quarta-feira, 25 de maio de 2011

Negar a influência é praticamente a regra!

Nas freqüentes discussões sobre conflitos de interesse das quais participo, algumas formais, outras simples rodas de conversa, é comum escutar que basta a própria pessoa impor limites e não permitir que influência ou reciprocidade prevaleçam sobre princípios éticos.

Via de regra, médicos e sociedades médicas negam a influência sobre eles próprios. Isto já foi bastante discutido neste Blog. Esta é uma tendência de todo ser humano, seja ele médico, ou...

político!

Em VOX MEDICA, Ano IX / Abril de 2011 / Número 54, há matéria contando que dois candidatos ao Senado e dezoito à Câmara Federal, incluindo cinco deputados gaúchos eleitos, receberam doações de R$ 50 mil a R$ 150 mil para suas campanhas, oriundas dos laboratórios farmacêuticos. As verbas somam R$ 1,8 milhão. O SIMERS conversou com alguns parlamentares do RS:

- Darcísio Perondi recebeu o equivalente a 15,1% se sua arrecadação e o ex-secretário estadual da Saúde, Osmar Terra recebeu o equivalente a 22,2%;

- Na conta de Manuela D'Ávila, as gigantes do setor depositaram R$ 100 mil. A comunista refuta o sentimento de reciprocidade pelo apoio financeiro. "Nossa atuação no Parlamento é pública e pode ser acompanhada pela Internet", comenta.

- O democrata Onyx Lorenzoni foi o mais específico ao falar de sua interação com a indústria farmacêutica. "Tenho posição liberal clássica, na defesa do direito de propriedade das patentes e obediência aos contratos".

Gostei muito da maneira de responder de Lorenzoni. Muitos dos interesses das farmacêuticas são legítimos, a posição dele também e clara. Isto é mais do que simples declaração de existência de conflito de interesse. Ilustra como um pequeno passo adiante da transparência já pode significar muito. Não há nada de errado em defender o direito de propriedade das patentes e obediência aos contratos das farmacêuticas. E um ajuda o outro nesta tarefa.

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