segunda-feira, 23 de setembro de 2013

É a isto que tanto me refiro:

"Boa Tarde
Estamos selecionando médicos para vaga hospitalista plantonista para o Hospital Parque Belém na zona sul de Porto Alegre, o trabalho é basicamente receber os pctes regulados com a central de leitos de Porto Alegre (+ ou - 7pcts/dia), fazer nota de internação, solicitar alguns exames (somente marcar na folha) que achar pertinente e fazer a prescrição (prescrição eletrônica padrão + alterações). Todos os pacientes tem seus médicos assitentes que prescrevem e evoluem diariamente, o plantonista precisa atender intercorrências no hospital com por exemplo dif. respiratória que não tem prescrição de nebulização, vômitos sem plasil prescrito, dor sem morfina, etc...... problemas corriqueiros, eventualmente casos mais graves temos a UTI que sempre nos da suporte, seja transferindo o pcte ou discutindo o caso e algumas vezes avaliando o pcte junto ao leito com o plantonista.
Realmente o plantão é BEM tranquilo, temos quarto confortável, televisão, frigobar, chuveiro, enfim ambiente tranquilo para se trabalhar e possibilidade de estudar entre um atendimento ou outro.
Temos interesse em contratar plantonistas em regime de CLT cuja a carga horária é de 96hs mensais que devem ser contempladas em um plantão de 12 hs noturno durante as semanas (48h- 4 plantões de 12hs noite) e 48hs em final de semana e feriados, o valor é de aprox _*R$5.250,00 líquido*_, com todos os encargos como férias 13º salario, fundo de garantia e insalubridade (poucos locais pagam insalubridade o que possibilita a aposentadoria um pouco antes dos demais).
Att,
Coordenador Médico Hospitalista"

Recentemente havia escrito novamente sobre o assunto em Saúde Web: A medicina veterinária brasileira tem hospitalistas. Muitos hospitais para humanos que pensam ter, não têm. Outro cuja leitura sugiro é Roubadas de carreira como hospitalista.

E independente da discussão sobre modelos, onde vamos com "médico para prescrever Plasil" e plantão em hospital para ser tranquilo, enquanto confortável era para ser a casa da gente, com a família da gente, menos trabalho, e mais intensidade (cognitiva e física) e resolutividade quando em serviço?

Separar o atendimento "principal" de coisas como "vômitos sem plasil prescrito" não é um grande tiro no pé? Será possível defender o Ato Médico se nós próprios desvinculamos nosso atendimento de coisas que, isoladamente, ninguém em sã consciência consegue justificar como custo-efetivas para serem médico-específicas? Com um sistema que identifique bem alergias, um bom protocolo e uma macaco bem treinado, é possível garantir "prescrição de plasil para vômitos sem plasil prescrito"...

Não estamos repetidamente errando ao estimular "de dentro" categorias de profissionais médicos que se assemelham em muito aos midlevel providers norte-americanos, para que, o dia em que forem oficializados pelo governo brasileiro como "bacharéis", reclamarmos em tom de quem é apenas vítima? 

Faz com que R$5.250,00 líquido seja muito... Além de que alguém já está recebendo para fazer uma prescrição que deveria conter elementos necessários para o adequado gerenciamento de sintomas tão prevalentes em pacientes hospitalizados. Não fica tão evidente, por enquanto, pois envolve duas fontes pagadoras absolutamente desconectadas. Por enquanto... cedo ou tarde, novos modelos de remuneração virão.

A diferença entre isto, com dois recebendo para fazer trabalho de um, e dois batendo o ponto e apenas um trabalhando não é grande, ao menos filosoficamente falando. É claro que percebo que a proposta também inclui tarefas que não se encaixariam neste crítica, como o atendimento de algumas intercorrências. No entanto, ainda assim, existiriam formas mais custo-efetivas de lidar com a demanda, como a partir de times de resposta rápida compostos por médicos já na folha de pagamento da instituição.

Nesta contexto, o papel da Acreditação (minha maior experiência é com a internacional da JCI) é bastante positivo. Exigem padrões mínimos para o prescritor principal, seja ele um médico assistente tradicional ou um verdadeiro hospitalista, onde algumas coisas obrigatoriamente devem ser previstas, antecipadas, e a prescrição parametrizada para responder ao problema em diferentes circunstâncias e intensidades.

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