pacientes sem fatores de risco clinicamente importantes para hemorragia gastro-intestinal.
3) Evite transfusões de hemácias por limiares arbitrários de hemoglobina ou hematócritos e na ausência de sintomas de doença coronariana ativa, insuficiência cardíaca ou AVC.
A American Association of Blood Banks (AABB) recomenda adesão a uma estratégia restritiva à transfusão (de 7 a 8 g/dL) para pacientes internados estáveis. A AABB sugere que as decisões relativas a transfusão sejam influenciadas tanto por sintomas quanto pelas concentrações de hemoglobina. Segundo o National Institutes of Health Consensus Conference, não se deve usar apenas um critério para indicação de terapia com concentrado de hemácias. Deve-se, sim, considerar vários componentes relacionados ao estado clínico do paciente e ao transporte de oxigênio.
4) Não indique telemetria fora da UTI sem usar um protocolo para reger a continuidade.
Telemetria tem utilidade limitada ou benefício mensurável discutível em pacientes com dor torácica cardíaca de baixo risco com eletrocardiograma normal. As diretrizes publicadas dão claras indicações para o uso contingenciado pela frequência, gravidade, duração e condições nas quais ocorrem os sintomas. O uso inapropriado pode aumentar os custos dos cuidados e gerar falsos positivos, criando um potencial para erros.
5) Evite repetir vários hemogramas completos ou exames bioquímicos diante de uma estabilidade clínica e laboratorial.
Costuma-se retirar muito sangue dos pacientes hospitalizados durante períodos bastante curtos para a realização de exames diagnósticos. A flebotomia está muito associada a mudanças nos níveis de hemoglobina e hematócritos dos pacientes e pode contribuir para anemia. Essa anemia, por sua vez, pode ter consequências significativas, especialmente para pacientes com doenças cardiopulmonares. Além disso, reduzir a frequência da flebotomia cotidiana desnecessária pode levar a consideráveis economias para os hospitais.
A lista apresentada é resultado do trabalho de subcomitê criado pela Society of Hospital Medicine (SHM) – composto de representantes do comitê de Qualidade Hospitalar e Segurança do Paciente, entre outros especialistas acadêmicos e do ambiente hospitalar. Os membros do Comitê da SHM submeteram 150 recomendações que foram discutidas para averiguar frequência de ocorrência, bem como a singularidade dos exames e tratamentos, e para verificar se era significativo o peso dos custos, delimitando a lista em 65 itens. Foi enviada, então, uma enquete para todos os membros da SHM de forma a chegarem a 11 recomendações. As cinco finalistas foram determinadas através do método Delphi. O Conselho da SHM aprovou as recomendações finais.
terça-feira, 18 de agosto de 2015
sexta-feira, 14 de agosto de 2015
Neil Winawer 5 x 0
Ontem, o hospitalista da Emory University / Atlanta, e editor-chefe do Journal Watch Hospital Medicine, encaminhou-me a foto, em alusão ao placar elástico do último clássico Grenal.
Brincadeira à parte, ilustra a parte mais bacana do movimento construído, com desdobramentos muito além da Medicina.
quinta-feira, 13 de agosto de 2015
Membro de SBMFC + SHM
Venho há algum tempo sem participar do associativismo relacionado às minhas especialidades no Brasil. Por diversos motivos, já expostos neste espaço. Já tendo até brincado de tentar criar uma via alternativa...
Sou generalista!
Esta semana decidi que, para manter-me informado de tudo que diz respeito à Medicina Generalista, mesmo que trabalhando exclusivamente em hospitais, estarei mantendo minha associação à Society of Hospital Medicine (EUA), e aderindo também à Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade.
Interessante notar que o movimento hospitalista no Canadá está no seio do movimento de family medicine.
O fato é que não participo mais de associações sem coisas básicas como transparência mínima, eleições, alternância de poder ou visão crítica sobre potenciais conflitos de interesse.
Sou generalista!
Esta semana decidi que, para manter-me informado de tudo que diz respeito à Medicina Generalista, mesmo que trabalhando exclusivamente em hospitais, estarei mantendo minha associação à Society of Hospital Medicine (EUA), e aderindo também à Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade.
Interessante notar que o movimento hospitalista no Canadá está no seio do movimento de family medicine.
O fato é que não participo mais de associações sem coisas básicas como transparência mínima, eleições, alternância de poder ou visão crítica sobre potenciais conflitos de interesse.
segunda-feira, 10 de agosto de 2015
Já no túnel do tempo: Você conhece este médico? (ZH, 28 de abril de 2008, na página 14)
Você conhece este médico?, texto que comecei a rasurar voltando de evento da SHM
Apresento-lhes um novo tipo de médico. É o hospitalista, especialista em medicina hospitalar. Ele se dedica, em tempo integral, ao cuidado de pacientes hospitalizados e os devolve ao colega do ambulatório no momento da alta, primando pela adequada transição do cuidado. Nos Estados Unidos, a medicina hospitalar surgiu em meados da década de 90 e não se tem notícia na história da medicina moderna de um segmento que tenha tido um crescimento tão vertiginoso. No início, eram cerca de 800 hospitalistas – vistos até com uma certa desconfiança.
Em 2006, somavam aproximadamente 20 mil e as projeções mostradas no Encontro Anual da Society of Hospital Medicine (SHM), recém encerrado em San Diego, na Califórnia, apontam que, em 2012, provavelmente serão mais de 30 mil médicos generalistas, aumentando a satisfação das organizações, dos usuários e de profissionais da saúde envolvidos no cuidado intra e extra-hospitalar.
Hábil para coordenar equipes multidisciplinares, o hospitalista vem para assumir papel de liderança na busca da segurança do paciente e no aumento da qualidade e da eficiência dos serviços prestados, destacando-se em áreas como co-manejo, tecnologia da informação, pesquisa, educação e, sobretudo, gestão de recursos hospitalares. Exatamente por ter essa versatilidade e amplitude de conhecimento, é capaz de possibilitar que o paciente permaneça menos tempo internado, reduzindo os riscos e os custos que envolvem uma hospitalização. Estimativas demonstram que a atuação do hospitalista pode reduzir o tempo de internação dos pacientes em aproximadamente 12% e os custos do hospital, em média, em 13%. Isto tudo com ganho de qualidade.
Por trabalharem, via de regra, dedicados a uma única instituição, passam a realmente conhecer seus processos e poder aprimorá-los. Aliás, passam a conhecer inclusive seus problemas ou saber onde as operações trancam. A colaboração de hospitalistas no controle de infecção hospitalar, assunto que está mobilizando a população gaúcha, principalmente a de Porto Alegre, em decorrência do surto de germes panresistentes a antibióticos, está bem documentada na literatura.
A expansão da medicina hospitalar em nosso meio – cujo 1º Congresso Brasileiro ocorrerá no início de maio, em Gramado – fortalece uma estratégia de busca por uma atuação médica mais horizontal e aprofundada no ambiente hospital, com maior comunicação e sintonia entre todos os profissionais envolvidos.
domingo, 9 de agosto de 2015
Hospitalistas estão na vitrine em Portugal
Vejo o valor do que foi feito aqui no Brasil há quase 15 anos na medida em que Portugal parece ter despertado para o assunto nos últimos dois (verdade relativa). Matéria em melhor resolução aqui: http://bit.ly/2s4w8Jo.
Nunca vislumbrei meu movimento aqui como a tentativa de impor um modelo, mas sim como fonte de reflexões sobre práticas assistenciais e corporativas, algo já sacramentado.
quinta-feira, 6 de agosto de 2015
Fazer mais não significa fazer melhor
Italiano do projeto Slow Medicine e da reportagem da Veja virá ao Brasil e terei a possibilidade de recebê-lo em meus dois hospitais. A atividade no Divina Providência será aberta a meus contatos externos.
Marco Bobbio falará segundo cronograma abaixo:
10/09: atividade independente, sob o comando de Marcelo Bonhemberger, da disciplina de ética aplicada da PUCRS: "Conflict of interests: from research to clinical practice" (será aberta ao público e enviarei mais detalhes em breve)
11/09:
11hrs - Hospital de Clínicas de Porto Alegre: "O doente imaginado" (título de seu mais recente livro)
17hrs - Hospital Divina Providência: Doing more does not mean doing better: Choosing Wisely campaign in Italy / Slow Medicine.
11hrs - Hospital de Clínicas de Porto Alegre: "O doente imaginado" (título de seu mais recente livro)
17hrs - Hospital Divina Providência: Doing more does not mean doing better: Choosing Wisely campaign in Italy / Slow Medicine.
De Porto Alegre ele vai à São Paulo falar no Hospital Sírio-Libanês.
Quem tiver interesse em ler toda matéria da Veja: http://bit.ly/2rCkvV8