sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

MH no Brasil: o sucesso do movimento depende agora do surgimento de lideranças atuantes entre verdadeiros hospitalistas

Definitivamente já existem hospitalistas no Brasil. Sem adaptações. Tal como idealizados por Wachter e pelo movimento que dei início de forma organizada há cerca de 8 anos. Pois chegou a hora destas pessoas assumirem o protagonismo que lhes cabe...

Organizamos a primeira diretoria da SOBRAMH sem a maioria ser hospitalista (longe disto...). Na atual diretoria, o panorama se repetiu. Atualmente, por circunstâncias, atuo na linha de frente como intensivista (e não como hospitalista), e como médico executivo em departamento de qualidade de importante hospital público, além de prestar assessoramento e consultoria para implantação de equipes de hospitalistas.

É fundamental que hospitalistas de verdade ganhem força. Dos inúmeros colegas norte-americanos que eu já trouxe ao Brasil para promover o modelo, todos usam e utilizam estetoscópios, algo bastante diferente do tipo de hospitalista que vem sendo pensado por gestores brasileiros. É consenso entre as pessoas com quem discuto no grupo da Pan American Society of Hospitalists que estimular lideranças entre médicos hospitalistas (ou se necessário capacitá-los para tal e lançá-los como protagonistas) é fundamental para o movimento, e importante também para quem quer explorá-lo prestando todo tipo possível de assessoramento e consultoria na área, específico ou em atividades afins como qualidade e segurança, ou para quem atuar na área de recursos humanos, contratando profissionais e intermediando relacões entre médicos, hospitais e planos de saúde. Será essencial para todo e qualquer stakeholder deste movimento no Brasil que existam hospitalistas fortes e devidamente representados.

Ao acompanhar de perto, como nenhum outro brasileiro, o movimento orquestrado pela Society of Hospital Medicine, foi isto que nos EUA encontrei: um movimento de médicos que usam e utilizam estetoscópios! Alguns deles mais dedicados a funções como coordenação de departamentos, de comissões, ou liderança de grupos (sendo então escolhidos diretamente pelos seus pares). Gestores puros? Os buscam como parceiros.

Recentemente, conversei com um amigo sobre isto. "Mas não existe vácuo, sabes que promover o movimento assim pode representar a substituição de alguns visionários ou pioneiros por novos integrantes", disse ele. E é justamente isto! Para ser feito de maneira organizada. Mas tenho convicção de que é para o bem de todos. Criamos uma associação com características distintas da maioria das outras associações médicas, onde há uma interface com gestão e business incomum. "Sendo assim, tu poderias perder espaço hoje", retrucou ele. É verdade, assim como poderia ganhar outros. E se mantendo os caminhos livres, bastaria as pessoas decidirem por qual trilhar, podendo mudar de rumo a qualquer momento.

Sempre defendi que algumas duplas militâncias devem ser evitadas, e não será agora que farei diferente. É pouco compatível ser do CRM e sindicalista, bem como sindicalista e diretor de plano de saúde, bem como empregador e representante de profissionais da linha de frente ao mesmo tempo. Ou eu, pelo menos, não saberia ser. Gostamos de acreditar que somos donos absolutos de nossas decisões e que as baseamos inteiramento por princípios internos, o que pouco acontece. Difícil alguém ser capaz de representar por completo os interesses de todos os agentes econômicos envolvidos, bem como a verdade jamais estará com um ou outro representante. É preciso que as partes existam com forte representação, o máximo independente possíveis, e que atuem em conjunto, em busca de relações ganha-ganha. Este é o cenário ideial a ser fortalecido...

Saiam daí, hospitalistas!

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