Sobre Medicina Hospitalar, hospitalistas, qualidade assistencial, segurança do paciente, erro médico, conflitos de interesses, educação médica e outros assuntos envolvendo saúde, política e cotidiano.
domingo, 23 de dezembro de 2012
O ambiente profissional, os laços que nos unem e as pequenas trapaças cotidianas
Em decorrência de algumas situações nos últimos anos onde o comportamento de pessoas que tinha como parceiras fez com que me sentisse desapontado, fui mais fundo em tema que de certa forma já estudo há um bom tempo quando leio sobre conflitos de interesse na Medicina: desonestidade e pequenas trapaças.
Folhando agora ‘A mais pura verdade sobre a desonestidade‘, de Dan Ariely, encontro algumas respostas, e com elas a vontade de me reaproximar de alguns destes “trapaceiros(as)”, fôssemos capazes de aceitar nossas tomadas de decisões equivocadas e nossas vulnerabilidades, como quando inconscientemente agimos em prol de nossos íntimos desejos egoístas apenas. E rir de tudo isto...
Questionássemos médicos em geral e muitos destes que me desapontaram (este grupo previamente), ou pessoas em geral, se aceitariam que, no seu clube esportivo, associação de bairro, sindicato, confraria ou sociedade médica, as eleições fossem fraudadas ou ignoradas, passando por cima do estatuto e de um grupo silencioso mas que inclusive pagou para fazer parte, a imensa maioria diria que não. E que reagiria caso isso acontecesse. Se perguntados na ausência de qualquer fato, apenas como um “teste moral”... Perguntássemos se participariam de alguma maneira da marmelada, muitos ficariam até ofendidos.
Quais forças imobilizam tantos que silenciam quando situações deste tipo acontecem na nossa cara, enquanto condenam nas redes sociais práticas semelhantes por quem está longe demais para confrontá-los ou reagir?
Como é interessante observar pessoas racionalizando e relativizando quando envolvidas em situações deste tipo. Envolvidas indiretamente, porque omissas acabam dando sustentação, costumam dizer (para os outros, mas principalmente para si mesmas): “Tenho mais o que fazer”. Ou arranjam inimigos distantes maiores para justificar apoio a quem faz errado (eu já fiz isto algumas vezes).
Quando compõem a nominata diretamente envolvida na transição/gestão trapaceira, respondem:
- “Eu mereço estar ali, tenho trabalhado muito pelo movimento”;
- ”Meu potencial de contribuição ao movimento é grande, só respondo por mim mesmo e tenho a minha consciência tranquila”;
- ”Quem talvez esteja trapaceando é quem está liderando. Não me envolvo nos porões da política. E de um jeito ou de outro, se eu não participar, o movimento perde mais”.
Eu, eu, eu, eu, eu....
Agora imaginem uma organização médica cujo fundador é impedido de assistir a uma eleição ao final de mandato, estando alguns históricos parceiros no grupo que viria a promover a baita marmelada. Dan Ariely discute o porquê em seu livro. Querem se beneficiar (na melhor relação benefício/comodidade). Se para viabilizar, estivessem ”os líderes” empregando diversas ações para impedir ou desmotivar a participação de sócios adimplentes, enquanto compõem com “parceiros” nunca adimplentes, caracterizando uma fraude, por que os bons se omitiriam ou até participariam disto? Ariely sugere, provocativo e mostrando estudos e evidências, que, tivesse este sócio que entregou dinheiro à associação não feito isso através do sistema online, mas através de dinheiro vivo e de um destes que “apenas participam“ (em mãos), uma situação que na essência é a mesma que a criticada, teria neste colega um defensor e, mesmo que não conseguissem (ao menos) resgatar o dinheiro da conta da entidade, muito provavelmente este diretor tiraria do próprio bolso para reparar o dano.
Pois quase aconteceu a baita marmelada... E interessante foi observar um colega que entraria como membro da nova gestão em coordenação de comitê, e não na diretoria propriamente dita. Questionando, racionalizou dizendo que tinha tomado a “distância necessária”, mas fez julgamento negativo implacável de todos que estavam na diretoria. Enquanto neste último grupo, dos que ficaram mais para trás, muitos fizeram o mesmo em relação a quem viria a compor a alta cúpula e estaria de fato “conduzindo o processo”.
Há pessoas que pagaram e, como sócios ativos, não são convidados para discutir o futuro da entidade. Houve pessoas tentando se “eleger”, mas sequer estavam quites ou nunca foram sócios. Estes que estavam indo na onda, mas como “coadjuvantes” (maneira como muitos se auto-intitularam), seriam incapazes de pegar para si R$ 1,00 esquecidos na mesa por qualquer um dos sócios pagantes. Mas não mantêm vivo em suas mentes o fato de que, viessem a ser subsidiados para qualquer coisa lá na frente como diretores, estariam potencialmente usando eles próprios o dinheiro de um deles.
Dan Ariely, em seu livro, diz que as pessoas estão mais propensas a cometer atos desonestos ou trapaças na presença de objetos não monetários e quanto mais distantes do núcleo da marmelada. Em outras palavras, que participar de trapaças envolvendo dinheiro vivo e prejuízos diretos é para poucos. Mas que a maioria de nós racionaliza distantes disto, e o quanto mais distantes mais racionaliza e relativiza. E que este talvez seja um forte combustível, enquanto o ato mais desonesto apenas a faísca.
A tese central do autor é a seguinte:
Que nosso comportamento é conduzido por duas motivações opostas. Por um lado, queremos nos ver como pessoas honestas e honradas. Queremos poder olhar no espelho e nos sentir bem em relação a nós mesmos (os psicólogos chamam isto de motivação do ego). Por outro lado, queremos nos beneficiar com a trapaça e ainda nos vermos como pessoas maravilhosas.
Lendo o livro, surgiu a pergunta:
Se tivessem que assinar do próprio punho com “as lideranças” atas e outros documentos que materializariam um golpe, agiriam igual? Haveria diferença assinando no fim ou na largada?
Ariely sugere... bom, quem tiver curiosidade, que leia o livro.
Feliz Natal!
terça-feira, 18 de dezembro de 2012
segunda-feira, 10 de dezembro de 2012
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
sábado, 17 de novembro de 2012
sexta-feira, 16 de novembro de 2012
Há exatamente 2 anos... PASHA2010
http://alertaindependente.blogspot.com.br/2012/11/ha-2-anos-pasha2010.html
Um case de gestão da inovação, com muito trabalho, erros e pitadas de reverência ao que sustentava a missão principal do projeto e de esperança por uma Medicina melhor que compensaram todos eles.
Um case de gestão da inovação, com muito trabalho, erros e pitadas de reverência ao que sustentava a missão principal do projeto e de esperança por uma Medicina melhor que compensaram todos eles.
Trabalho distrai a vaidade, engana a falta de poder e traz a esperança de um bom evento - Jacques Anatole France - poeta e romancista francês
segunda-feira, 12 de novembro de 2012
domingo, 11 de novembro de 2012
Fisioterapeutas hospitalares unidos em associação nacional
Além de promover maior aproximação entre a categoria através de discussões, congressos e palestras, a entidade tem como objetivo melhorar as condições de trabalho e salários dos profissionais e garantir a regulamentação da atividade no país. Leia mais.
sábado, 10 de novembro de 2012
Café com leite na veia e segurança do paciente
Num posto de atendimento médico de São João de Meriti (Baixada Fluminense), uma estagiária de enfermagem causou a morte de paciente de 80 anos aplicando café com leite pelo acesso parenteral.
Que procedimentos, barreiras e defesas são – ou deveriam ser – utilizados para prevenir erros na administração de alimentos e medicamentos quando um paciente está simultaneamente com acesso enteral e parenteral? Como reduzir os riscos de o paciente receber nutrição ou medicamentos por via de administração errada? Em caso de erro, como proceder? Leia mais em PROQUALIS.
Entrevistas com Alfredo, do Safety:
Especialista em segurança hospitalar fala sobre mortes causadas por erro de procedimento
Especialista comenta medidas que podem evitar erros hospitalares
Que procedimentos, barreiras e defesas são – ou deveriam ser – utilizados para prevenir erros na administração de alimentos e medicamentos quando um paciente está simultaneamente com acesso enteral e parenteral? Como reduzir os riscos de o paciente receber nutrição ou medicamentos por via de administração errada? Em caso de erro, como proceder? Leia mais em PROQUALIS.
Entrevistas com Alfredo, do Safety:
Especialista em segurança hospitalar fala sobre mortes causadas por erro de procedimento
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
terça-feira, 6 de novembro de 2012
sábado, 20 de outubro de 2012
"O que somos e o que aparentamos ser" - Camargo*
No roteiro educativo dos residentes da Clínica Mayo, a sessão aguardada com mais ansiedade por todos, e com sofrimento visceral pelos envolvidos, era a chamada Morte Revisitada. Quinzenalmente, quatro mortes recentes eram analisadas em busca de aprendizado e de erros que pudessem ser convertidos em lições para que – tomara fosse possível – não se repetissem.
Aquela catarse era precedida por trocas de confidências, apoio velado, revisões conjuntas e insônia, muita insônia, porque sem dúvida um dos exercícios mais massacrantes da atividade médica é a retrospecção dos maus casos. Quando temos isenção ao revisar o que aconteceu na trajetória do fracasso, é inevitável descobrir que invariavelmente ocorreram momentos em que alguma coisa não foi bem entendida ou adequadamente valorizada e que, talvez, se tivesse sido, o desfecho poderia ser diferente.
Como sempre aprendemos com os nossos erros, nada mais didático do que esquadrinhá-los, em busca de aprendizado para o futuro. Mas como dói!
E porque dói a maioria dos médicos e hospitais, mesmo os universitários, fogem dessa prática. Mais cômodo é atribuir o insucesso à natureza, que além de grande e generosa não tem como se defender. A atividade médica, ancorada numa ciência imprecisa, sem a inflexibilidade dos modelos matemáticos, usa os meios conhecidos de decisão baseados em evidências, e depende de fatores impalpáveis como atenção, bom senso, juízo crítico e experiência. E, se não bastasse, pode ser influenciada por elementos ainda mais fragilizantes como depressão, ansiedade, mau humor e cansaço.
Se o dia a dia dessa atividade, tão fascinante e exigente porque lida com o nosso bem mais valioso, está exposto a uma margem de erro tão perturbadora, o mínimo que se espera de um médico responsável é a consciência de sua limitação. Não pode ser coincidência que os melhores médicos sejam pessoas humildes, serenas e bem resolvidas. Não há espaço para exibicionismo e arrogância na trilha pantanosa da incerteza e do imprevisto. Em 40 anos de atividade médica intensa, nunca encontrei um posudo que fosse, de verdade, um bom médico. O convívio diário com a falibilidade recicla atitudes, elimina encenações, modela comportamentos e enternece corações. Tenho reiterado isso aos mais jovens: evitem os pretensiosos, porque eles, na ânsia irrefreável de aparentar, gastam toda a energia imprescindível para ser.
E ficam assim, vazios.
* Médico- cirurgião torácico e chefe do setor de Transplantes da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre RS
Em 2010, justamente a experiência da Mayo Clinic foi abordada em evento que organizei em Florianópolis, através de Jason H. Szostek e a conferência intitulada Start doing the morbidity and mortality conference and transform it into an instrument for systemwide improvement.
Aqui artigo de Szostek sobre o mesmo assunto: A Systems Approach to Morbidity and Mortality.
Aqui um vídeo sobre o mesmo tema: Transforming Morbidity and Mortality Conference into Improved Patient Care.
Aquela catarse era precedida por trocas de confidências, apoio velado, revisões conjuntas e insônia, muita insônia, porque sem dúvida um dos exercícios mais massacrantes da atividade médica é a retrospecção dos maus casos. Quando temos isenção ao revisar o que aconteceu na trajetória do fracasso, é inevitável descobrir que invariavelmente ocorreram momentos em que alguma coisa não foi bem entendida ou adequadamente valorizada e que, talvez, se tivesse sido, o desfecho poderia ser diferente.
Como sempre aprendemos com os nossos erros, nada mais didático do que esquadrinhá-los, em busca de aprendizado para o futuro. Mas como dói!
E porque dói a maioria dos médicos e hospitais, mesmo os universitários, fogem dessa prática. Mais cômodo é atribuir o insucesso à natureza, que além de grande e generosa não tem como se defender. A atividade médica, ancorada numa ciência imprecisa, sem a inflexibilidade dos modelos matemáticos, usa os meios conhecidos de decisão baseados em evidências, e depende de fatores impalpáveis como atenção, bom senso, juízo crítico e experiência. E, se não bastasse, pode ser influenciada por elementos ainda mais fragilizantes como depressão, ansiedade, mau humor e cansaço.
Se o dia a dia dessa atividade, tão fascinante e exigente porque lida com o nosso bem mais valioso, está exposto a uma margem de erro tão perturbadora, o mínimo que se espera de um médico responsável é a consciência de sua limitação. Não pode ser coincidência que os melhores médicos sejam pessoas humildes, serenas e bem resolvidas. Não há espaço para exibicionismo e arrogância na trilha pantanosa da incerteza e do imprevisto. Em 40 anos de atividade médica intensa, nunca encontrei um posudo que fosse, de verdade, um bom médico. O convívio diário com a falibilidade recicla atitudes, elimina encenações, modela comportamentos e enternece corações. Tenho reiterado isso aos mais jovens: evitem os pretensiosos, porque eles, na ânsia irrefreável de aparentar, gastam toda a energia imprescindível para ser.
E ficam assim, vazios.
* Médico- cirurgião torácico e chefe do setor de Transplantes da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre RS
Em 2010, justamente a experiência da Mayo Clinic foi abordada em evento que organizei em Florianópolis, através de Jason H. Szostek e a conferência intitulada Start doing the morbidity and mortality conference and transform it into an instrument for systemwide improvement.
Aqui artigo de Szostek sobre o mesmo assunto: A Systems Approach to Morbidity and Mortality.
Aqui um vídeo sobre o mesmo tema: Transforming Morbidity and Mortality Conference into Improved Patient Care.
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
If You Lose the Patient, Don't Lose the Lessons
domingo, 14 de outubro de 2012
Discurso interessante
Palavras ao vento, se a ideia for depender de pessoas perfeitas. Se for usado para a compreensão da necessidade de transparência e controle, vale a pena.
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
segunda-feira, 8 de outubro de 2012
domingo, 7 de outubro de 2012
Controle e transparência em entidades médicas
Procuro entidade médica, particularmente as do tipo associação sem fins lucrativos, que:
- respeite Missão e Estatuto;
- esteja sempre aberta para aprimorar o Estatuto, tornando-se progressivamente menos dependente de pessoas;
- favoreça a participação de membros e até mesmo o surgimento de oposições;
- divulgue ampla prestação de contas (não apenas financeira);
- ao promover educação médica continuada, que o faça sem indústria farmacêutica ou com indústria farmacêutica - sem problemas -, mas que construa e aprimore políticas de relacionamento com quem for se relacionar e não tenha o mesmo interesse primário.
Quando fizemos a atual chapa que dirige a SOBRAMH, trabalhei forte para concretizá-la. Próximo do término de meu mandato e do prazo para encerramento das inscrições, já ficando evidentes alguns problemas, fui sondado para quebrar o combinado e partir para um novo período (e seria nas regras do jogo, e acabaria sem oposição). Fiz questão de não ceder, porque sempre critiquei a perpetuação no poder de pessoas em entidades médicas com estas características, e eu estava completando três anos à frente da SOBRAMH, sem levar em conta os outros muitos “extra-oficiais” para fazer brotar o movimento. Havia mecanismos para manter o norte, mas dependeria de participação ativa do coletivo médico...
Permitiu-se agora que um "II Congresso", cuja data era de conhecimento de alguns há mais tempo, fosse efetivamente lançado apenas após o prazo previsto em Estatuto para organização de chapas se esgotar. Ignorou-se (antes e depois) tudo que consta em Estatuto para garantir minimamente um processo eleitoral digno. Houve o caso do colega paranaense que enviou e-mail ao atual presidente no início de 2012 solicitando orientação para regularizar sua situação e foi informado que havia “problemas”. Recebeu agora dados de uma conta bancária que sempre existiu, e sugestão de pagamento de R$300,00 (a anuidade vinha sendo R$50,00), “assim poderá participar em assembléia geral de logo mais com voz e voto”. Voto em quê? Serão R$300,00 (mais custos de deslocamento e hospedagem) para enfrentar o absoluto desconhecido (ou não). A SBPT cobra R$420,00 por (verdadeira) anuidade, e inclui o Jornal Brasileiro de Pneumologia, entre outras vantagens. A AMIB cobra R$ 450,00, oferecendo acesso on-line às dez principais revistas médicas internacionais da especialidade. A estratégia de esvaziar uma associação, apostando em evento periódico, criando até mesmo dificuldades para pessoas que desejem o exercício do associativismo, é mais velha que andar pra frente. Para então fazer uso predominantemente político ou movido por interesses secundários!
Na última semana, vice-presidente exonerado da atual gestão recebeu e-mail de colega paulista (neófito no movimento em todos os sentidos) o convidando para o evento. Educadamente, disse não e agradeceu! É triste ver pioneiros se afastando, não querendo sequer participar da grade... Pior por se tratar de um dos poucos hospitalistas entre o grupo de atual diretores.
Ao concluir meu mandato, na assembleia de encerramento, distribui cópias de documentos com toda movimentação financeira para cada participante. Deixei meu tempo e energia sob a forma de receitas para esta associação sem fins lucrativos, inclusive doação relacionada à tradução de livro, para, ao questionar qualquer coisa da nova diretoria, ficar com a impressão, pela maneira como processam qualquer reivindicação, de que estou furungando em negócio alheio.
Tenho criticado fortemente a confusão entre público e privado nas associações médicas. Que não fique a ideia de que não admiro o privado. Fosse como faz Sound Physicians – HM, the way it should be, em paralelo com a SOBRAMH, e não haveria problema. Inclusive penso que, hoje, a organização que melhor representa boa parte dos ideais que me moveram a criar e alavancar a associação para promoção da Medicina Hospitalar (de cunho predominantemente técnico- científicos) é a MedicinaNet. Um empresa privada que vem fornecendo educação médica em diversas áreas fundamentais para hospitalistas. Tenho MedicinaNet e não pagarei mais a SOBRAMH, a não ser que mude. Há inclusive outras vantagens: há menos objetivos secundários em jogo, e, consequentemente, um maior comprometimento do prestador de serviço com a qualidade do produto que oferece, razão quase única de sua existência. E se o produto não for bom, não lucram. Muitos poderiam dizer que uma associação médica não deve viver apenas de promover educação continuada. Mas isto apenas reforça meu atual posicionamento: hoje, melhor a neutralidade, do que fomentar o tipo de hospitalista que está sendo promovido nos bastidores por parte das atuais lideranças.
Historicamente, busquei melhorar questões envolvendo controle e transparência em entidades médicas das quais participei, como a Associação Nacional de Médicos Residentes, que por muitos anos (não sei como está agora) insistiu em fazer tudo errado para manter o poder, em última instância agrupando amigos e parceiros como membros votantes (sem exigência de estarem em situação regular) e afastando opositores com o argumento de não estarem em situação regular. Por não me manifestar externamente, fui também conivente. Como não lembrar também de minha participação na SBCM/RS, da qual fui diretor sem ter aderido previamente à entidade, sem nunca ter pago anuidade - entrei como convidado, saí quando percebi que meus questionamentos não teriam eco. Mais recentemente, o caso do SIMERS é emblemático. Espero que a SOBRAMH amadureça. Lamento profundamente já terem se passado praticamente dois anos de receberem a entidade com algum dinheiro em caixa e jamais terem dado qualquer retorno aos vários que fizeram pequenos aportes. Enquanto isto estarei depositando meu tempo e energia em outros projetos, como, por exemplo, ajudando amigo que promove segurança do paciente através de iniciativa absolutamente privada, para não dizer pessoal. Não engana ninguém com discurso associativista e sob rúbrica de entidade sem fins lucrativos. Terá sido este o último texto que escreverei em relação à SOBRAMH, a não ser que venha a elogiá-la no futuro. É o que espero poder fazer, independente das pessoas que nela estiveram.
- respeite Missão e Estatuto;
- esteja sempre aberta para aprimorar o Estatuto, tornando-se progressivamente menos dependente de pessoas;
- favoreça a participação de membros e até mesmo o surgimento de oposições;
- divulgue ampla prestação de contas (não apenas financeira);
- ao promover educação médica continuada, que o faça sem indústria farmacêutica ou com indústria farmacêutica - sem problemas -, mas que construa e aprimore políticas de relacionamento com quem for se relacionar e não tenha o mesmo interesse primário.
Quando fizemos a atual chapa que dirige a SOBRAMH, trabalhei forte para concretizá-la. Próximo do término de meu mandato e do prazo para encerramento das inscrições, já ficando evidentes alguns problemas, fui sondado para quebrar o combinado e partir para um novo período (e seria nas regras do jogo, e acabaria sem oposição). Fiz questão de não ceder, porque sempre critiquei a perpetuação no poder de pessoas em entidades médicas com estas características, e eu estava completando três anos à frente da SOBRAMH, sem levar em conta os outros muitos “extra-oficiais” para fazer brotar o movimento. Havia mecanismos para manter o norte, mas dependeria de participação ativa do coletivo médico...
Permitiu-se agora que um "II Congresso", cuja data era de conhecimento de alguns há mais tempo, fosse efetivamente lançado apenas após o prazo previsto em Estatuto para organização de chapas se esgotar. Ignorou-se (antes e depois) tudo que consta em Estatuto para garantir minimamente um processo eleitoral digno. Houve o caso do colega paranaense que enviou e-mail ao atual presidente no início de 2012 solicitando orientação para regularizar sua situação e foi informado que havia “problemas”. Recebeu agora dados de uma conta bancária que sempre existiu, e sugestão de pagamento de R$300,00 (a anuidade vinha sendo R$50,00), “assim poderá participar em assembléia geral de logo mais com voz e voto”. Voto em quê? Serão R$300,00 (mais custos de deslocamento e hospedagem) para enfrentar o absoluto desconhecido (ou não). A SBPT cobra R$420,00 por (verdadeira) anuidade, e inclui o Jornal Brasileiro de Pneumologia, entre outras vantagens. A AMIB cobra R$ 450,00, oferecendo acesso on-line às dez principais revistas médicas internacionais da especialidade. A estratégia de esvaziar uma associação, apostando em evento periódico, criando até mesmo dificuldades para pessoas que desejem o exercício do associativismo, é mais velha que andar pra frente. Para então fazer uso predominantemente político ou movido por interesses secundários!
Na última semana, vice-presidente exonerado da atual gestão recebeu e-mail de colega paulista (neófito no movimento em todos os sentidos) o convidando para o evento. Educadamente, disse não e agradeceu! É triste ver pioneiros se afastando, não querendo sequer participar da grade... Pior por se tratar de um dos poucos hospitalistas entre o grupo de atual diretores.
Ao concluir meu mandato, na assembleia de encerramento, distribui cópias de documentos com toda movimentação financeira para cada participante. Deixei meu tempo e energia sob a forma de receitas para esta associação sem fins lucrativos, inclusive doação relacionada à tradução de livro, para, ao questionar qualquer coisa da nova diretoria, ficar com a impressão, pela maneira como processam qualquer reivindicação, de que estou furungando em negócio alheio.
Tenho criticado fortemente a confusão entre público e privado nas associações médicas. Que não fique a ideia de que não admiro o privado. Fosse como faz Sound Physicians – HM, the way it should be, em paralelo com a SOBRAMH, e não haveria problema. Inclusive penso que, hoje, a organização que melhor representa boa parte dos ideais que me moveram a criar e alavancar a associação para promoção da Medicina Hospitalar (de cunho predominantemente técnico- científicos) é a MedicinaNet. Um empresa privada que vem fornecendo educação médica em diversas áreas fundamentais para hospitalistas. Tenho MedicinaNet e não pagarei mais a SOBRAMH, a não ser que mude. Há inclusive outras vantagens: há menos objetivos secundários em jogo, e, consequentemente, um maior comprometimento do prestador de serviço com a qualidade do produto que oferece, razão quase única de sua existência. E se o produto não for bom, não lucram. Muitos poderiam dizer que uma associação médica não deve viver apenas de promover educação continuada. Mas isto apenas reforça meu atual posicionamento: hoje, melhor a neutralidade, do que fomentar o tipo de hospitalista que está sendo promovido nos bastidores por parte das atuais lideranças.
Historicamente, busquei melhorar questões envolvendo controle e transparência em entidades médicas das quais participei, como a Associação Nacional de Médicos Residentes, que por muitos anos (não sei como está agora) insistiu em fazer tudo errado para manter o poder, em última instância agrupando amigos e parceiros como membros votantes (sem exigência de estarem em situação regular) e afastando opositores com o argumento de não estarem em situação regular. Por não me manifestar externamente, fui também conivente. Como não lembrar também de minha participação na SBCM/RS, da qual fui diretor sem ter aderido previamente à entidade, sem nunca ter pago anuidade - entrei como convidado, saí quando percebi que meus questionamentos não teriam eco. Mais recentemente, o caso do SIMERS é emblemático. Espero que a SOBRAMH amadureça. Lamento profundamente já terem se passado praticamente dois anos de receberem a entidade com algum dinheiro em caixa e jamais terem dado qualquer retorno aos vários que fizeram pequenos aportes. Enquanto isto estarei depositando meu tempo e energia em outros projetos, como, por exemplo, ajudando amigo que promove segurança do paciente através de iniciativa absolutamente privada, para não dizer pessoal. Não engana ninguém com discurso associativista e sob rúbrica de entidade sem fins lucrativos. Terá sido este o último texto que escreverei em relação à SOBRAMH, a não ser que venha a elogiá-la no futuro. É o que espero poder fazer, independente das pessoas que nela estiveram.
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
domingo, 23 de setembro de 2012
É preciso construir junto o sistema, por mais ocupados que sejamos...
Foi minha conclusão ao ler Unspoken Rule of the Hospitalist: Another Way Medicine is Failing Patients.
Disponível em http://saudeweb.com.br/blogs/o-hospitalista-e-o-paciente-com-a-impressao-de-que-estavam-querendo-tira-lo-do-hospital-de-qualquer-jeito-2/
Disponível em http://saudeweb.com.br/blogs/o-hospitalista-e-o-paciente-com-a-impressao-de-que-estavam-querendo-tira-lo-do-hospital-de-qualquer-jeito-2/
sábado, 15 de setembro de 2012
sexta-feira, 14 de setembro de 2012
Onde vamos parar?
Com este tipo de proposta de escala...
E esta mentalidade...
Como conciliar isto com a SOBRAMH? Exposto isto, o conteúdo mudou. Falam agora em líder assistencial e comparam com a Medicina Intensiva. Mas segue interessante o debate, pois após tantos anos de Medicina Intensiva como especialidade reconhecida, continua sendo difícil encontrar empresas que se proponham a intermediar a relação dos intensivistas com o hospital com o mesmo objetivo primário de médicos intensivistas. E o modelo "intensivista de retaguarda" segue forte em alguns estados brasileiros e instituições Brasil afora... Remete à discussão do bacharél em Medicina. Uma versão prática do que o MEC queria?
Onde vai parar a SOBRAMH sem respeito ao estatuto, sem edital de eleições, sem comissão eleitoral, sem regimento eleitoral, sem respeito a prazos e a sócios em dia???
E esta mentalidade...
Como conciliar isto com a SOBRAMH? Exposto isto, o conteúdo mudou. Falam agora em líder assistencial e comparam com a Medicina Intensiva. Mas segue interessante o debate, pois após tantos anos de Medicina Intensiva como especialidade reconhecida, continua sendo difícil encontrar empresas que se proponham a intermediar a relação dos intensivistas com o hospital com o mesmo objetivo primário de médicos intensivistas. E o modelo "intensivista de retaguarda" segue forte em alguns estados brasileiros e instituições Brasil afora... Remete à discussão do bacharél em Medicina. Uma versão prática do que o MEC queria?
Onde vai parar a SOBRAMH sem respeito ao estatuto, sem edital de eleições, sem comissão eleitoral, sem regimento eleitoral, sem respeito a prazos e a sócios em dia???
quarta-feira, 5 de setembro de 2012
Unochapecó discutiu Medicina Hospitalar
segunda-feira, 27 de agosto de 2012
Crítica ao cuidado baseado em plantões
A morte de um idoso num pronto atendimento de Campinas voltou a levantar questões sobre segurança do paciente e continuidade da assistência, com a informação da Secretaria Municipal de Saúde de que não havia detalhes no prontuário e de que o paciente foi atendido por plantonistas diferentes a cada dia (G1, 5/8/2012).
Passagens de plantão (handover) e de caso (handoff) são processos de cuidado, que envolvem risco para os pacientes em função de eventuais lacunas na comunicação entre os membros das equipes. Podem causar quebras na continuidade de cuidados, levando a um tratamento inadequado com danos para o paciente, de acordo com a Organização Mundial de Saúde. Redução ainda maior dos riscos no ambiente hospitalar poderia ser obtida diminuindo ao máximo o plantonismo. Uma forma é ter o médico assistente mais presente – o conhecido desafio de envolver o corpo clínico tradicional. Surge como alternativa o modelo de medicina hospitalar, em que um médico hospitalista coordena todos os profissionais que assistem o paciente.
Para tratar desses temas, Proqualis entrevistou Walter Mendes, médico, professor e pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) e avaliador de acreditação hospitalar; e Guilherme Barcellos, médico formado pela UFRGS, especialista em Clínica Médica e Medicina Intensiva e Fellow em Medicina Hospitalar (Society of Hospital Medicine, EUA), atualmente presidente da Sociedade Pan-Americana de Hospitalistas e revisor do Journal of Hospital Medicine.
De acordo com Mendes, estudos mostram que em hospitais bem estruturados (onde não faltam recursos, pessoal, material e equipamentos) a comunicação é a área que mais contribui para os incidentes com os pacientes. Nessas unidades, há um esforço para melhorar a comunicação do profissional de saúde com o paciente; entre profissionais de diferentes categorias, como médicos, enfermeiros, nutricionistas e outros; e entre profissionais da mesma categoria, com destaque para o momento da troca de plantões e turnos.
“É preciso haver políticas, sempre escritas, em cada hospital, a respeito de handover e handoff, seja para as trocas de equipes nos dias de semana ou trocas de turnos, seja para as transferências internas do paciente ou quando ele é transferido para outro hospital”, afirma Mendes.
Crítico do modelo em que predomina o cuidado baseado em plantões, o pesquisador da ENSP considera que o paciente é “duplamente penalizado” pelo sistema. “Por um lado, é visto por vários profissionais, de tal forma que nenhum é responsável por ele; por outro, esses profissionais estão mais cansados por trabalharem em regime de plantão em vários hospitais, com maior possibilidade de causar um incidente”.
Guilherme Barcellos compartilha dessa visão e aponta que a Medicina Hospitalar, idealizada há 15 anos nos Estados Unidos, demonstra ser mais eficiente e de menor risco que o plantonismo, seja como modalidade primária ou de retaguarda para médicos assistentes pouco presentes. “No mundo ideal haveria continuidade na assistência para cada paciente em qualquer situação; não haveria fragmentação, mas uma linha única de atendimento. Como isso é praticamente impossível na vida moderna, em que é inviável cruzar rapidamente uma grande cidade do hospital ao consultório e vice-versa, por exemplo, uma alternativa é introduzir a figura do médico hospitalista. Ele se torna o coordenador primário do cuidado – sem deixar de dialogar com o médico de origem, pois a interlocução é necessária e fundamental para evitar as quebras –, até devolver o paciente quando ele tem alta do hospital”.
Dessa forma, segundo Barcellos, embora haja uma descontinuidade no modelo de Medicina Hospitalar, passa a haver uma única linha de cuidado durante a internação, que é onde ocorrem mais erros. “O paciente é visto por menos pessoas, já que o hospitalista só chamará o subespecialista se realmente necessário. Tudo isso resulta ainda numa queda de 15% nos custos globais, como demonstram diversos estudos”, prossegue o presidente da Sociedade Pan-Americana de Hospitalistas.
Como exemplo dos riscos da descontinuidade da assistência em hospitais que atendem em regime de plantão, Walter Mendes relata um caso: “O médico de uma equipe monta um plano de uso de antibiótico. A equipe de plantão seguinte, ao ver que o paciente não está melhorando, troca o tipo de antibiótico, facilitando a criação de bactérias resistentes”. De acordo com o pesquisador da ENSP, os protocolos clínicos não são seguidos nos hospitais que dão prioridade ao regime de plantão.
O avaliador de acreditação hospitalar insiste: “Estamos falando de um assunto já estudado, que tem solução. Quando acontece um evento adverso, não se trata de um acidente: é previsível que o hospital que trabalhe prioritariamente em regime de plantão tenha pior qualidade e que está assumindo riscos de matar o paciente”.
Apesar dos problemas inerentes ao modelo plantonista, ele é predominante e continua avançando no país, tanto na rede pública como na privada. Os dois médicos concordam que há razões econômicas para isso – como a baixa remuneração que leva o profissional a buscar diversos plantões para ter vários empregos –, mas Barcellos destaca ainda uma “cultura” do plantonismo. “Mesmo que a categoria médica critique o sistema de plantão, a tendência mental é adotá-lo. Diante do oferecimento de um emprego bem remunerado como hospitalista, o médico prefere ter vários empregos de plantonista com a justificativa de perder toda a sua renda se for demitido”.
Um alerta dos médicos é para o eufemismo que vem sendo utilizado por algumas empresas de saúde: o “hospitalista de plantão”. Barcellos afirma ficar “impressionado com o uso do termo hospitalista para designar o plantonista, porque plantão de intercorrências existe desde que me formei, e hospitalista é coisa nova”. Mendes é ainda mais direto: “Trata-se de uma fraude”.
Haveria, porém, razões para algum otimismo em relação à continuidade do cuidado intra-hospitalar, que já existe em alguns estados do país, “com verdadeiros hospitalistas”, e é uma tendência internacional. “Têm crescido as pressões sobre os hospitais por qualidade e segurança. Plantonismo como modelo assistencial primário não deve existir. Pode ajudar a compor outros modelos, desde que como tratamento de exceção”, avalia Barcellos, que colaborou na implantação e aprimoramento de alguns programas brasileiros de Medicina Hospitalar.
Por Flavio Lenz, Proqualis
Passagens de plantão (handover) e de caso (handoff) são processos de cuidado, que envolvem risco para os pacientes em função de eventuais lacunas na comunicação entre os membros das equipes. Podem causar quebras na continuidade de cuidados, levando a um tratamento inadequado com danos para o paciente, de acordo com a Organização Mundial de Saúde. Redução ainda maior dos riscos no ambiente hospitalar poderia ser obtida diminuindo ao máximo o plantonismo. Uma forma é ter o médico assistente mais presente – o conhecido desafio de envolver o corpo clínico tradicional. Surge como alternativa o modelo de medicina hospitalar, em que um médico hospitalista coordena todos os profissionais que assistem o paciente.
Para tratar desses temas, Proqualis entrevistou Walter Mendes, médico, professor e pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) e avaliador de acreditação hospitalar; e Guilherme Barcellos, médico formado pela UFRGS, especialista em Clínica Médica e Medicina Intensiva e Fellow em Medicina Hospitalar (Society of Hospital Medicine, EUA), atualmente presidente da Sociedade Pan-Americana de Hospitalistas e revisor do Journal of Hospital Medicine.
De acordo com Mendes, estudos mostram que em hospitais bem estruturados (onde não faltam recursos, pessoal, material e equipamentos) a comunicação é a área que mais contribui para os incidentes com os pacientes. Nessas unidades, há um esforço para melhorar a comunicação do profissional de saúde com o paciente; entre profissionais de diferentes categorias, como médicos, enfermeiros, nutricionistas e outros; e entre profissionais da mesma categoria, com destaque para o momento da troca de plantões e turnos.
“É preciso haver políticas, sempre escritas, em cada hospital, a respeito de handover e handoff, seja para as trocas de equipes nos dias de semana ou trocas de turnos, seja para as transferências internas do paciente ou quando ele é transferido para outro hospital”, afirma Mendes.
Crítico do modelo em que predomina o cuidado baseado em plantões, o pesquisador da ENSP considera que o paciente é “duplamente penalizado” pelo sistema. “Por um lado, é visto por vários profissionais, de tal forma que nenhum é responsável por ele; por outro, esses profissionais estão mais cansados por trabalharem em regime de plantão em vários hospitais, com maior possibilidade de causar um incidente”.
Guilherme Barcellos compartilha dessa visão e aponta que a Medicina Hospitalar, idealizada há 15 anos nos Estados Unidos, demonstra ser mais eficiente e de menor risco que o plantonismo, seja como modalidade primária ou de retaguarda para médicos assistentes pouco presentes. “No mundo ideal haveria continuidade na assistência para cada paciente em qualquer situação; não haveria fragmentação, mas uma linha única de atendimento. Como isso é praticamente impossível na vida moderna, em que é inviável cruzar rapidamente uma grande cidade do hospital ao consultório e vice-versa, por exemplo, uma alternativa é introduzir a figura do médico hospitalista. Ele se torna o coordenador primário do cuidado – sem deixar de dialogar com o médico de origem, pois a interlocução é necessária e fundamental para evitar as quebras –, até devolver o paciente quando ele tem alta do hospital”.
Dessa forma, segundo Barcellos, embora haja uma descontinuidade no modelo de Medicina Hospitalar, passa a haver uma única linha de cuidado durante a internação, que é onde ocorrem mais erros. “O paciente é visto por menos pessoas, já que o hospitalista só chamará o subespecialista se realmente necessário. Tudo isso resulta ainda numa queda de 15% nos custos globais, como demonstram diversos estudos”, prossegue o presidente da Sociedade Pan-Americana de Hospitalistas.
Como exemplo dos riscos da descontinuidade da assistência em hospitais que atendem em regime de plantão, Walter Mendes relata um caso: “O médico de uma equipe monta um plano de uso de antibiótico. A equipe de plantão seguinte, ao ver que o paciente não está melhorando, troca o tipo de antibiótico, facilitando a criação de bactérias resistentes”. De acordo com o pesquisador da ENSP, os protocolos clínicos não são seguidos nos hospitais que dão prioridade ao regime de plantão.
O avaliador de acreditação hospitalar insiste: “Estamos falando de um assunto já estudado, que tem solução. Quando acontece um evento adverso, não se trata de um acidente: é previsível que o hospital que trabalhe prioritariamente em regime de plantão tenha pior qualidade e que está assumindo riscos de matar o paciente”.
Apesar dos problemas inerentes ao modelo plantonista, ele é predominante e continua avançando no país, tanto na rede pública como na privada. Os dois médicos concordam que há razões econômicas para isso – como a baixa remuneração que leva o profissional a buscar diversos plantões para ter vários empregos –, mas Barcellos destaca ainda uma “cultura” do plantonismo. “Mesmo que a categoria médica critique o sistema de plantão, a tendência mental é adotá-lo. Diante do oferecimento de um emprego bem remunerado como hospitalista, o médico prefere ter vários empregos de plantonista com a justificativa de perder toda a sua renda se for demitido”.
Um alerta dos médicos é para o eufemismo que vem sendo utilizado por algumas empresas de saúde: o “hospitalista de plantão”. Barcellos afirma ficar “impressionado com o uso do termo hospitalista para designar o plantonista, porque plantão de intercorrências existe desde que me formei, e hospitalista é coisa nova”. Mendes é ainda mais direto: “Trata-se de uma fraude”.
Haveria, porém, razões para algum otimismo em relação à continuidade do cuidado intra-hospitalar, que já existe em alguns estados do país, “com verdadeiros hospitalistas”, e é uma tendência internacional. “Têm crescido as pressões sobre os hospitais por qualidade e segurança. Plantonismo como modelo assistencial primário não deve existir. Pode ajudar a compor outros modelos, desde que como tratamento de exceção”, avalia Barcellos, que colaborou na implantação e aprimoramento de alguns programas brasileiros de Medicina Hospitalar.
Por Flavio Lenz, Proqualis
sexta-feira, 24 de agosto de 2012
Mais sobre Times de Resposta Rápida
A study that compared outcomes of RRTs led by residents vs. ICU attendings finds that both groups had similar outcomes. In what authors are billing as the first study to examine RRT physician staffing, researchers compared outcomes from RRTs called during the day—which were headed up by ICU attendings—at one academic center to those called during nights and weekends, when residents led the RRT. They found similar rates among both groups of progression to cardiac arrest, as well as of ICU transfers and patient mortality. However, residents heading up RRTs ordered more invasive tests than did more experienced attendings, and authors called for prospective trials to gauge optimal staffing. The retrospective study, which was posted online by Resuscitation, relied on data from the University of Pennsylvania gathered between 2006 and 2010. Read more in Resuscitation.
Por princípio sou contra a utilização de residentes desta forma (versus staff), mas o que tiro de mais importante daqui é o seguinte: toda atividade que facilitar este tipo de comparação, favorecerá algo que dificilmente se traduzirá em uma carreita médica sustentável. Por isso, não confundir alhos com bugalhos...
Mais sobre o tema:
Times de Resposta Rápida: Requinte, Recurso ou Retrocesso?
TRR´s (continuação)
Times de Resposta Rápida - Uma visão crítica por Bob Wachter, o pai da Medicina Hospitalar
Modelos de assistência em enfermarias clínicas
Por princípio sou contra a utilização de residentes desta forma (versus staff), mas o que tiro de mais importante daqui é o seguinte: toda atividade que facilitar este tipo de comparação, favorecerá algo que dificilmente se traduzirá em uma carreita médica sustentável. Por isso, não confundir alhos com bugalhos...
Mais sobre o tema:
Times de Resposta Rápida: Requinte, Recurso ou Retrocesso?
TRR´s (continuação)
Times de Resposta Rápida - Uma visão crítica por Bob Wachter, o pai da Medicina Hospitalar
Modelos de assistência em enfermarias clínicas
quinta-feira, 23 de agosto de 2012
sexta-feira, 17 de agosto de 2012
O poder da Medicina Interna - perspectiva portuguesa
Leia também: Mais médicos generalistas nos hospitais pouparia milhões
(entrevista que fiz com economista português em 2009)
segunda-feira, 13 de agosto de 2012
Atingindo jornal de pediatria é que vejo que a brincadeira foi longe...
HOSPITAL Pediatrics - AN OFFICIAL JOURNAL OF THE AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS - 2012;2;118
The phenomenal growth of Pediatric Hospital Medicine continues unabashed. As hospitalists continue to grow and defi ne their roles in the field of medicine our influence on the health of children will continue to expand.
...
One of The Section of Hospital Medicine’s (SOHM) goals is the development of international partnerships and promotion and dissemination of the Pediatric Hospital Medicine (PHM) model to other countries interested in learning about our experience. Taking this goal to heart, the Section recently supported the First Brazilian Pediatric Hospital Medicine Symposium. The conference was organized by Dr Guilherme Brauner Barcellos, former President of the Brazilian Hospital Medicine Society and the current President of the Pan-American Society of Hospitalists (PASHA), and Dr Fabiana Rolla. The conference, which took place November 9, 2012 in Porto Alegre, Brazil, covered many clinical and educational topics. Participants from the United States included Dr Geeta Singhal and Dr Ricardo Quiñonez who spoke about clinical topics, patient safety, education and the PHM experience in the United States. The hospital medicine movement in Brazil has many similarities to the early US experience. Adult hospitalists have started to become fairly accepted and widespread and with Dr Rolla’s lead, pediatric hospitalists are very likely to follow. Some shared experiences with barriers such as acceptance by primary care practitioners were presented and strategies to overcome these were discussed.
http://hosppeds.aappublications.org/content/2/2/118.full
The phenomenal growth of Pediatric Hospital Medicine continues unabashed. As hospitalists continue to grow and defi ne their roles in the field of medicine our influence on the health of children will continue to expand.
...
One of The Section of Hospital Medicine’s (SOHM) goals is the development of international partnerships and promotion and dissemination of the Pediatric Hospital Medicine (PHM) model to other countries interested in learning about our experience. Taking this goal to heart, the Section recently supported the First Brazilian Pediatric Hospital Medicine Symposium. The conference was organized by Dr Guilherme Brauner Barcellos, former President of the Brazilian Hospital Medicine Society and the current President of the Pan-American Society of Hospitalists (PASHA), and Dr Fabiana Rolla. The conference, which took place November 9, 2012 in Porto Alegre, Brazil, covered many clinical and educational topics. Participants from the United States included Dr Geeta Singhal and Dr Ricardo Quiñonez who spoke about clinical topics, patient safety, education and the PHM experience in the United States. The hospital medicine movement in Brazil has many similarities to the early US experience. Adult hospitalists have started to become fairly accepted and widespread and with Dr Rolla’s lead, pediatric hospitalists are very likely to follow. Some shared experiences with barriers such as acceptance by primary care practitioners were presented and strategies to overcome these were discussed.
http://hosppeds.aappublications.org/content/2/2/118.full
sábado, 11 de agosto de 2012
Individualismo coletivista
João Pensador vive em Palomas. Ele se considera um filósofo de ponta. Aderiu aos experimentos mentais para fazer a demonstração e o teste das suas ideias. É um peripatético – anda pelas ruas conversando com quem não consegue escapar da sua filosofia –, embora seus inimigos digam que ele fica mais bem definido sem o prefixo “peri”. João garante que, em sociedade, o individualismo é sempre um coletivismo dissimulado. Entende, com os liberais extremados, que o mais forte deve vencer. O coletivismo é o mais forte como associação dos mais fracos. Em síntese, em qualquer situação, só há coletivo.
– Como assim, João? – questiona Candoca, o ingênuo.
– Pensa num jogo de força, Candoca. Você me enfrenta. Eu sou mais forte. Eu ganho sempre. Aí você se junta com o Pedro Pauleira e com o Arlindo. Vocês ganham.
– Certo, João. Mas a regra permite a gente se juntar?
– Depende, Candoca.
– De quê?
– De que não, Candoca, de quem.
– De quem?
– De quem faz a regra.
– Mas se quem faz a regra, João, estabelece que não poderá existir junção de pessoas para combate, que deve ser sempre um contra um, na bucha, nada mais, impondo o individualismo total como regra absoluta?
– Se isso acontece, Candoca, o coletivismo já ganhou.
– Ué! Não entendi.
– Para fazer a regra valer será preciso contar com a maioria. Só a decisão coletiva pode impor a norma.
– Mas e se ela for imposta pela força?
– Aí vocês juntam uma força maior e ganham.
– Mas se o Estado for mínimo?
– Para o Estado ser mínimo é preciso, numa democracia, que a maioria assim o decida e tenha condições, com o aparato estatal, de garantir e executar a decisão.
– O que isso quer dizer?
– Que o Estado mínimo é sempre máximo.
– Sempre máximo?
– Sim, o mínimo de intervenção estatal depende do máximo de capacidade do Estado para fazer valer esse mínimo decidido pelos que compõem o Estado, nós.
– Nós?
– Sim, o Estado não é uma abstração. É um coletivo formado e reformado constantemente pelas decisões dos cidadãos através dos seus representantes, que são pressionados por vários aparatos, a mídia, etc.
– Então o mais liberal dos Estado é coletivista?
– Sempre.
– E se for uma ditadura?
– Nesse caso o Estado será ainda mais forte, máximo, e, ainda assim, dependerá de um coletivo capaz de mantê-lo pela força. Em sociedade, tudo depende de um coletivo de vontades ou de um coletivo de forças. A ditadura é um coletivo de forças em nome de certas vontades. A democracia é um coletivo de vontades legitimada e garantida por um coletivo de força.
– Mas, então, João, o individualismo é, como se diz mesmo, uma contradição, não, não, um paradoxo?
– Sim, Candoca, sem tirar nem por.
– Mas e o coletivismo o que é?
– É sempre individualista.
– Ai, meu deus, como assim?
– Depende de um conjunto de vontades individuais.
– Deixa ver seu eu entendi: um liberal, defensor do individualismo e da supremacia do mais competente, do mais forte, do mais eficaz, deveria elogiar o coletivo como um indivíduo múltiplo mais poderoso?
– Certamente. Como eu disse, o coletivo organizado é uma decorrência lógica da lei do mais forte.
– Toda democracia é coletivista?
– Toda ditadura também.
– Mas a democracia é um coletivismo melhor?
– Claro. Mas ela pode ser pior ou melhor em relação à própria democracia. Numa democracia pior, a maioria, o coletivo, decide em favor dos interesses da minoria. Numa democracia melhor, o coletivo, obviamente, decide em favor de si mesmo, da maioria.
– E numa ditadura?
– Ora, numa ditadura, a minoria, um coletivo, decide em seu favor e pela maioria. É simples assim.
– E numa monarquia absolutista?
– Bem a vontade do rei prevalece. Mas ela só prevalece se ele tiver a lealdade de um coletivo repressivo.
– Como assim?
– Se o exército se voltar contra ele, babaus. Se a nobreza o trair, já era. Se o aparato burocrático não o acompanhar, ela dá os doces. Tudo é coletivo.
– Estou confuso, me sentindo meio patético.
– Vai dormir, Candoca, que eu vou ficar pensando.
– Pensando? Já não basta?
– Vou ficar pensando como refutar meu pensamento.
– Como assim, João? – questiona Candoca, o ingênuo.
– Pensa num jogo de força, Candoca. Você me enfrenta. Eu sou mais forte. Eu ganho sempre. Aí você se junta com o Pedro Pauleira e com o Arlindo. Vocês ganham.
– Certo, João. Mas a regra permite a gente se juntar?
– Depende, Candoca.
– De quê?
– De que não, Candoca, de quem.
– De quem?
– De quem faz a regra.
– Mas se quem faz a regra, João, estabelece que não poderá existir junção de pessoas para combate, que deve ser sempre um contra um, na bucha, nada mais, impondo o individualismo total como regra absoluta?
– Se isso acontece, Candoca, o coletivismo já ganhou.
– Ué! Não entendi.
– Para fazer a regra valer será preciso contar com a maioria. Só a decisão coletiva pode impor a norma.
– Mas e se ela for imposta pela força?
– Aí vocês juntam uma força maior e ganham.
– Mas se o Estado for mínimo?
– Para o Estado ser mínimo é preciso, numa democracia, que a maioria assim o decida e tenha condições, com o aparato estatal, de garantir e executar a decisão.
– O que isso quer dizer?
– Que o Estado mínimo é sempre máximo.
– Sempre máximo?
– Sim, o mínimo de intervenção estatal depende do máximo de capacidade do Estado para fazer valer esse mínimo decidido pelos que compõem o Estado, nós.
– Nós?
– Sim, o Estado não é uma abstração. É um coletivo formado e reformado constantemente pelas decisões dos cidadãos através dos seus representantes, que são pressionados por vários aparatos, a mídia, etc.
– Então o mais liberal dos Estado é coletivista?
– Sempre.
– E se for uma ditadura?
– Nesse caso o Estado será ainda mais forte, máximo, e, ainda assim, dependerá de um coletivo capaz de mantê-lo pela força. Em sociedade, tudo depende de um coletivo de vontades ou de um coletivo de forças. A ditadura é um coletivo de forças em nome de certas vontades. A democracia é um coletivo de vontades legitimada e garantida por um coletivo de força.
– Mas, então, João, o individualismo é, como se diz mesmo, uma contradição, não, não, um paradoxo?
– Sim, Candoca, sem tirar nem por.
– Mas e o coletivismo o que é?
– É sempre individualista.
– Ai, meu deus, como assim?
– Depende de um conjunto de vontades individuais.
– Deixa ver seu eu entendi: um liberal, defensor do individualismo e da supremacia do mais competente, do mais forte, do mais eficaz, deveria elogiar o coletivo como um indivíduo múltiplo mais poderoso?
– Certamente. Como eu disse, o coletivo organizado é uma decorrência lógica da lei do mais forte.
– Toda democracia é coletivista?
– Toda ditadura também.
– Mas a democracia é um coletivismo melhor?
– Claro. Mas ela pode ser pior ou melhor em relação à própria democracia. Numa democracia pior, a maioria, o coletivo, decide em favor dos interesses da minoria. Numa democracia melhor, o coletivo, obviamente, decide em favor de si mesmo, da maioria.
– E numa ditadura?
– Ora, numa ditadura, a minoria, um coletivo, decide em seu favor e pela maioria. É simples assim.
– E numa monarquia absolutista?
– Bem a vontade do rei prevalece. Mas ela só prevalece se ele tiver a lealdade de um coletivo repressivo.
– Como assim?
– Se o exército se voltar contra ele, babaus. Se a nobreza o trair, já era. Se o aparato burocrático não o acompanhar, ela dá os doces. Tudo é coletivo.
– Estou confuso, me sentindo meio patético.
– Vai dormir, Candoca, que eu vou ficar pensando.
– Pensando? Já não basta?
– Vou ficar pensando como refutar meu pensamento.
Publicado por Juremir em Correio do Povo
sexta-feira, 10 de agosto de 2012
Bebê tem braço amputado após suspeita de "erro médico" e colega desabafa (errado)
Um bebê de 40 dias teve o braço direito amputado na manhã desta quinta-feira no Pronto Socorro da Vila Industrial, em São José dos Campos, interior de São Paulo. Uma enfermeira teria aplicado medicação na artéria, mas deveria ser na veia. Leia mais.
Segurança do Paciente em pauta
O médico não pode errar!
O erro médico e a segunda vítima
Recebi mensagem de colega, ótima pessoa e formador de opinião:
”O fato é que a notícia é muito triste. Um bebê que viverá sem seu braço. Triste também é um portal que se diz de notícias propagar uma chamada sensacionalista para gerar conflitos ao invés de informar e tentar corrigir para nunca mais aconteça. O médico prescreveu a medicação X, o enfermeiro(a) ou técnico(a) de enfermagem administrou, infelizmente, pela via errada. Os médicos operaram e salvaram esta vida. A Enfermagem sempre luta por maior autonomia e seus atos são fiscalizados por suas chefias. Não é atribuição do médico e nem tem como ser, legalmente e na prática, supervisionar a conduta de enfermeiros(as) ou técnicos(as). Foi imperícia em um procedimento comum da prática da Enfermagem. Erro de Enfermagem. Independentemente de IBOPE, a notícia deve ser divulgada da forma correta sempre. Quem errou, responda e pague, mas quem generaliza deve lembrar que será julgado um dia, aqui ou em outro lugar”.
Quem tem o discurso azeitado não costuma (ou não costuma mais) estar na ponta aplicando medicações, ou vendo pacientes. Na ponta ainda impera este tipo de cultura. Quem tem o discurso azeitado convive com semelhantes (se encontram por afinidade), e o grupo passa a ter sua própria consciência situacional, enxergando o problema a partir de suas próprias lentes. Muitas vezes passam a criticar o profissional da ponta, e vice-versa. Na ponta, um critica o trabalho do outro. Eta ciclo vicioso!
Sobre o tema:
terça-feira, 7 de agosto de 2012
quarta-feira, 1 de agosto de 2012
Fragmentação sem nenhum critério...
Já discutimos como a continuidade do cuidado pouco existe no SUS.
Ontem cedo fui contatado porque pessoa próxima necessitava de informações sobre colega. Seu familiar havia internado em importante hospital privado da região - via Emergência, é claro. Indicaram internação hospitalar. Uma primeira opção de médico para assumir o caso durante a hospitalização não foi possível, pois o colega estava viajando, em congresso. Uma segunda opção não foi encontrada - profissional ocupado, deve trabalhar em uns três ou quatro locais. Como a terceira opção somente poderia ver o paciente no final do dia, pois estava de plantão em outro hospital, e era absolutamente não conhecida da família, me ligaram questionando se era boa, dizendo que se não fosse boa daria tempo de procurar outra.
Temos que trabalhar com duas alternativas: ou o modelo tradicional, ou o modelo de Medicina Hospitalar. E uma saudável interface entre ambas. Cadê o médico deste paciente, aquele que o conhece, que o acompanha? Pois seria igualmente importante até mesmo se (bons) hospitalistas viessem a se responsabilizar pela internação. A única alternativa que não podemos aceitar é esta da fragmentação sem critérios... Da seleção do pior dos dois mundos ou modelos. Com tudo menos foco no paciente!
Ontem cedo fui contatado porque pessoa próxima necessitava de informações sobre colega. Seu familiar havia internado em importante hospital privado da região - via Emergência, é claro. Indicaram internação hospitalar. Uma primeira opção de médico para assumir o caso durante a hospitalização não foi possível, pois o colega estava viajando, em congresso. Uma segunda opção não foi encontrada - profissional ocupado, deve trabalhar em uns três ou quatro locais. Como a terceira opção somente poderia ver o paciente no final do dia, pois estava de plantão em outro hospital, e era absolutamente não conhecida da família, me ligaram questionando se era boa, dizendo que se não fosse boa daria tempo de procurar outra.
Temos que trabalhar com duas alternativas: ou o modelo tradicional, ou o modelo de Medicina Hospitalar. E uma saudável interface entre ambas. Cadê o médico deste paciente, aquele que o conhece, que o acompanha? Pois seria igualmente importante até mesmo se (bons) hospitalistas viessem a se responsabilizar pela internação. A única alternativa que não podemos aceitar é esta da fragmentação sem critérios... Da seleção do pior dos dois mundos ou modelos. Com tudo menos foco no paciente!
sábado, 28 de julho de 2012
sexta-feira, 27 de julho de 2012
Drs Bobos!
Temo pelo movimento brasileiro de médicos hospitalistas e que apenas promova "Drs. Bobos". Recebo toda semana, através de Alertas do Google, coisas do tipo: Seleciono médicos para plantão de hospitalista. Função: Atender intercorrências médicas e administrativas. Transporte de pacientes.
Sou pessimista em relação ao potencial do associativismo médico como ferramenta da valorização profissional. É, em teoria, muito bom, mas diversas influências externas (e também a falta de influências, mais especificamente da participação dos "médicos comuns") comprometem sua efetividade. E vale o que é, não o que deveria ser...
Afastei-me da SOBRAMH por questões muito bem ilustradas no vídeo de Zubin Damania (assim como o atual, exonerado, vice-presidente eleito), por não querer promover "Drs. Bobos", por não encontrar espaço para discussão aberta do problema junto ao novo comando, que passou a investir em intermediar trabalho médico-hospitalar, e por perceber pouca vontade de participar de quase todo restante. Se a pressão foi suficiente para o novo comando mudar de...
para uma proposta mais elegante, que não fizesse pouco caso do profissional médico com pelo menos 8 anos de formação a trabalhar na ponta pelo modelo, foi também suficiente para tirar minha empolgação.
Atualmente acompanho de longe, com tristeza, o site da associação, que elaborei nos seus mínimos detalhes. Largado. Enquanto o foco do novo comando passou a ser o "gerenciamento de recursos humanos" e de ferramentas que atraem outros stakeholders, resta o portal como um trampolim para contatar os "gestores". Uma das poucas atualizações é um censo, que me parece mais uma forma de atualizar cadastro de possíveis clientes.
Possuem um site todo auto-gerenciável. No mínimo, capaz de permitir incorporação de conteúdo que terceiros estejam produzindo sobre hospitalistas. Não usam. Existe um sistema de newsletters para se comunicar com sócios e interessados. Não usam. Há uma ferramenta para gerenciamento automatizado de sócios. Não usam.
Há muitos anos atrás fiz parte de uma associação muito interessante. Participei de uma reunião onde discutimos como dificultar o ingresso de membros. Isto mesmo, não é o contrario não. O propósito era político, e o financiamento viria, de qualquer forma, de um evento bianual cujos participantes, essencialmente estudantes, não iriam ser sócios mesmo. E quem viesse a ser poderia "atrapalhar"...
Hoje tenho claro que só volto a investir tempo e energia na SOBRAMH se cair nas mãos de quem bem lá na ponta estiver atuando. De representante de grupo (nele inserido) para baixo... Não se trata de considerar uma categoria mais legítima ou importante do que a outra. É apenas uma questão de perspectiva...
Sou pessimista em relação ao potencial do associativismo médico como ferramenta da valorização profissional. É, em teoria, muito bom, mas diversas influências externas (e também a falta de influências, mais especificamente da participação dos "médicos comuns") comprometem sua efetividade. E vale o que é, não o que deveria ser...
Afastei-me da SOBRAMH por questões muito bem ilustradas no vídeo de Zubin Damania (assim como o atual, exonerado, vice-presidente eleito), por não querer promover "Drs. Bobos", por não encontrar espaço para discussão aberta do problema junto ao novo comando, que passou a investir em intermediar trabalho médico-hospitalar, e por perceber pouca vontade de participar de quase todo restante. Se a pressão foi suficiente para o novo comando mudar de...
retirado de Instituto de Medicina Hospitalar |
para uma proposta mais elegante, que não fizesse pouco caso do profissional médico com pelo menos 8 anos de formação a trabalhar na ponta pelo modelo, foi também suficiente para tirar minha empolgação.
Atualmente acompanho de longe, com tristeza, o site da associação, que elaborei nos seus mínimos detalhes. Largado. Enquanto o foco do novo comando passou a ser o "gerenciamento de recursos humanos" e de ferramentas que atraem outros stakeholders, resta o portal como um trampolim para contatar os "gestores". Uma das poucas atualizações é um censo, que me parece mais uma forma de atualizar cadastro de possíveis clientes.
Possuem um site todo auto-gerenciável. No mínimo, capaz de permitir incorporação de conteúdo que terceiros estejam produzindo sobre hospitalistas. Não usam. Existe um sistema de newsletters para se comunicar com sócios e interessados. Não usam. Há uma ferramenta para gerenciamento automatizado de sócios. Não usam.
Há muitos anos atrás fiz parte de uma associação muito interessante. Participei de uma reunião onde discutimos como dificultar o ingresso de membros. Isto mesmo, não é o contrario não. O propósito era político, e o financiamento viria, de qualquer forma, de um evento bianual cujos participantes, essencialmente estudantes, não iriam ser sócios mesmo. E quem viesse a ser poderia "atrapalhar"...
Hoje tenho claro que só volto a investir tempo e energia na SOBRAMH se cair nas mãos de quem bem lá na ponta estiver atuando. De representante de grupo (nele inserido) para baixo... Não se trata de considerar uma categoria mais legítima ou importante do que a outra. É apenas uma questão de perspectiva...
segunda-feira, 23 de julho de 2012
Outros conflitos, além de com indústria de medicamentos
No início desta semana recebi convite para conferência em São Paulo. Convite nominal. Assinado por "Conference Manager, Latin America". O site do instituto é muito bacana. Estava no convite:
OPERADORAS DE PLANOS DE SAÚDE
SEGUROS SAÚDE
HOSPITAIS
LABORATÓRIOS
Quarta-feira, é o meu prazo para entregar um esboço deste projeto a coordenação".
Aí lembrei que em 2011 havia recebido material semelhante, e o localizei. A mesma pessoa havia enviado. Na época, fui convidado para palestrar em evento cujo tema central nada tinha a ver com minhas áreas de atuação ou interesse. Recusei o convite. Não dei muita bola.
"Creio que sua expertise e experiência serão de grande relevância para os participantes do evento!"
"Será uma honra contar com a sua valiosa contribuição"
Isto abaixo achei estranho, pois normalmente, como organizadores de evento, selecionamos não somente os palestrantes, mas também os temas:
"Encaminho arquivo com sugestões de palestras que pretendemos abordar, sinta-se à vontade para optar por algum tema sugerido, assim como indicar outro assunto que não consta na grade de palestras e que gostaria de apresentar nesta conferência. Caso não possa comparecer ou não seja a pessoa da empresa responsável por este assunto, agradeço indicação do profissional para verificar interesse de palestrar".
Acenei com o interesse em participar. Realmente fiquei feliz com a oportunidade. Identifiquei-me com o tema central do evento.
Eis que no segundo e-mail a tal Conference Manager responde deixando claro que não sabia direito quem eu era. "Qual empresa você representa mesmo?", entre outras perguntas que escancaravam a falta de informações básicas. Respondi que era médico do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
"Muito obrigada pelo seu retorno. Mas o senhor trabalha em qual empresa? Peço desculpas, eu preciso saber antes para confirmar. Há algumas questões internas com a área de patrocínio"
"Eu preciso mencionar o nome, cargo e empresa a qual o palestrante pertence. A empresa é Medicina Hospitalar? Qual é a área de atuação?"
"Por favor, agradeço se puder indicar-me outros profissionais para avaliarem interesse de participarem como palestrantes dos seguintes setores:
OPERADORAS DE PLANOS DE SAÚDE
SEGUROS SAÚDE
HOSPITAIS
LABORATÓRIOS
Quarta-feira, é o meu prazo para entregar um esboço deste projeto a coordenação".
Aí lembrei que em 2011 havia recebido material semelhante, e o localizei. A mesma pessoa havia enviado. Na época, fui convidado para palestrar em evento cujo tema central nada tinha a ver com minhas áreas de atuação ou interesse. Recusei o convite. Não dei muita bola.
Não recebi mais retorno deste convite de agora, tendo insistido que minha empresa era o Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Talvez por não ser hospital privado.
Estamos sendo incapazes de evoluir na questão dos conflitos de interesse com a indústria de medicamentos, e crescem outros conflitos corporativos. O que fazer? Está é nossa questão primordial - tratamento, não mais diagnóstico.
sábado, 21 de julho de 2012
Em primeiro lugar, não causar dano
por ANTONIO QUINTO NETO*, ZH 21/07/2012
A população tomou conhecimento, em um período relativamente curto, de dois dramáticos episódios unidos por uma falha comum _ engano do lado. Uma senhora idosa, que havia sofrido uma fratura de fêmur, foi operada do lado errado, enquanto uma jovem submeteu-se a um transplante de córnea no olho errado. Os procedimentos foram corretos, mas executados do lado sadio. Por que ocorrem incidentes desse tipo? As duas situações, absurdamente patéticas, incitam ao imediato julgamento negativo dos médicos, sendo essas condutas imperfeitas entendidas como resultado do esforço insuficiente em atender o paciente ou da incapacidade profissional.
A assistência à saúde é uma atividade potencialmente arriscada, onde falhas podem causar danos sérios. Alguns temporários, outros permanentes, podendo levar à morte. As pessoas sempre tiveram a percepção de que os cuidados de saúde envolvem riscos, daí o temor que habitualmente sentem. Quando essa percepção se concretiza em fatos reais, como os referidos anteriormente, então o que era medo adquire a dimensão do pavor. Sobra o alívio de que estes acontecimentos são raros entre milhares de pacientes cuidados diariamente, o que não diminui a aflição dos prejudicados e seus familiares.
As pessoas são falíveis, inclusive os médicos, muito embora a perfeição seja esperada pelos pacientes e, às vezes, enaltecida por aqueles. Diante da implacável falibilidade humana, resta a possibilidade de modificar-se as condições nas quais as pessoas atuam, de modo a restringir ações que transportem defeitos e possam ocasionar dolorosos incidentes assistenciais.
Ao contrário da opinião pública em geral, a maioria das causas dos incidentes não se origina precisamente nos profissionais, mas no contexto geral em que são realizados os cuidados médico-assistenciais. As causas vão desde a forma como os gestores conduzem os serviços de saúde, passando pelas condições de trabalho dos profissionais, capacidade e demora no atendimento, assim como pela cultura que privilegia o culto da personalidade e institui um gradiente de autoridade que impede a comunicação de falhas ao longo da cadeia dos cuidados prestados. Aliás, há uma excessiva valorização do ato de humilhar e culpar as pessoas que perpetram falhas, na crença de que tal conduta reforça a necessidade de fazer as coisas direito e auxilia na elevação do senso de responsabilidade. Na verdade, essa conduta gera uma atmosfera opressiva e atemorizante que induz os profissionais a omitirem falhas ou se defenderem com vigor quando acontece um incidente.
A razão da existência de um serviço de saúde são os pacientes. A pessoa que carece de cuidados deve ser o centro da preocupação de todos, cabendo aos gestores a produção de um clima de confiança e a garantia das condições essenciais à segurança, tanto dos pacientes quanto dos profissionais. Estes, por sua vez, precisam cultivar, para o bem daqueles e de si próprios, a honestidade de revelar falhas e discutir incidentes.
Na assistência à saúde os riscos são muitos e diversos. A segurança, consequentemente, vai muito além da dedicação e do esforço individual. Numa era em que a informação e o conhecimento não se limitam mais aos médicos, pacientes e familiares precisam assumir uma atitude ativa, perguntando, certificando-se e, principalmente, decidindo se aceitam ou rejeitam as indicações apresentadas, tornando-se, dessa forma, copartícipes dos cuidados recebidos.
Na assistência à saúde os riscos são muitos e diversos. A segurança, consequentemente, vai muito além da dedicação e do esforço individual. Numa era em que a informação e o conhecimento não se limitam mais aos médicos, pacientes e familiares precisam assumir uma atitude ativa, perguntando, certificando-se e, principalmente, decidindo se aceitam ou rejeitam as indicações apresentadas, tornando-se, dessa forma, copartícipes dos cuidados recebidos.
*Médico em Porto Alegre
quinta-feira, 19 de julho de 2012
TRR´s (continuação)
É importante ressaltar que o pensamento multivariado rejeita rótulos de bons e ruins absolutos, e estamos aqui justamente para tirar o melhor dos TRR´s.
Até mesmo pessoas como Rinaldo Bellomo, sempre citado para amparar TRR´s, já estão pensando diferente em relação a tema. Em recente artigo intitulado Clinical deterioration in hospital inpatients: the need for another paradigm shift? MJA 196 (2) · 6 February 2012, Bellomo e colaboradores escrevem:
The MET [medical emergency team] model is reactive, as it requires a patient to deteriorate before it can be activated. We contend that a new paradigm is needed to promote a more proactive approach to recognising deterioration, and to provide a pre-emptive, structured, standardised approach to managing patients who are known to be at risk of deterioration.E então, como sugestão principal, sugerem abordagem prioritário dos pacientes antes da aparição dos warning signs, através de:
- Advance care planning
- Medical comanagement of some surgical patients
Evitar |
Com Michael DeVita, no NEJM, Bellomo escreveu também que:
Potential adverse effects of the implementation of a rapid-response system include additional cost, diversion of resources that could be used to care for critically ill patients, and a decreased sense of responsibility for patients on the part of the hospital-ward team.
Although rapid-response systems are assumed to be models for advancing patient safety, they should always be part of a much wider strategy aimed at making modern hospitals safer.O modelo utilizado por Bellomo e DeVita foi multivariado (certamente eles não são contra TRR´s agora), ou seja, consideraram todas as variáveis que se associam de forma independente com o benefício e o risco. O mais difícil desta abordagem é lidar com a ausência de recomendações finais tipo sim ou não. Conclui-se com vários “se´s“ e “porém´s“. E, para quem só aceita a lógica univariada, soa como ausência de conclusão.
As with most difficult questions in life, the right answers will involve balancing competing demands and paradigms. In the end, the solutions should be based on what works best to improve safety and what feels fair to all of the stakeholders involved, including patients, policy makers, healthcare leaders, and individual clinicians - Bob Wachter 2012
* Agradeço Luis Correia, do Blog MBE, por me ajudar a organizar a apresentação do modelo multivariado através de seus textos.
sábado, 14 de julho de 2012
Times de Resposta Rápida: Requinte, Recurso ou Retrocesso?
No texto em Saúde Web, mencionei o terreno fértil para Pecados Capitais. Aqui exemplifico:
Muitos apregoadores do modelo de TRR não percebem estar se deixando levar por emoções e sentimentos que lembram alguns dos pecados capitais como:
Vaidade - Convivo com alguém que defende fortemente o modelo, estuda muito o assunto, é um dos intensivistas que mais admiro na atualidade. Mas no fundo, no fundo, apesar de todos argumentos técnicos, tenho a sensação que sua convicção maior é de que, estivesse ele próprio no lugar de quem está lá na ponta (ou um exército de combatentes à sua semelhança), estariam fazendo melhor, identificando pacientes mais cedo, salvando vidas... E o pior é que compreendo perfeitamente! Mas não resolve...
sexta-feira, 13 de julho de 2012
sexta-feira, 6 de julho de 2012
sexta-feira, 29 de junho de 2012
quarta-feira, 20 de junho de 2012
Hospitalistas e satisfação do paciente
É sobre isto meu novo post em Saúde Web: http://saudeweb.com.br/blogs/hospitalistas-e-satisfacao-do-paciente/
Referências adicionais aqui:
Referências adicionais aqui:
segunda-feira, 18 de junho de 2012
quinta-feira, 14 de junho de 2012
MH: trará a descontinuidade ou a solução?
Reflexão a ser feita a partir do vídeo...
Sobre descontinuidade e MH:
Medicina Hospitalar e médicos hospitalistas: Semelhanças e diferenças entre Estados Unidos e Brasil
O modelo de Medicina Hospitalar e a ética
Papo muito sério: é preciso melhorar a transição do cuidado entre hospital e atenção primária no Brasil.
Sobre descontinuidade e MH:
Medicina Hospitalar e médicos hospitalistas: Semelhanças e diferenças entre Estados Unidos e Brasil
O modelo de Medicina Hospitalar e a ética
Papo muito sério: é preciso melhorar a transição do cuidado entre hospital e atenção primária no Brasil.
quarta-feira, 13 de junho de 2012
segunda-feira, 4 de junho de 2012
domingo, 3 de junho de 2012
E na dita "política médica", funciona muito diferente?
03 de junho de 2012 | N° 17089
PAULO SANT’ANA
País sem oradores
O certo é a gente filiar-se a um partido político, reunir-se lá, arregimentar-se, escolher um candidato ou candidatar-se e agir politicamente, pois sabe-se que não se pode organizar a sociedade sem política. Mas a impressão que a realidade brasileira está mostrando é que alguém que hoje se filia a um partido político está em busca de uma vantagem pessoal. Eu noto tragicamente que a maioria do povo brasileiro pouco está ligando para a política, para os governos, para a instituições. As pessoas são alienadas da política, da economia, da organização social. Essas pessoas escolheram ser alienadas para serem felizes ou menos infelizes.
É uma desilusão total. Os mais respeitáveis vultos da organização social ou se corrompem, ou se beneficiam de privilégios.
Mas o que eu noto é que o povo alheou-se completamente das instituições. Pouco se lhe dá que fulano ganhe propinas na função pública, que determinadas classes sobrepujem as outras em privilégios e benesses, que as tetas do erário sejam sugadas por bocas ávidas de insaciáveis butins, que os políticos se organizem para se locupletarem pela corrupção.
O homem do povo, pelo que noto ao meu redor, está pouco ligando para isso tudo. E, quando falo em homem do povo, não estou falando só das pessoas incultas. Até os cultos e articulados se mostram tristemente indiferentes a essa esculhambação moral que se instalou no cerne da dissimulada civilização brasileira.
Como acabou o ardor cívico, as pessoas do povo preocupam-se somente em alcançar pelo trabalho ou pelo estudo melhores posições. E que se lixe a política e que prossigam os saques aos tesouros públicos.
Não há hoje no Brasil uma só liderança que empolgue, uma só voz política que apaixone, não há um farol, não há mais nada. É cada um por si na mixórdia instalada. Isso faz desabar o espírito das pessoas conscientes, que se aturdem com o destino que lhes pregou a peça de serem brasileiros.
Estão vindo por aí as eleições, sucedem-se as eleições, mas notem que o povo nem liga para elas e nem quer saber quem serão os candidatos, um quadro trágico de desinteresse, que só pode agravar mais ainda esse cenário desolador.
E dizer-se que houve um tempo neste país em que a maior atração não era o rádio ou o futebol, as maiores atrações eram os oradores políticos e partidários, que incendiavam nos palanques e nos microfones as mentes e os corações dos brasileiros. É tão grave a crise moral, que desapareceram completamente dos quadros políticos os grandes oradores.
Somos um povo sem discurso, portanto sem leme, sem rumo, sem esperança. E isso nem chega a ser um povo.
PAULO SANT’ANA
País sem oradores
O certo é a gente filiar-se a um partido político, reunir-se lá, arregimentar-se, escolher um candidato ou candidatar-se e agir politicamente, pois sabe-se que não se pode organizar a sociedade sem política. Mas a impressão que a realidade brasileira está mostrando é que alguém que hoje se filia a um partido político está em busca de uma vantagem pessoal. Eu noto tragicamente que a maioria do povo brasileiro pouco está ligando para a política, para os governos, para a instituições. As pessoas são alienadas da política, da economia, da organização social. Essas pessoas escolheram ser alienadas para serem felizes ou menos infelizes.
É uma desilusão total. Os mais respeitáveis vultos da organização social ou se corrompem, ou se beneficiam de privilégios.
Mas o que eu noto é que o povo alheou-se completamente das instituições. Pouco se lhe dá que fulano ganhe propinas na função pública, que determinadas classes sobrepujem as outras em privilégios e benesses, que as tetas do erário sejam sugadas por bocas ávidas de insaciáveis butins, que os políticos se organizem para se locupletarem pela corrupção.
O homem do povo, pelo que noto ao meu redor, está pouco ligando para isso tudo. E, quando falo em homem do povo, não estou falando só das pessoas incultas. Até os cultos e articulados se mostram tristemente indiferentes a essa esculhambação moral que se instalou no cerne da dissimulada civilização brasileira.
Como acabou o ardor cívico, as pessoas do povo preocupam-se somente em alcançar pelo trabalho ou pelo estudo melhores posições. E que se lixe a política e que prossigam os saques aos tesouros públicos.
Não há hoje no Brasil uma só liderança que empolgue, uma só voz política que apaixone, não há um farol, não há mais nada. É cada um por si na mixórdia instalada. Isso faz desabar o espírito das pessoas conscientes, que se aturdem com o destino que lhes pregou a peça de serem brasileiros.
Estão vindo por aí as eleições, sucedem-se as eleições, mas notem que o povo nem liga para elas e nem quer saber quem serão os candidatos, um quadro trágico de desinteresse, que só pode agravar mais ainda esse cenário desolador.
E dizer-se que houve um tempo neste país em que a maior atração não era o rádio ou o futebol, as maiores atrações eram os oradores políticos e partidários, que incendiavam nos palanques e nos microfones as mentes e os corações dos brasileiros. É tão grave a crise moral, que desapareceram completamente dos quadros políticos os grandes oradores.
Somos um povo sem discurso, portanto sem leme, sem rumo, sem esperança. E isso nem chega a ser um povo.
quarta-feira, 23 de maio de 2012
Parte do evento de MH pediátrica em vídeo e com a tradução simultânea
O modelo de Medicina Hospitalar e atividade sobre Patient and Family-Centered Rounds
http://bit.ly/Ked5gz
Fonte: AMRIGS
É preciso dar Play e logo em seguida pausar para carregamento. Para evitar interrupções enquanto assiste...
http://bit.ly/Ked5gz
Fonte: AMRIGS
É preciso dar Play e logo em seguida pausar para carregamento. Para evitar interrupções enquanto assiste...
domingo, 20 de maio de 2012
Discussão sobre MH, qualidade assistencial e segurança do paciente no Piauí
Os benefícios da Medicina Hospitalar foram discutidos neste fim de semana durante curso promovido pela Secretaria de Estado da Saúde, no Hospital Getúlio Vargas (HGV). A ideia é trazer o método para o Piauí, que consiste em aperfeiçoar a gestão de leitos e dar segurança ao paciente, através da figura do médico hospitalista e sua equipe. O curso foi coordenado pela médica piauiense Patrícia Mello (foto), que contou ainda com a parceria dos palestrantes gaúchos Guilherme Barcellos e José Miguel Dora. Renomados profissionais da área hospitalar do Piauí também participaram do evento.
Para o Superintendente de Assistência à Saúde da Sesapi, Ernani Maia, a ideia é trazer a especialidade para o maior hospital público do Piauí. "Estamos certos que esta prática é econômica e salva vidas. Neste curso foi plantada uma semente. Como resultado, vislumbra-se lógica assistencial e lógica administrativa operando de forma associada, com foco no paciente e na eficiência dos serviços”, destaca o superintendente da Sesapi.
Carlos Iglezias, diretor do HGV, disse que apoia e luta diariamente por toda e qualquer iniciativa visando melhorias. “Estamos querendo reinventar a forma de se fazer saúde pública no Piauí. Percebemos que em outros estados e em outros países os médicos hospitalistas colaboram através de um modelo respaldado por referências bibliográficas consagradas e evidências específicas, cujos dados apontam para uma expressiva redução de custos com mais eficiência e qualidade”, afirmou.
Patrícia Mello adianta que o Estado sai na frente de outros do Nordeste, pois já pensa em formar equipes de hospitalistas para atuar em alguns hospitais do Piauí. Ela garante que o curso é um marco na medicina local.
Por Adriano Magno, Secretaria de Estado da Saúde do Piauí
----------------------------------------------------------------------------------------
Ficou a convicção de que irão avançar. Porque a Sesapi parece estar decidida a buscar melhorias no modo como prestam cuidados hospitalares e porque a médica Patrícia Mello, líder escolhida pelo Superintendente de Assistência à Saúde, atuou muitos anos nos EUA e demonstrou conhecer tudo sobre MH, o escopo de atuação dos hospitalistas, barreiras e facilitadores.
Para o Superintendente de Assistência à Saúde da Sesapi, Ernani Maia, a ideia é trazer a especialidade para o maior hospital público do Piauí. "Estamos certos que esta prática é econômica e salva vidas. Neste curso foi plantada uma semente. Como resultado, vislumbra-se lógica assistencial e lógica administrativa operando de forma associada, com foco no paciente e na eficiência dos serviços”, destaca o superintendente da Sesapi.
Carlos Iglezias, diretor do HGV, disse que apoia e luta diariamente por toda e qualquer iniciativa visando melhorias. “Estamos querendo reinventar a forma de se fazer saúde pública no Piauí. Percebemos que em outros estados e em outros países os médicos hospitalistas colaboram através de um modelo respaldado por referências bibliográficas consagradas e evidências específicas, cujos dados apontam para uma expressiva redução de custos com mais eficiência e qualidade”, afirmou.
Patrícia Mello adianta que o Estado sai na frente de outros do Nordeste, pois já pensa em formar equipes de hospitalistas para atuar em alguns hospitais do Piauí. Ela garante que o curso é um marco na medicina local.
Por Adriano Magno, Secretaria de Estado da Saúde do Piauí
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Ficou a convicção de que irão avançar. Porque a Sesapi parece estar decidida a buscar melhorias no modo como prestam cuidados hospitalares e porque a médica Patrícia Mello, líder escolhida pelo Superintendente de Assistência à Saúde, atuou muitos anos nos EUA e demonstrou conhecer tudo sobre MH, o escopo de atuação dos hospitalistas, barreiras e facilitadores.
Quero aproveitar para agradecer publicamente ao Miguel Dora pela parceria. Dora não é um hospitalista. Escancara fato de que ainda precisamos hospitalistas com a expertise dele para fazer bombar a MH brasileira.
segunda-feira, 14 de maio de 2012
Conselhos de Saúde ou de Favores? Excelente para refletir sobre conflitos de interesse e sobre o modus operandi de algumas associações médicas...
O pesquisador André Pereira Neto, que tantas vezes assisti em eventos sindicais, destacando-se por qualidade não muito usual neste cenário, publicou agora o livro: CONSELHO DE FAVORES - Controle Social de Saúde, a Voz dos seus Atores.
Um dos pilares do SUS seria o controle social, ou seja, a sociedade controlando o Estado e propondo as prioridades. Infelizmente, entrevistando os representantes dos usuários de saúde eleitos em 3 capitais importantes do Brasil, foi verificado que a verdadeira motivação de muitos deles é a troca de favores com gestores, prefeitos e secretários de saúde. Favores que geram empregos, ou a antecipação de uma cirurgia, furando a fila, para si próprio, ou para um amigo...
Vale a pena ver esta entrevista...
http://globotv.globo.com/globo-news/globo-news-em-pauta/t/todos-os-videos/v/pesquisador-fala-sobre-formacao-e-funcao-dos-sistemas-de-saude/1937120/
Um dos pilares do SUS seria o controle social, ou seja, a sociedade controlando o Estado e propondo as prioridades. Infelizmente, entrevistando os representantes dos usuários de saúde eleitos em 3 capitais importantes do Brasil, foi verificado que a verdadeira motivação de muitos deles é a troca de favores com gestores, prefeitos e secretários de saúde. Favores que geram empregos, ou a antecipação de uma cirurgia, furando a fila, para si próprio, ou para um amigo...
Vale a pena ver esta entrevista...
http://globotv.globo.com/globo-news/globo-news-em-pauta/t/todos-os-videos/v/pesquisador-fala-sobre-formacao-e-funcao-dos-sistemas-de-saude/1937120/
A Medicina Intensiva como especialidade primária!
Excelente o material da AMIB: http://bit.ly/KHMbPb. Faz, sem medo, a defesa de UTI multidisciplinar liderada por intensivistas. Não serve como decreto, de forma que não deixará de existir aquelas UTI’s ultra-abertas onde tratam intensivistas como super-residentes. Mas marca posicionamento que não poderia ser outro, em se tratando de associação de intensivistas, não de gestores ou sei lá do quê. E aponta caminhos. Parabéns a AMIB!
Os hospitalistas ainda teriam a vantagem da coexistência dos dois modelos em um hospital. Inclusive, costuma ser assim: encaminhamento não obrigatório. Usa do programa de MH quem quiser, e para benefício de todos. Quem não for usar, que garanta padrões mínimos e qualidade e eficiência.
Os hospitalistas ainda teriam a vantagem da coexistência dos dois modelos em um hospital. Inclusive, costuma ser assim: encaminhamento não obrigatório. Usa do programa de MH quem quiser, e para benefício de todos. Quem não for usar, que garanta padrões mínimos e qualidade e eficiência.
sexta-feira, 11 de maio de 2012
Médicos e indústria farmacêutica: uma relação complexa e delicada
Divulgo texto que publiquei com Sami El Jundi em Revista Ser Médico:
http://
Agradecemos divulgação e discussão. Aproveitamos para lançar oficialmente nosso novo canal de discussão sobre o tema: Blog Evidence BIASED Medicine.
quinta-feira, 10 de maio de 2012
Fellow in Hospital Medicine
Mais feliz do que por ter recebido a distinção da Society of Hospital Medicine (como primeiro non-US-based physician), fiquei em razão de depoimentos de pessoas especiais que acompanharam minha luta de cerca de 8 anos pela promoção do modelo com hospitalistas no Brasil (vide abaixo). Valeu a pena! Basta só isto para dizer que valeu muito a pena.
SHM's Fellows program is rooted in the Society's Core Competencies in Hospital Medicine, and those who earn the FHM, SFHM, or MHM designations have demonstrated a commitment to hospital medicine, system change, and quality improvement principles.
Aproveito o momento para dividir o resultado com outras pessoas que foram indispensáveis ao longo deste processo: Tiago Daltoé, Roger Pirath Rodrigues (que me acompanham desde os primórdios do movimento, hoje hospitalistas), Sami El Jundi, João Luiz Marin Casagrande, Douglas Dal Más Freitas, Ricardo Parolin Schnekenberg, Lucas Zambon, Kleynér Petró e Renata Freitas - fundamentais para o PASHA2010, sendo que os dois últimos não são da área da saúde, contribuiram na gestão estratégica, financeira e política de negócios do evento, e foram essenciais para o sucesso (financeiro, inclusive, e apesar da não aceitação de qualquer finaciamento da indústria de medicamentos); Fabiana Rolla - pela parceria para o recente evento de Pediatria Hospitalar; Diogo Machado e Gibran Avelino Frandoloso - como símbolos de algo que deveria ocorrer mais: nunca condicionaram estar na vitrine, mas sempre participaram ativamente de tudo e ajudaram demais. Quanto mais trabalham, mais se afastam da esfera política, movimentos que deveriam não ser dicotômicos, como, infelizmente, costuma ocorrer. E por fim: Luciano Bauer Gröhs. Eu e ele discordamos de várias coisas relativas a visões de mundo e não foi diferente com questões relacionadas ao encaminhamento da MH brasileira. Mas sabe como poucos o tom para sugerir e fazer críticas, e foi fundamental para a MH brasileira e para meu crescimento pessoal. É outro que optou por ajudar muito durante o meu período na SOBRAMH, mas sem interesse naquele momento por cargos diretivos. Poderia ter sido o novo presidente, se quisesse. Não deveria estar distante de qualquer discussão acerca do futuro do movimento.
September 15, 2011
Society of Hospital Medicine,
Fellow in Hospital Medicine Committee
Dear Committee Members:
It is with a great pleasure I write this recommendation letter for Guilherme Brauner Barcellos. Doctor Barcellos has worked tirelessly on behalf of hospital medicine and has been an active member of the Society of Hospital Medicine for many years. I have known him for 5 years. I have reviewed his credentials personally. There are no issues with his quality of care, his dedication to hospital medicine, and to the Society of Hospital Medicine. There is no doubt he will advocate on behalf of the field of hospital medicine and make future contributions.
The most impressive thing about Guilherme is his skill in developing hospital medicine in Brazil. He essentially founded the Brazilian Society of Hospital Medicine and has been instrumental in the formation of the Pan American Society of Hospitalists. He has traveled around the United States. He has spent time at Mayo Clinic and other medical centers learning about the American system of hospital medicine. Due to his efforts, hospital medicine has taken an excellent foot-hold in Brazil. He has organized conferences in several of the South American countries, most notably the conferences in Brazil have been done without the support of Pharma.
He is providing high quality of care. There is no doubt that his efforts have promoted a hospital medicine focus in his teaching institution. He understands very well the concept of the interdisciplinary team and advocates on behalf of the learners on his service and his co-works and works very diligently in promoting hospital medicine with the concept of quality, safety, and efficiency for the Brazilian medical system.
In conclusion, I give my absolute highest recommendation to Guilherme Brauner Barcellos as a Fellow in Hospital Medicine. His tireless efforts have made a huge difference in South America and hospital medicine. And he will definitely be an asset to the Society of Hospital Medicine.
Please contact me if you have any questions.
Sincerely,
James S. Newman, M.D., SFHM
Mayo Clinic
September 16, 2011
Society of Hospital Medicine,
Fellow in Hospital Medicine Committee
Dear SHM Fellows Committee:
It is a true pleasure to write this strong letter in support of Dr. Guilherme Brauner Barcellos’s application for the Fellow in Hospital Medicine. I have known Guilherme for the past four years and can think of no one who embodies the character and spirit of Hospital Medicine more.
I originally met Guilherme after I received his invitation to speak at the I Brazilian Congress of Hospital Medicine in Gramado, Brazil. Guilherme was one of the original founders of the Brazilian Society and organizing the conference was a mammoth undertaking, given that hospital medicine in Brazil is still in its infancy. Guilherme ran the conference with a level of skill and experience befitting of a seasoned hospitalist.
Guilherme is extremely intelligent, hard working and knowledgeable about all the facets of hospital medicine. He has made it a point to travel throughout the United States to learn as much as possible about how hospital medicine is practiced here. Guilherme’s ethics and morals are equally of the highest caliber as he eliminated any pharmaceutical sponsorship of his conference. To Guilherme it was critical not to have any perceived conflicts of interest during the meeting. A few years ago, Guilherme also helped form the Pan American Society of Hospital Medicine (PASHA). A have had the pleasure of serving alongside Guilherme as board member of the society and remain amazed at how he is able to take on such a large responsibility and mets the demands of his profession at his local instituition.
In summary, Guilherme Brauner Barcellos is the best that hospital medicine has to offer. He has been a tireless advocate for the practice of hospital medicine not only in his native Brazil but across South America. It is my pleasure to give him my highest level of support for the position of Felllow in Hospital Medicine.
Sincerely,
Neil Winawer, M.D.
Emory University School of Medicine
Editor-in-Chief, Journal Watch Hospital Medicine
January 6, 2012
Society of Hospital Medicine,
Fellow in Hospital Medicine Committee
Dear SHM Fellows Committee,
It is a great pleasure to write to you today to recommend Guilherme Brauner Barcellos for Fellow in Hospital Medicine designation. Guilherme has been one of the two or three most important physicians to promote hospital medicine based outside of the U.S.
Guilherme founded the Hospital Medicine movement in Brazil. He has been to multiple SHM Annual Meetings travelling from Porto Alegre in the Southern Brazil at great expense. He created SOBRAMH, the Brazilian Society for Hospital Medicine some 5 years ago. Furthermore, he has organized two major conferences in Brazil on Hospital Medicine.
Guilherme has been a co-moderator with me for the International Hospitalists Interest Group for a few years now, leading to being a cochairman of the International Hospitalists Section for SHM. He is now one of the first non-US-based reviewers for the Journal of Hospital Medicine.
In summary, it would give me great satisfaction to see Guilherme receive the Fellow in Hospital Medicine designation in 2012. He is clearly deserving for this recognition by our Society.
Sincerely,
Efren Manjarrez, M.D, FHM
Associate Chief Patient Safety and Quality Officer
University of Miami Miller School of Medicine
January 13, 2012
Society of Hospital Medicine,
Fellow in Hospital Medicine Committee
Dear Sirs,
I very enthusiastically would like to endorse Dr. Guilherme Barcellos' application for SHM fellow. I have known Guillherme for the past year. He is truly a visionary and pioneer in the hospital medicine arena. He has been president and founder of the Panamerican Society of Hospital Medicine and the Brazilian Society of Hospital Medicine. He has introduced the discipline of hospital medicine to Brazil and Latin America and as such continues to advance the field tremendously. Guilherme recently organized the first Brazilian Pediatric Hospital Medicine Meeting of which I was fortunate enough to be one of the participants. His contribution to the success of this meeting was essential and he was instrumental in getting pediatricians together to discuss this novel area of practice for Brazilian pediatricians. I know also of Guilherme's work on the influence of the drug industry in medical practice. I believe that the hospital medicine world will end up owing much of its international growth, and certainly the growth in Latin America, to Dr. Barcellos. I strongly endorse and support his candidacy as a Fellow in Hospital Medicine, due to his strong commitment to the field, character and ethics. Please feel free to contact me with any other questions.
Ricardo Quinonez, M.D.
Assistant Professor of Pediatrics
Section of Pediatric Hospital Medicine
Section Director - Research and Quality
Baylor College of Medicine
Texas Children's Hospital
Society of Hospital Medicine,
Fellow in Hospital Medicine Committee
Dear Committee Members:
It is with a great pleasure I write this recommendation letter for Guilherme Brauner Barcellos. Doctor Barcellos has worked tirelessly on behalf of hospital medicine and has been an active member of the Society of Hospital Medicine for many years. I have known him for 5 years. I have reviewed his credentials personally. There are no issues with his quality of care, his dedication to hospital medicine, and to the Society of Hospital Medicine. There is no doubt he will advocate on behalf of the field of hospital medicine and make future contributions.
The most impressive thing about Guilherme is his skill in developing hospital medicine in Brazil. He essentially founded the Brazilian Society of Hospital Medicine and has been instrumental in the formation of the Pan American Society of Hospitalists. He has traveled around the United States. He has spent time at Mayo Clinic and other medical centers learning about the American system of hospital medicine. Due to his efforts, hospital medicine has taken an excellent foot-hold in Brazil. He has organized conferences in several of the South American countries, most notably the conferences in Brazil have been done without the support of Pharma.
He is providing high quality of care. There is no doubt that his efforts have promoted a hospital medicine focus in his teaching institution. He understands very well the concept of the interdisciplinary team and advocates on behalf of the learners on his service and his co-works and works very diligently in promoting hospital medicine with the concept of quality, safety, and efficiency for the Brazilian medical system.
In conclusion, I give my absolute highest recommendation to Guilherme Brauner Barcellos as a Fellow in Hospital Medicine. His tireless efforts have made a huge difference in South America and hospital medicine. And he will definitely be an asset to the Society of Hospital Medicine.
Please contact me if you have any questions.
Sincerely,
James S. Newman, M.D., SFHM
Mayo Clinic
September 16, 2011
Society of Hospital Medicine,
Fellow in Hospital Medicine Committee
Dear SHM Fellows Committee:
It is a true pleasure to write this strong letter in support of Dr. Guilherme Brauner Barcellos’s application for the Fellow in Hospital Medicine. I have known Guilherme for the past four years and can think of no one who embodies the character and spirit of Hospital Medicine more.
I originally met Guilherme after I received his invitation to speak at the I Brazilian Congress of Hospital Medicine in Gramado, Brazil. Guilherme was one of the original founders of the Brazilian Society and organizing the conference was a mammoth undertaking, given that hospital medicine in Brazil is still in its infancy. Guilherme ran the conference with a level of skill and experience befitting of a seasoned hospitalist.
Guilherme is extremely intelligent, hard working and knowledgeable about all the facets of hospital medicine. He has made it a point to travel throughout the United States to learn as much as possible about how hospital medicine is practiced here. Guilherme’s ethics and morals are equally of the highest caliber as he eliminated any pharmaceutical sponsorship of his conference. To Guilherme it was critical not to have any perceived conflicts of interest during the meeting. A few years ago, Guilherme also helped form the Pan American Society of Hospital Medicine (PASHA). A have had the pleasure of serving alongside Guilherme as board member of the society and remain amazed at how he is able to take on such a large responsibility and mets the demands of his profession at his local instituition.
In summary, Guilherme Brauner Barcellos is the best that hospital medicine has to offer. He has been a tireless advocate for the practice of hospital medicine not only in his native Brazil but across South America. It is my pleasure to give him my highest level of support for the position of Felllow in Hospital Medicine.
Sincerely,
Neil Winawer, M.D.
Emory University School of Medicine
Editor-in-Chief, Journal Watch Hospital Medicine
January 6, 2012
Society of Hospital Medicine,
Fellow in Hospital Medicine Committee
Dear SHM Fellows Committee,
It is a great pleasure to write to you today to recommend Guilherme Brauner Barcellos for Fellow in Hospital Medicine designation. Guilherme has been one of the two or three most important physicians to promote hospital medicine based outside of the U.S.
Guilherme founded the Hospital Medicine movement in Brazil. He has been to multiple SHM Annual Meetings travelling from Porto Alegre in the Southern Brazil at great expense. He created SOBRAMH, the Brazilian Society for Hospital Medicine some 5 years ago. Furthermore, he has organized two major conferences in Brazil on Hospital Medicine.
Guilherme has been a co-moderator with me for the International Hospitalists Interest Group for a few years now, leading to being a cochairman of the International Hospitalists Section for SHM. He is now one of the first non-US-based reviewers for the Journal of Hospital Medicine.
In summary, it would give me great satisfaction to see Guilherme receive the Fellow in Hospital Medicine designation in 2012. He is clearly deserving for this recognition by our Society.
Sincerely,
Efren Manjarrez, M.D, FHM
Associate Chief Patient Safety and Quality Officer
University of Miami Miller School of Medicine
January 13, 2012
Society of Hospital Medicine,
Fellow in Hospital Medicine Committee
Dear Sirs,
I very enthusiastically would like to endorse Dr. Guilherme Barcellos' application for SHM fellow. I have known Guillherme for the past year. He is truly a visionary and pioneer in the hospital medicine arena. He has been president and founder of the Panamerican Society of Hospital Medicine and the Brazilian Society of Hospital Medicine. He has introduced the discipline of hospital medicine to Brazil and Latin America and as such continues to advance the field tremendously. Guilherme recently organized the first Brazilian Pediatric Hospital Medicine Meeting of which I was fortunate enough to be one of the participants. His contribution to the success of this meeting was essential and he was instrumental in getting pediatricians together to discuss this novel area of practice for Brazilian pediatricians. I know also of Guilherme's work on the influence of the drug industry in medical practice. I believe that the hospital medicine world will end up owing much of its international growth, and certainly the growth in Latin America, to Dr. Barcellos. I strongly endorse and support his candidacy as a Fellow in Hospital Medicine, due to his strong commitment to the field, character and ethics. Please feel free to contact me with any other questions.
Ricardo Quinonez, M.D.
Assistant Professor of Pediatrics
Section of Pediatric Hospital Medicine
Section Director - Research and Quality
Baylor College of Medicine
Texas Children's Hospital
domingo, 6 de maio de 2012
Hospitalistas no Hospital Marieta
Diogo Machado (na foto à direita) publicou ontem em Saúde Web (vide comentário abaixo do texto principal) que estão iniciando um programa de MH no Hospital Marieta. Esta foto tiramos há poucos anos atrás, quando Diogo ainda era médico residente da instituição. Que baita notícia...
quarta-feira, 2 de maio de 2012
EUA e Brasil: não tão distantes...
Os EUA estão definitivamente mais avançados no movimento, mas como há grupos em diversos níveis lá também e hospitais ainda sem o modelo, podemos observar notícias que muito lembram a etapa em que estamos no Brasil: Bridgton Hospital follows trend by adding hospitalist program (http://bit.ly/KQhZTv).
Da mesma forma, ainda enfrentam muitas de nossas dificuldades: the issue of "prn" coverage by hospitalists for PCPs (http://blog.acphospitalist.org/2012/04/hm-12-dont-let-those-pcps-boss-you.html).