segunda-feira, 25 de abril de 2011

O modelo norte-americano (original) é justamente um modelo híbrido!

"Existem dois modelos de atuação das equipes de médicos hospitalistas.

Segundo o modelo original, a equipe de hospitalistas assume integralmente a responsabilidade da assistência médica ao paciente internado, coordenando todos os processos clínicos e administrativos envolvidos no atendimento (visitas médicas, prescrição, programação terapêutica, definição da alta hospitalar, etc.).

Entretanto, o modelo no Brasil é o modelo “híbrido” (ou “misto”), conforme o qual a equipe de hospitalistas não assume o cuidado direto do paciente (cuja responsabilidade permanece sendo do médico assistente tradicional), mas opera como equipe de apoio (“staff”), oferecendo suporte clínico-administrativo ao corpo clínico do hospital durante as 24 horas do dia; assumindo a função de Time de Resposta Rápida da instituição; atendendo intercorrências clínicas maiores e menores; realizando transcrições de prescrição médica; solicitando exames; relatórios para convênios; atestados ou declarações para pacientes e acompanhantes.

Seja qual for o modelo adotado, a equipe atua permanentemente, em esquema de plantão, garantindo cobertura às 24 horas do dia, todos os dias do ano."
Definição do modelo no Brasil por Instituto de Medicina Hospitalar

Em nenhum hospital que conheci nos EUA substituíram completamente o velho pelo novo, desprezando tudo o que até então se conhecia e a importância do corpo clínico tradicional nos hospitais. Tradicional e novo convivem, e devem conviver. O novo e o velho devem continuar existindo e buscando pontos de entrelaçamento para o bem dos pacientes: não seria louco de defender médicos com formação em Clínica Médica somente assumindo sozinhos pacientes complexos que invariavelmente irão precisar de condutas ou procedimentos super-especializados. Não devemos estimular esta polarização, pois repito: ela não existe. É assim lá fora: híbrido, misto! Deve ser assim aqui... Mas o bom gestor deve fazer isto acontecer de maneira saudável.

De acordo com a Society of Hospital Medicine (SHM), 85% dos grupos de hospitalistas fazem também co-manejo de pacientes clínicos ou cirúrgicos (leia-se híbrido, misto). É verdade também que não constumam atuar como simples apoio em casos de problemas clínicos do tipo "todo generalista deveria saber" e onde já existe um outro clínico atuando como coordenador. Isto é o que eles chamam sem nenhum pudor de “scut work”. O apelido dado ao hospitalista que se submete a isto é “admitologist”, “glorified resident” ou outros ainda mais pejorativos.

E nunca é demais lembrar: A adesão a programas de MH costuma ser voluntária! Onde não se deu assim, há vários exemplos de programas que não deram certo.

Mas atenção, gestores! Precisamos de vocês para tentar perseguir os resultados do modelo original (híbrido): Comanagement requires clearly defined roles, collaborative professional relationships, and some sense of equal standing with the surgeons or other specialists who call on hospitalists to care for their hospitalized patients’ medical needs - SHM.

“What really seems to distinguish comanagement from traditional medical consultations is that it implies equality in the relationship, even though the surgeon is often the attending of record,” as is practiced at Brigham and Women’s, Dr. McKean says.

“From my view, the biggest risk of comanagement is the inequality in relationships. If there is a perception that the partnership is unequal - favoring the surgeons or other specialists - and if you feel like the junior partner in the relationship, it can be disheartening,” Dr. Cheng Hugo (director, comanagement with neurosurgery service, University of California at San Francisco Medical Center) says. “If the patient is not that sick, or if you feel you don’t have much to add professionally, it might feel like doing grunt work.”

Há um termo usado lá que não é pejorativo: Nocturnist. É o hospitalista que trabalha em plantões noturnos. O Nocturnist cobre os pacientes do programa de MH durante o turno da noite, mas muito comumente cobre também pacientes de médicos que internam no mesmo hospital pelo modelo tradicional. Complementa a atividade do hospitalista e serve de bico para alguns médicos tradicionais. Trata-se de um destes pontos de entrelaçamento que citei acima.

The Comanagement Conundrum - Careful negotiation, clear agreement essential to hospitalists in shared-service situations - From: The Hospitalist, April 2011

Um comentário:

  1. O uso inadequado da expressão "MH" para descrever modelos que nada tem a ver com a proposta verdadeira tem atrapalhado a minha tentativa de implantação da equipe em Caxias do Sul. Aqui há muitos colegas entendendo que o hospitalista vem a ser o "prescritor e fazedor de baixas". Penso então: modelo híbrido, sim. Deturpações do modelo acho que devem ser fortemente combatidas, atrapalham e favorecem o famoso sub-emprego. Tiago Daltoé

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